sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A REFORMA AGRARIA



Temia que esta maneira algo tacanha e até provocadora que a classe dominante em Portugal revela para sairmos da crise nos levasse ao que se chama “implosão social”, o mesmo é dizer, “ porrada a torto e a direito”.

Mas sem quase se dar por isso as pessoas estão a ganhar consciência do logro em que caímos e de onde temos que nos afastar.
Há pequenos sinais de que seremos capazes de expurgar a classe mentecapta que embrutece sentidos e sensibilidades. Nesta Europa neo – liberal talvez consigamos ser pioneiros ou pelo menos inovadores.
O desemprego aumenta. A miséria e a fome também. Os alimentos estão caros e quem os comercializa quer ganhar como a lei da concorrência e do dinheiro impõe. As pescas foram abandonadas. As terras também. Há espaço nacional que merece a atenção de quem quer viver sem molestar, roubar ou apedrejar.
Acabo de ver na TV que em Cabeceira de Bastos foi criado um Banco de Terras. Terras que estão disponíveis para quem queira trabalha – las e delas tirar proventos. Já há leis locais e regulamentos para a sua prática. Ora isto, é uma nova Reforma Agrária: A Terra a quem a trabalha.
Aquilo que tanto assustou a social democracia e a direita nacional, nasce afinal com o acordo de toda a gente, seja qual for a sua posição politica. Foi a consciência a prevalecer sobre a alienação fabricada por uma comunicação comprometida, co -responsável pelo estado actual.
Mas será essa comunicação a ter que mostrar como “o dinheiro põe e o homem dispõe..
Estejamos atentos.
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domingo, 7 de novembro de 2010

ESTOU A FICAR MARICAS


Devo estar a rebentar pelas costuras. Choro por tudo e por nada.
Chorei, há dias, ao ver o filme Hachiko: A Dog's Story. Conta a história de um cão, de temperamento rebelde, que se apaixona pelo seu dono ao ponto de, após este ter morrido, manter o hábito, como antes fazia, de até ao seu último dia o aguardar, pontualmente, junto á estação do comboio.
Chorei agora mesmo ao ver no You tube – Talent, uma exibição de, uma família inglesa, de 13 jovens ginastas – acrobatas, que dos 12 aos 22 anos, mostraram como trabalham individualmente e em equipa. Uma precisão e rigor que tornam tudo belo, e aparentemente fácil. Nós sabemos que não é mais que o resultado de muito trabalho e o desejo de construir uma obra, um espectáculo afinal.
Esta minha mariquice que se agrava com a idade, envergonha – me por um lado (os homens não choram) mas diz – me por outro que não estou apático, nem deixo a vida passar indelével por mim.
Penso que só assim devo viver.
É que, ao mesmo tempo, bate – me forte o coração e enrijecem – me os nervos de raiva, cada vez que tropeço na a crescente estupidez humana, na falta de respeito pelos que sofrem e na vaidade e alheamento da classe dominante.
Acabo de ler no jornal de domingo que a classe média em Portugal está a chegar à sopa dos pobres.
Não estou a ficar com uma depressão.
Estou mais consciente e aberto ao que a vida quiser de mim…
Para amar, gritar ou pôr uma bomba.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A GRANDE MENTIRA

Armas silenciosas para guerras tranquilas - estratégias de programação da sociedade


O pensador americano Noam Chomsky, pessoa mal vista pelos midia de quase todo o mundo, é compreensivelmente, um dos que mais faz pensar e com isso, acordar multidões que se vão apercebendo como se estão a transformar em urbanoides desprovidos de vontade e de liberdade.
O NOSSO PORTUGAL pequeno e periférico, é um campo onde também as técnicas subtis dos meios políticos e económicos estão a produzir o resultado que uma minoria hábil pretende.
Assistimos à grande mentira, ao logro da sociedade dita moderna mas como se vê, assente em pântanos onde as ideias saudáveis não emergem.
Vale a pena meditarmos e discutirmos a questão.






1- A estratégia da diversão
Elemento primordial do controlo social, a estratégia da diversão consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e da mutações decididas pelas elites políticas e económicas, graças a um dilúvio contínuo de distracções e informações insignificantes.
"Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por assuntos sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar, voltado para a manjedoura com os outros animais".
2- Criar problemas, depois oferecer soluções
Este método também é denominado "problema-reacção-solução". Primeiro cria-se um problema, uma "situação" destinada a suscitar uma certa reacção do público, a fim de que seja ele próprio a exigir as medidas que se deseja fazê-lo aceitar. Exemplo: deixar desenvolver-se a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público passe a reivindicar leis securitárias em detrimento da liberdade. Ou ainda: criar uma crise económica para fazer como um mal necessário o recuo dos direitos sociais e desmantelamento dos serviços públicos.
3- A estratégia do esbatimento
Para fazer aceitar uma medida inaceitável, basta aplicá-la progressivamente, de forma gradual, ao longo de 10 anos. Desemprego maciço, precariedade, flexibilidade, deslocalizações, salários que já não asseguram um rendimento decente, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se houvessem sido aplicadas brutalmente.
4- A estratégia do diferimento
Outro modo de fazer aceitar uma decisão impopular é apresentá-la como "dolorosa mas necessária", obtendo o acordo do público no presente para uma aplicação no futuro. É sempre mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro porque a dor não será sofrida de repente. Segundo, porque o público tem sempre a tendência de esperar ingenuamente que "tudo irá melhor amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Finalmente, porque isto dá tempo ao público para se habituar à ideia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegar o momento.
5- Dirigir-se ao público como se fossem crianças pequenas
A maior parte das publicidades destinadas ao grande público utilizam um discurso, argumentos, personagens e um tom particularmente infantilizadores, muitas vezes próximos do debilitante, como se o espectador fosse uma criança pequena ou um débil mental. Quanto mais se procura enganar o espectador, mais se adopta um tom infantilizante.
"Se se dirige a uma pessoa como ela tivesse 12 anos de idade, então, devido à sugestibilidade, ela terá, com uma certa probabilidade, uma resposta ou uma reacção tão destituída de sentido crítico como aquela de uma pessoa de 12 anos".
6- Apelar antes ao emocional do que à reflexão
Apelar ao emocional é uma técnica clássica para fazer curto-circuito à análise racional e, portanto, ao sentido crítico dos indivíduos. Além disso, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para ali implantar ideias, desejos, medos, pulsões ou comportamentos...
7- Manter o público na ignorância e no disparate
Actuar de modo a que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controle e a sua escravidão.
"A qualidade da educação dada às classes inferiores deve ser da espécie mais pobre, de tal modo que o fosso da ignorância que isola as classes inferiores das classes superiores seja e permaneça incompreensível pelas classes inferiores".
8- Encorajar o público a comprazer-se na mediocridade
Encorajar o público a considerar bom o facto de ser idiota, vulgar e inculto...
9- Substituir a revolta pela culpabilidade
Fazer crer ao indivíduo que ele é o único responsável pela sua infelicidade, devido à insuficiência da sua inteligência, das suas capacidades ou dos seus esforços. Assim, ao invés de se revoltar contra o sistema económico, o indivíduo desvaloriza-se e culpabiliza-se, criando um estado depressivo que tem como um dos efeitos a inibição da acção. E sem acção, não há revolução!...
10- Conhecer os indivíduos melhor do que eles se conhecem a si próprios
No decurso dos últimos 50 anos, os progressos fulgurantes da ciência cavaram um fosso crescente entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados pelas elites dirigentes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" chegou a um conhecimento avançado do ser humano, tanto física como psicologicamente. O sistema chegou a conhecer melhor o indivíduo médio do que este se conhece a si próprio, permitindo deter um maior controlo e um maior poder sobre os indivíduos

domingo, 31 de outubro de 2010

A NOSSA LIBERDADE





Continuo a ler o livro proposto.
Durante os dias de ontem e hoje li vários jornais diários, ouvi rádio e vi Tv. Nem uma única vez vi ou ouvi referência alguma ao OS DONOS DE PORTUGAL:
Raramente vejo, mas hoje até aguardei a vinda de Marcelo e as suas escolhas literárias. Cá em casa apostamos sobre se ele iria ou não falar do livro.
Ganhei. Marcelo como sempre evitou o lhe é incomodo. Incomodo, a ele e ao seu grupo que tão habilmente maneja os trocadilhos com que vai fabricando o voto do ouvinte incauto.
É uma vergonha esta subserviência ao transformar um líder politico, personalidade altamente comprometida com o estado do nosso País, num fazedor de opinião, como se fosse independente.
Sem opososição lá vai vendendo a banha da cobra.
Seia caricatural até, se não fora trágico para um País algemado pela cruel falta de liberdade.

sábado, 30 de outubro de 2010

OS DONOS DE PORTUGAL




Vi ontem na Sic Not.,uma entrevista a Louça, sobre o livro OS DONOS DE PORTUGAL. Esclarecedora entrevista feita por Mário Crespo a que o líder bloquista respondeu com o rigor conhecido.
Comprei hoje mesmo o livro na FNAC e comecei a le – lo.
A obra, mostra como o nosso País é dominado por meia dúzia de famílias e estas, senhoras da Economia e das Finanças, são os patrões dos políticos e depois mostra a corrupção moral e material que advêm desta ligação doentia.
Esta é o suficiente, para o País estar no que está, ser o mais pobre da Europa e com a maior desigualdade entre pobres e ricos.
Assim, custa a ser português, digo eu, sobretudo se não embarcamos nos folclores conhecidos e onde procuram afogar – nos todos.
Devo esclarecer que esta matéria não me era virgem. O esquema de exploração de nosso povo é do conhecimento de muito boa gente, mas agora, ganha forma em papel e passa a ser resultado da análise fundamentada de investigadores honestos que sabem da matéria e se encorajam ao ponto de afrontar o maior cancro de Portugal.
Mas deixo – vos um desafio para reflexão:
1º - Esta entrevista é uma manifestação de liberdade.
Não. Foi transmitida apenas, até agora, que eu saiba e de forma meteórica, na SIC NOT, canal da TV CABO, portanto com reduzidíssima audiência. A relevância é quase nula.
2º - A venda do Livro é um desafio aos ali observados.
Poderá ser, mas estes sabem bem como calar os observadores.
Fui logo ao Continente onde o Livro não estava à venda… nem nas novidades. Vertemos se Belmiro aceita o seu retrato nas suas livrarias.
3º - O Prof. Marcelo na sua mais que promovida página na TVI vai citar o Livro?
Se o fizer em que termos o fará? Técnicas de camuflagem não lhe faltam.
4º - Pela importância e oportunidade da obra, veremos em que Liberdade vivemos.
É com estas análises que mediremos o poder de quem nos faz escravos e subordinados inconscientes.
Estejamos atentos às próximas horas.
Caro amigo, se souber quem divulga este livro comunique – nos, para que haja aqui um louvor e um agradecimento em nome de um Povo que vive propositadamente às escuras.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

MEU POVO SOLIDÁRIO

Entrei na grande superfície com o cabo HDMI na mão. Ia troca – lo porque tinha um evidente defeito e não servia para a função; fazer a ligação do TV ao vídeo.
No serviço Pós – venda, que não trocavam, nem devolviam os 38 euros que havia custado, porque já o adquirira há mais de 6 meses. Mas é um claro defeito de fabrico, respondi com ar de pedinte, a mostrar as barbas metálicas a sair do lugar como uma deficiência congénita. Que não. 6 Meses e nem mais um minuto!!!!.
Voltei desanimado, à esplanada ali ao lado, onde desabafei em voz alta com um amigo.
Noutra mesa um senhor, com ar de pessoa apressada, pousou o jornal a Bola, levantou a cabeça e atrevido, quase me chamou “artolas”. "Que fazer? Homem, quer ver? É um instantinho. Dê cá o cabo. Espere um instante."
Ainda estava na bica e já ele regressava, com um novo cabo em folha. Ora tome. E devolveu – me uma caixa com o reluzente e almejado artigo, para se pôr a andar como o Ronaldo depois de um grande golo.
Atónito, a segurar o novo cabo, corri para que me explicasse como convenceu a Pós – venda.
“Olhe lá meu amigo, para espertos, espertos e meio. Fui à prateleira dos cabos, procurei um igual. Fui á Caixa e paguei.
Vim cá fora tirei – o da caixa e substitui – o pelo estragado. Depois passei pela Pós – venda e fui devolver o cabo porque não estava em condições. Mostrei o recibo. Devolveram – me o dinheiro e pronto, aqui tem o que é seu.” E foi – se, sem eu sequer lhe dar a minha opinião, ou agradecer, numa saída gloriosa, como o feiticeiro de Óz ou um Robin dos Bosques, ou um desses grandes nomes que todos conhecemos de ver a sorrir para as câmaras.
“Onde é que eu andei estes anos todos? Sim?” perguntava – me enquanto me certificava de que a polícia não me perseguia. Se alguém me perguntar quem era o meu comparsa, diria simplesmente:
É um homem português, do povo, usa camisa e jeans, tem aí uns 50 anos e lê a Bola.

sábado, 16 de outubro de 2010

NO DIA SEGUINTE


Passei mal a noite. Um médico amigo disse – me pelo telefone que nada havia a fazer e que as dores são mais fortes que as de um parto. Aguentei até poder.

Ao meio – dia lá estava eu outra vez nas URGÊNCIAS.
Porquê tanta gente? Segredou – me uma enfermeira; não vê que é 6ª feira? Muitos filhos deixam – nos aqui porque é fim de semana.
Ao que vinha? Que não fora suficiente o tratamento disse eu.
Fui logo, logo, depois de visto por outro médico castelhano, encaminhado num sinuoso itinerário por entre as mesmas e outras macas e utentes uns delirantes outros não, até à sala onde se estabilizam os enfermos. A velhinha mãe de gémeos, que antes chorava, num drama comovente, agora cantava canções desconhecidas.
Tentei dizer – lhe qualquer coisa, mas desisti porque a dor não deixou e já me apontavam novas agulhas e acenavam com o copinho enquanto uma enfermeira me queria na Eco.
Deram – me uma injecção para as dores e segui para a Eco um pouco aliviado. Aí o especialista espanhol, entrava e saia de meia em meia hora sem me dar ordem de entrada.
Entretanto ouvi uma velhota que ali aguardava uns exames; que tinha tudo. Mostrou – me as pernas. Tinha sido operada aos joelhos e que tinha um Toyota com 12 anos e 30 mil quilómetros à porta de casa. Não pode guiar mas ninguém lhe dá o que ele vale. Comprara – o porque trabalhava na Toyota e ao lançarem o modelo fizeram preço especial ao pessoal.
Pouco depois, foi despedida e agora com ele à porta de casa foram colocar ali cobrança de estacionamento. Que havia de fazer à sua vida? Com 300 euros de reforma ainda teve que trocar de pneus que estalaram com o sol. O único filho morrera há 4 anos. Era pescador e mesmo à entrada da barra de Faro o barquito virara – se. Morreram quatro. Salvou – se um de 22 anos seu sobrinho que nunca mais quis ir ao mar. Ela confessa que também nunca mais viu o mar. Era difícil não o ver mas não lhe perdoava.
Passou o doutor espanhol mais uma vez. Seria desta?
Vim a saber que ele não era a tempo inteiro. Era contratado e fazia ganchos. Quem mo explicou era uma senhora que não se calava e dizia ter uma úlcera gástrica de origem nervosa.
Que a vida não estava fácil, que ninguém a ouvia, que tinha um lugar na praça de Faro e todos os sábados monta a sua venda na Feirinha de Olhão. Vende figos secos, frutos secos e azeitonas. Proibiu – me de comer azeitonas e receitou – me chá parte pedra e chá de barbas de milho.
Estava nesta quando irrompe um homem mal encarado que pára a seu lado e lhe grita “ intão ulcera!. O que tu tens é ulcera na língua!. Sofres é da língua!. Vamos já à minha frente” e ela sem parar lá me dizia a despedir - se; vê , vê a culpa é dele… ninguém me ouve….
Acabei por ter outra crise. Voltei à enfermaria. Estava a mudar de cor, disseram a enfermeira graduada e o auxiliar. A correr, o médico espetou – me um opiácido que me entreteve até me endireitar e ir enfim, à Eco, onde já tinham prendido o especialista que em dois minutos me esfregou a barriga e descobriu, com alegria, uma pedra de 10 milímetros que já não estava no Rim mas à entrada da uretra. Com esta novidade vim até ao médico que desta vez me esperava.
Assim e com uma bomba em SOS, vim para casa, perdão para o barco onde depois de passar pela farmácia me enterrei numa almofada e acordei, pelas 5 da manhã, à espera que o matacão saia de qualquer maneira.
Gastei ao todo 10 euros. Bem haja o Serviço Nacional de Saúde que alguns ilustres políticos querem exterminar.

NAS URGÊNCIAS


Uma dor intensa na caixa torácica, levou – me, aos ais, esta madrugada, ao Hospital de Faro.
Às 6 da manhã o hospital estava tranquilo, excepto alguns 50 velhos deitados, entubados, a espernearem sobre as macas das urgências. Uma avozinha, um farrapito humano gritava numa vóz aguda que nunca maltratara ninguém que tinha dois filhos gémeos um dos quais perdera uma perna no mar. A velhinha é da Fuzeta e não se calava exigindo um tratamento digno e respeitoso. Outra, esta mais nova, discutia com outra de outra maca que não lhe ligava nenhuma. Chamava – lhe nomes e provocava, mas a outra, estava mais para lá do que para cá.
Velhos pescadores com problemas de coração, próstata, pulmões e espessas angustias nos olhares.
A antecâmara da morgue, pensei.
Fui atendido por uma médica espanhola. Cara de sono a lembrar uma tortilha. Se não for uma coisa mais grave, é uma cólica renal. Foi o primeiro palpite. Análises, raio x e espera na sala 1.
Pouco depois estava a ser espetado, a urinar para o copinho e a ser encaminhado para o raio. Vieram as respostas. A espanhola saíra de turno e agora um jovem espanhol espalhava encanto junto do pessoal e enfermos. Não parava no mini - gabinete .
Despedi – me de alguns velhotes que lamentei e enfermeiros que admirei calado. Senti que ali apesar das condições más o pessoal da enfermagem, todos jovens, esmeravam – se em cuidados, atenções e até ternura.
Uma velhinha que não dava por nada, era penteada com um desvelo comovedor por duas enfermeiras. Uma segurava – a e a outra alinhava -lhe os cabelos brancos de neve, como se fora sua mãe ou avó. Um enfermeiro tipo atleta, ao mesmo tempo que lhe ia falando, dava uma papa à boca de um homem que outrora terá sido um forte e destemido pescador.
Notei como os enfermeiros e outro pessoal que saia de turno observava o estado de cada um. Minuciosos, atentos, tranquilos, conscientes da importância da vida e do sofrimento dos outros, transferiam para os outros, com seriedade, as situações individuais.
Eram 14 horas, tirei os meus resultados da mesa do doutor e pedi – lhe opinião. Achou estranha e atrevida a minha decisão, mas não teve outra solução; era cólica de rim. Isso sentia eu. Passou receita e ala que se faz tarde.
Cheio de fome, enjoado pela doença , fui junto á pequena Marina de Faro para comer qualquer coisa antes de tomar os comprimidos.
Estava um sol amigo. Tirei o blusão e só, quando veio a torrada, verifiquei, ante o olhar assustado do empregado de mesa, que mantinha no braço direito uma agulha espetada e no esquerdo uma outra com torneirinha e tudo. Fui ao WC e arranquei – as. Expliquei ao empregado que estava cheio de pressa para tomar comprimidos.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

A PORTA


OLHÃO
Ria Formosa – entre Armona e Culatra
Já tinha desistido de vir aqui, a esta porta, a este Porto de Abrigo na net. Tenho a sensação de que já ninguém se importa com o que escrevo ou muito menos se escrevo ou não. É natural; são as leis da qualidade ou a da concorrência.
Mas encontrar uma porta fechada sem tentar abrir, sem bater pelo menos, é calarmos o que temos a dizer e passarmos a passeantes sem rumo nem função.
Mas a verdade é que no fundo, no fundo, escrevo para mim próprio, como num acto de contrição. Bato no peito e digo 3 vezes seguidas; por mea culpa.
Os canários também cantam muitas vezes na maior solidão, tal como as cigarras ou os besouros que parecem um black & decker a trabalhar fora de horas. Sabemos que estes fazem - no para chamar as fêmeas, o que não é propriamente o meu caso. Ou será?
O homem, a bem dizer, não faz nada, nem mesmo asneiras, sem que no seu sub – consciente esteja uma mulher a segredar - lhe. Lá dizia Poirot “Quando há um crime – recherche la femme”. Quando não há uma mulher no horizonte, somos como bicicleta sem pedais. Não vamos a lado nenhum. Apetece perguntar “E os que não apreciam as mulheres?”. Bom esses lá têm a sua “trotinette”, responde o macho latino, para quem a vida não anda fácil.
Mas não nos fuja a língua para outra conversa. A verdade é que cá estamos e dispostos a voltar a viver neste espaço etéreo, último mas radiosos refugio para desamparados e desprotegidos.

sábado, 19 de junho de 2010

E NÓS MERECEMOS SARAMAGO?

Quando hoje vejo quase a uníssono, chorarem o velho escritor, é justo perguntar:
e nós merecemos Saramago?

Ficam - nos as palavras sentidas e sofridas por ele e por nós. "Foi a morte que criou Deus"Disse. Hoje, ele terá tido pessoalmente a confirmação.

Morreu ontem José Saramago.
Já sabia que um dia teria que ser, mas tive a sensação como se tivesse interrompido quando mais interessava, um filme lindo de se ver.
Personagem estranha na história portuguesa.
Quando ele começou a ser notado, na vida pública, estava eu na RTP. Grande parte dos meus colegas, jornalistas, talvez a maioria, falava dele com raiva e azedume. “Que era comunista, cruel, impiedoso, traidor para os colegas, que no PREC correra com muitos do Diário de Notícias, para onde fora nomeado director, ou coisa assim, que era inflexível aos dos outros partidos etc. “.
Claro que dei sempre de barato aquele tipo de queixas sabendo do género de manobras de que esses meus colegas eram capazes e, que até foram, mesmo na RTP. Quero dizer: o comportamento deles não era abonatório para eu levar a sério tais opiniões.
Cruzamo – nos duas ou três vezes no Jornal do Marques de Pombal e no Lumiar, mas eu não me sentia com estatura nem argumentos para o abordar.
Caiu – me nas mãos o Memorial do Convento. Andei embrenhado com a Blimunda e o Baltazar Sete Sois e percorri com pormenor o convento durante uns tempos que foram de delícia e surpresa, logo seguido do Evanjelho Seg., Caim, da Jangada e por aí fora, apesar de nunca lhe ter perdoado a ausência de pontuação, coisa que para mim era aviltante a nossa gramática que me impuseram sempre. Perdoei – lhe tal falta ao segundo ou terceiro livro. Perdoa – se tudo o que é feito com amor e qualidade.
Passei a ser leitor. Depois aferroei – me ao que dizia. Consequente, altivo, desafiador, sem contemplações batia à direita e à esquerda até.
Um monte de verdades que uns transmitiam porque era o Nobel e outros ouviam porque o “velho” escritor tinha razão e era o único, com ironia e desplante a criticar os políticos nacionais e internacionais, a literatura, as religiões os descaminhos do mundo. Em tudo tinha uma palavra clara e reveladora. Recordo a sua inesquecível locução na entrega do Nobel. O Mundo ouviu o que não gostava.
Bebíamos – lhe as palavras que lançava sem ódios, mas com reflexões profundas, enquanto muita gente abanava a cabeça; uns para os lados, outros para baixo e para cima. Mas nenhuma ficaria no seu lugar.
por nós.
Vimo – lo envelhecer sempre igual, ao lado da sua Pilar.
Lindo aquele amor e dedicação. Bem o mereceu.
Aliás, mereceram um e outro.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

30 ANOS DEPOIS



Hoje (17/06/10) tive o inesperado prazer de me encontrar com Helena Sacadura Cabral.
Ambos havíamos sido convidados a escolher e comentar as Revelações do Ano, no programa da manhã da SIC.
Claro que a conhecia, há décadas, mas pensava, que nunca lhe falara pessoalmente. É daquelas pessoas que se conhecem mesmo não conhecendo. Ela recordou – me que a entrevistara há mais de 30 anos, incluída num grupo, no decorrer de um programa meu na RTP.
Nutria uma discreta admiração por esta mulher sorridente, determinada, disposta a lutar, defender convicções, tomar posições e sobretudo incansável nas suas crónicas, livros e originalidades de vária ordem. Juntando a tudo isto o facto, sem preço, de ser mãe de dois homens com actividades políticas que eu diria inconciliáveis, mas , paralelas. É ela a enternecida e justamente orgulhosa mãe de Paulo e Miguel Portas.
Nos antípodas um do outro, no que respeita a ideologia e causas, marcham na vida, de mãos dadas, como sua mãe sempre o desejou.
Miguel está, como sabemos, gravemente doente e o irmão tem sido incansável no apoio que lhe tem prestado, tanto na Bélgica, como em Portugal. Toda a família segue ansiosa a convalescença. Muitos, portugueses anónimos, como o autor destas linhas, também.
É a família que os une, numa união cimentada pelo amor de uma mãe que faz disso a coroa de glória da sua vida.
Como gostei de falar com esta mulher que se preciso for, ri e chora, apaixonadamente. Algures, no seu livro ”Coisas que sei… ou julgo saber”, ela diz que não é uma mulher feliz, mas é uma felizarda. Como a entendo nessa contabilidade difícil e muitas vezes instável, onde o deve e o haver se saldam pelo cumprimento de um simples dever.
Ouvi – a, ouvi – a, como se há 30 anos aguardasse essa conversa.
E ela escutou – me. Tinha que me ouvir. Claro que ouve.
Não a perco mais.
Deixou – me, para já, o seu blogue - Fio de Prumo,: hsacabral.blogspot.com

terça-feira, 18 de maio de 2010

OBRIGADO AMIGO


Olhão
Vai amanha a enterrar o Saldanha Sanches.
Era um homem do tipo raro, raríssimo, dos que me fazem sentir pequeno. Poucos da actualidade me fazem vergar a cabeça por respeito, ou admiração.
Eu, ainda novo, já ouvia falar dele, que era da mesma idade. No liceu, na Faculdade, nas esquinas, nos muros, nos jornais clandestinos, nos boatos, na intriga politica. Ele aí estava. Ou, dele se falava com um misto de admiração a roçar o medo, porque muita gente tem medo da verdade.
Entrevistei centenas de personalidades, anónimas, vips, outras, mas nunca nos falamos. Apesar disto parece – me que nos conhecíamos. E se calhar conheciamo – nos mesmo, já nunca estamos sós e são irmãos os que pensam da mesma forma.
Caminhou a meu lado sem nos conhecermos. Eu sabia que ele zelava por nós e eu longe, zelava por ele, na esperança (que palavra estúpida) que ele continuasse a defender – nos até ao esclarecimento final. Egoísmo tradicional dos comodistas.
Há anjos da guarda. Ele era um deles.
Tenho um filho que tirou Direito, na Clássica. Talvez por influências do seu ADN, ( já o avô era fiscalista) vá – se lá saber, enveredou pela fiscalidade. E numa bela noite, regressado de uma pós graduação, quando apetece falar porque a conversa está em atraso e a vida ensina - nos, falou – me de alguém que tinha conhecido e para além de um reduzidíssimo elenco professoral, começara a admirar. Era, Saldanha Sanches.
Senti que nos tínhamos encontrado. Pai, filho e alguém mais. Que não fora em vão. Meu filho encontrara um marco importante na sua, nas nossas vidas.
E agora? O professor foi – se. E quem o substitui? Quem fala como ele. Quem raciocina, quem merece o respeito que ele merecia? Quem? Quem?
A vida não pode ser assim. A Natureza sabe renovar – se e eu acredito que por morrer este, nascerão, terão de nascer dezenas, centenas de outros como ele. Só assim veremos o Sol um dia.

MORMOS DE ATUM


Olhão –

As fugas para esta “aldeia” quase no norte de África são o regresso às origens ou a procura de uma paz difícil na grande urbe, ou até o apelo de Maomé, que Deus tenha em paz, como repetiria Rodrigo dos Santos na Fúria Divina.
Aqui as surpresas acontecem suaves, como elas devem ser e sem se anunciarem.
O meu amigo Sérgio que vive próximo do Aries, no Arca de Noé, barco de pesca com quase 100 anos, maravilhosamente adaptado a iate, com agradáveis condições de conforto, com 2 frigoríficos, micro ondas, maquinas de café, TVs da proa à popa e luzes e som de discoteca. É um experimentado marinheiro e sobretudo, admirável anfitrião e impar guia turístico, apaixonado por esta região.
Hoje, bem cedo, acordei com uma paisagem soberba a entrar-me pelo camarote e pela alma dentro. Maré vazia, a correr para o Atlântico, o areal a nascer com a vegetação da ria e uma enormidade de aves e peixes a mostrarem a riqueza de vida deste, ainda, paraíso. Das aves, as únicas que reconheço são as garças e as gaivotas. As outras e são várias, passam incógnitas, mas graciosas numa azafama sem horário. Mesmo á beira do Aries uma família de pequenas aves que se fossem pretas, me pareceriam andorinhas mas não são, ensinam os pequenas a pescar. Os voos picados são quase todos precisos e produtivos. A pequenina bem tenta mas desequilibra – se. Apercebo – me contudo que faz progressos de manhã para manhã.
Pouco depois o Sérgio, por sinais, da sua Arca de Noé, desafiava – me para uma almoço fora de portas.
Aceitei. Primeiro, para fazer horas, fomos a Espanha a medir a crise que parece ali mais discreta, e depois, reentramos por Vila Real de Santo António. O cicerone, já a tinha fisgada: um petisco ; “mormos de atum”. Paramos junto ao Mercado. Do lado poente um restaurante, ou café, ou bar, ou, não sei. Dá pelo nome de Balsa. Uns velhos locais a petiscarem ou não, mas suas algaraviadas. Sobre as mesas vagas, cansados, um Correio da Manhã e uma Bola e depois, nós.
Recebidos pelo sr Manuel que parecia que já sabia ao que vinhamos, logo trouxe um Vidigueira tinto e uns aperitivos que antecipam os tais Mormos. Não se sabe se é assim que se escreve. Etimologia difícil o que para os algarvios é fácil. Mas sabemos que são partes da cabeça do atum que depois de preparadas e acompanhadas constitui um pitéu que jaz vel ali do tempo dos muçulmanos. Agradável surpresa. Um prato regional que a D. Barbara cozinheira e mulher do Sr Manuel, no final explicou, como quem descreve uma Ópera. Para nós foi dia de estreia.
Tecemos loas ao atum e à cozinheira e já a marcar novo regresso fomos numa esplêndida quase auto - estrada, a ziguezaguear pela bordadura do Guadiana, até Castro Marim e depois Alcoutim, onde, uma dúzia de iates estrangeiros, repousava entre velejamentos e estacionamentos porque de coisas lindas e raras eles sabem mais de nós que nós deles. A localidade vizinha de S. Lucar, a duas braçadas, merece visita cuidada. Por todo o lado velhos pescadores e homens do campo à espera não se sabe do quê. O seu tempo passou, afinal como o nosso…
Ainda viemos a tempo de ver as habilidades de uma garça elegante e atrevida que se balouçava sobre um cabo à espera de peixe incauto. Quando entramos no Aries, no balanço, mais uma nota positiva para o cicerone, e para a novidade de um petisco delicioso, com muita cebola frita q.b. e um país ainda por descobrir pelos portugueses.
Em Resumo
“Mormos de atum”
VilaReal de S. António junto ao Mercado a Balsa
Sr António e D. Barbara
Vinho – Vidigueira tinto.
Nota . preço à altura da crise
PS . Em conversa com o Dr Glória director do IPTM, vim a saber que as tais “andorinhas” são mesmo “andorinhas do mar”. E recomendou – me uma visita à Reserva Natural de Olhão, para que eu não volte a mostrar esta ignorância crassa.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

A DIVINA COMEDIA


O Papa vem aí. O que é que vem cá fazer? Tratar de assuntos urgentes? Abençoar o Sócrates? Tapar buracos? Distrair a gente?
Não é que não precisemos de variedades para disfarçar a angústia, mas Ratzinguer, até nem é muito divertido.
Os católicos apostólicos romanos, têm a visita do seu líder; o representante de Deus na terra que virá reforçar os seus laços com a vida eterna que é coisa nunca provada.
A verdade é que as religiões, apregoando a Paz, sem excepção, são simplesmente um antídoto à solução das injustiças, dos erros da sociedade que as sustentam. Curiosamente as guerras mais ferozes que a Humanidade conheceu foram entre religiões, a começar pelas Cruzadas até aos dias actuais onde Hitler perseguiu judeus, Bush muçulmanos e estes perseguem toda a gente que não aceite a sua maneira literal de interpretar as suas leis.
O Clero, sempre esteve ligado ao poder. Por isso a Igreja tornou – se num outro poder. Tem tudo, até Bancos e negócios, nem sempre claros.
Fátima é um exemplo do que afirmamos, só aproximado ao também escandaloso esquema da Igreja Universal, mas esta já perseguida pela justiça de vários países, inclusive do Brasil onde ela surgiu.
Criado artificialmente em Fátima, um milagre para estimular a aversão ao comunismo, a Igreja lavrou em camadas populacionais vitimas da pobreza e da falta de esperança.
Estava encontrado o antídoto para matar a ideia comunista em populações incultas, desgraçadas e dóceis. Graças ao oportuno milagre o comunismo andou sempre longe, até que no 25 de Abril ele voltou rejuvenescido, mas logo a Igreja voltou a transformar os púlpitos em bancada politica e a tê – lo como o seu maior inimigo. Em paga recebeu liberdade e apoios para a sua Rádio Renascença que passou a cobrir todo País e um Canal de TV. Ainda a procissão ia no adro e já o Patriarcado vendia a TVI que depois foi sendo objecto de mais e mais negócios nem sempre claros.
Gostava de falar com o Papa, mas só a ideia de ter que lhe beijar a mão me desencoraja.
Por outro lado e a terminar:
a sua vinda hoje, a este Portugal ainda medieval, trouxe algo positivo; o início de um outro milagre.
Foi a primeira vez que ouvi gente de todo o lado e níveis sociais, perguntar publicamente porquê esta vinda, estes gastos, esta parafernália e sobretudo porque é que um estado laico dá lhe dá a sua benção?
Começamos a entender esta Divina Comédia.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O TIMPANO NACIONAL


Seria uma experiência de pouca duração.
Comecei o Pedeleke apenas para quebrar a solidão. Para desabafar. Depois aguardei e, nada.
Habituado a milhões de olhares e muitas criticas, a resposta chegou em forma de zero, ou pouco mais.
O que custa na vida é receber a única resposta no espelho, a única mensagem vir do eco.
Quando pousava a enxada, a palavra de dois ou três amigos, (será para isso que os amigos servem?) veio acordar – me da apatia a que me entregava já.
Então vamos, ou melhor; voltemos que a vida mede – se por anos e por minutos também.
Agora a questão põe – se: que dizer, que os meus amigos e não apenas amigos, não saibam, não digam, ou em última análise, pelo contrário, até nem quererão ouvir?
Arrisco e opto pelo que ouço e digo e mais preocupa de momento.
Estou preocupado e chateado com o meu país.
Parece surreal, anacrónica esta evolução caótica para onde caminhamos, rompendo todos os princípios económicos, morais e culturais.
Os princípios, as regras estão viciados. Os “bons”, permanecem num silêncio de mau prenúncio.
Parece que parte da população rumina uma resposta à verborreia que fere o tímpano nacional. Essa resposta que tarda não pode ser politicamente correcta. Terá que ser o Basta!!! Que cada qual sente dentro de si.
É mais que evidente que, não tarda, virá um Verão quente. Dos mais quentes das ultimas décadas e não só na meteorologia do clima se anuncia, mas também na do político e social.
Nada vai ficar como dantes por mais que uns quantos se esforcem por dizer que sim. Os dados estão lançados e as regras vão passar a ser outras.


terça-feira, 13 de abril de 2010


HONRA E INGENUIDADE


VIRA –SE O FEITICO CONTRA O FEITICEIRO

Eis –nos num momento decisivo para os próximos anos. Não que determinantes, mas que imporão um tipo de vivência social que pode ir da consciencialização à “porrada que ferve”.
Passo a explicar, mas antes lembro que a “malta” parece mas não é parva; anda é distraída com a comunicação que lhe servem. Mas, felizmente há net para chatear os donos da palavra em Portugal como Balsemão que ainda, há pouco, na AR desdenhou da net, considerando – a um “lixo”.
O PS, que não é bem socialista, como sabemos. Quis ser democrata e defender as “liberdades” e o pluralismo, a dada altura, nos anos 80. Depois de se servir, honra lhe seja feita, deixou entrar em todo o lado, gente de outros partidos da comunicação; Rádios, Tvs, jornais etc, gente sem a mínima preparação em muitos casos, mas endereçada pela sede dos partidos. Era um ver se te avias. O PS teve tanto de honra, como de ingenuidade.
Os PCs eram logo catalogados, até porque dão muito nas vistas e os outros PSDs e CDSs,, mais discretamente, focam aquecendo as cadeiras, entre ajudando – se com o apoio dos seus lobbys bem conhecidos, a troco de pequenos serviços.
Quando, com o voto público, Cavaco se afiambrou e o Menezes e o Sarmento tomaram conta das espingardas, procederam segundo os mais perfeitos esquemas do assalto ao poder.
A privatização em primeiro lugar, com Moniz na RTP, como estrela agitadora e com belos lucros posteriores. Balsemão, a Igreja, os familiares de Cavaco e uns quantos outros foram enchendo os bolsos se não logo de dinheiro pelo menos de poderes na comunicação que é uma boa maneira de ter poder ou dinheiro.
Nos órgãos estatais toca a afastar quem tem princípios e defende princípios, depois toca a aliciar os profissionais que ficam e poderiam ser incómodos, dando – lhes algumas regalias como subir de nível, isenções, etc (dignidade tem preço). Jornalista passa a chefe de redacção mas não chefia, chefe de departamento passa a sub director ou director, mas não dirige, e os novos lugares são ocupados por gente que ligada aos grupos económicos, passa a mandar nas empresas de comunicação estatais.
Ora bem. Aos poucos o PS que dominou tudo, vê – se cercado e dominado por jornalistas engajados que lhe fizeram a cama. Já havíamos visto como os casos da TVI e outros, eram sobretudo, manobras para desacreditar o Poder. O PS não fez nada que os outros partidos não tivessem feito, só que chegou a altura do ajuste. Agora, veremos que afinal estávamos em banho Maria.

Com a eleição de Passos Coelho as coisas vieram à tona.
O novo líder PSD tem o mérito de se mostrar como é. Não é amorfo como os anteriores. Obriga o PS a definir – se e a mostrar a sua verdadeira face.
Curioso é ver, por exemplo, que o nosso pseudo - PS quer privatizar tudo o que dá lucro neste País e coisa inaudita; Passos Coelho diz que não, que tem que ser com calma. É óbvio que o PSD não quer é que seja o PS a fazer o negócio que muito interessa aos social democratas, melhor, aos seus patrocinadores.
Ou o PS acorda, ou vamos todos trabalhar para os patrões dos Monizes, Balsemões, Prisas, Oliveirinhas e outros desta seita que já se esqueceu que foram os pobres que há um ano lhes pagaram o que perderam com a sua ganância assassina e incontida.


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sexta-feira, 9 de abril de 2010

PALAVRÕES



Faltam vinte minutos para almoçar. Depois, vou a Lisboa para umas locuções. Mas não resisto; venho aqui para escrever. É um impulso, é a resposta a um vício que me acompanha ao longo da vida e afinal, não me levou a lado nenhum. Talvez esta dependência, até me tenha prejudicado.
Durante décadas, verti em palavras o que me ia na alma. Por isso, a vida passou a ter, em paralelo, um lado virtual, uma sombra feita por palavras cujos significados são dúbios. São o soletrar de sentimentos e estes o fruto de emoções descuidadas.
Fugiram – me das mãos como areia, as realidades.
Fui um contemplador, um voyeur. Nem sequer fui um crítico, um analista, talvez por cobardia ou falta de conhecimento. Dou sempre ao criticado o direito de ser ouvido e então ofereço – lhe a razão, perdoo – o porque o homem, o Homem, está claramente mal acabado, imperfeito.
Esta maneira piegas, católica, de resolver os assuntos não é mais que a fórmula errada de corrigir as imperfeições da sociedade.
Apetece – me agora, dizer palavrões. Mas, afinal palavrões são palavras mal educadas e nem com elas diria o que sinto.

domingo, 28 de março de 2010

OS ORGASMOS DE CLARA


Nunca imaginara que os orgasmos da Clara fossem assim.

Ao ver, na semana passada, em Cascais, no Centro Cultural, a exposição dos seus orgasmos, em fotografia, fiquei sem ponta de raciocínio. Não precisava de mais nada. Desaparecera por encanto, o mistério de 20 anos.
Freud entenderia isto melhor que eu. Limito – me a verificar.
A Clara Pinto Correia, actriz, escritora, bióloga, investigadora, mulher bonita, de olhos escuros e sorriso sensual, teve tudo, tudo o que imaginara para uma mulher de excepção. Até agora.
Vi - a há dias, de manhã, de olho negro, nas Bombas da Repsol, na Aldeia de Juso, depois da exposição onde o seu, agora, também ex – marido, expôs a tal colecção dos seus orgasmos.
Basta ver um orgasmo de uma mulher, para um homem se interessar ou não por ela. Se ele é o responsável pelo dito acto fisiológico, tudo bem. Se apenas é um humilde espectador, tudo mal.
Recordo que Clara foi um dia atacada severamente por, segundo más – línguas, ter copiado “copy past” de textos que incluía, sem dar cavaco, nos seus trabalhos de investigadora científica. Tal, não me preocupou minimamente, pois estou como um amigo que diz que quando se copia de uma só pessoa é plágio, mas quando se copia de várias é investigação.
No decorrer da exposição vinha – me à imaginação a sessão fotográfica. ? O ex – marido, fotógrafo Pedro Palma, dir – lhe – ia de máquina em punho: “Vá, querida, preciso de mais dois orgasmos” e ela; pimba.
Ou ele, dava uma ajuda e então: “Espera aí, só um segundo, que tenho que ir buscar a máquina”? Ela pairava no ar o tempo necessário, para depois “orgasmar”, com toda a manifestação a preceito, isto é; contracções musculares dos músculos pélvicos, espasmos, vocalizações e até obrigatoriamente, redução temporária da função do córtex cerebral. Se assim não tivesse sido não seria o orgasmo da Clara investigadora, nem da escritora, mas poderia ser simplesmente da actriz.
São conjecturas razoáveis e justas para quem durante décadas fora seu profundo e incondicional admirador.
Chato, chato é, não saber.

quinta-feira, 25 de março de 2010

JÁ SE FAZ TARDE


Sem conjecturas filosóficas, teologias, politicas, ou sociológicas, no meu analfabetismo científico, não me é difícil reconhecer, quanto estamos errados na nossa condição humana.
Falo da minha, mas não na dos outros, por modéstia ou medo da arrogância com que geralmente investimos em conjecturas similares.
Contradizemos as leis feitas pelo homem em nome de Deuses, que já se provaram erradas e anacrónicas, e pela Natureza, em nome da vida.
Em ambos os casos revelamos a mais completa falta de sentido, de sentimento humanitário e da humildade a que estamos irrevogavelmente condenados a ter, a não ser que acreditemos que somos o que temos e não aquilo de que precisamos, quando a morte nos iguala.
Apesar da altura a que chegamos em tantas das matérias, que dignificam a missão do homem na terra, outras há que o tornam desprezível e até lamentavelmente medíocre. É por isso, o homem catalogado na classe dos predadores que, nem reconhecem os da sua espécie. Pior ainda, mantêm os seus iguais, como o principal inimigo.
O homem é capaz de desenvolver a técnica cirúrgica ajudando multidões a serem menos infelizes. Pois é.
Mas ao mesmo tempo, continua abstrusamente, a lançar milhões e milhões de outros seres humanos para a mais profunda desgraça e miséria.
Os tribunais internacionais não são capazes de punir os políticos que mantêm guerras devastadoras, nem lideres corruptos que escravizam populações, porque quem os cria, o faz à sua medida e não à da dos outros que ignora.
A incapacidade das populações gerirem os seus destinos torna – as, instrumentos manipulados por ideias, slogans e promessas ilusórias de felicidade, ou uma aceitação inevitável de infelicidade.
Apesar de tudo isto resta a esperança que algo aconteça para que se torne inadiável a justiça que falta em todas as latitudes e momentos.
Esse algo poderá nada ter a ver com a vinda de um redentor, de uma profecia de Nostradamus, nem de mais algumas piruetas de mensageiros do além.
Quem é que duvida de que já se faz tarde?

A PUTA DA VIDA

A chatice que é envelhecer surge sem uma pessoa dar por isso.
É só uma questão de tempo

Convém portanto, estar atento aos sintomas.

Uma bela manhã ao acordar, no espaço entre a cama e o quarto de banho, nota que a ligeireza, foi – se.
Depois, ao olhar o espelho terá a confirmação. Finge não acreditar, encolhe a barriga e promete fazer ginástica.
Os mais novos, começam a tratar – nos por “tio”, quase, sem darmos por isso. Tio o caraças, pensamos nós, mas da fama não nos livramos.
Os filhos começam a ter opinião.

As mulheres que nos interessam já não nos olham da mesma maneira. Aquele olhar meloso e cheio de promessas, passou a ser um olhar parado, como quem olha para a indicação de um autocarro que não vai, nem para Chelas, nem para o Bairro alto.
A Marilyne Monroe vem - nos à memória. Transformamo – nos em pedintes.
As conversas com os amigos vão desembocar todas no mesmo; a posologia.
Em novos : “Então aquilo ontem à noite foi bom? - Ah nem queiras saber. Fui com uma francesa….”
Depois, uns anos mais tarde : “Então ontem à noite? - Um cozido a portuguesa que nem queiras saber e um vinho tinto…”
Agora “ Então ontem à noite? – Ontem à noite? Qual ontem à noite? Hoje de manhã é que foi bom. Foi cá uma cagada que não te digo nada…”

Mas o meu leitor deve estar atento sobretudo aos acessórios.
Sim, às pequenas coisas que até aqui não valiam nada:
Já não ter braço para esticar a lista telefónica, para ver um número.
Precisar de uma calçadeira . "Até dão geito"
Notar que os Invernos estão mais frios. “E se comprasse umas ceroulas?”
No Verão começar a pensar em Ar condicionado.
A música nas discotecas está exageradamente alta.
O som da TV em casa está exageradamente, baixo.
O telecomando passou a ser mais importante que o telemóvel e que o micro ondas.
Apanhar, um, dois, cinco cêntimos do chão? Nem pensar. O trabalhão!!!… Só a partir dos 10 cêntimos e depende dos dias.
Os sonhos eróticos rareiam.
As erecções começam a parecer um desperdício. Não dá para usar logo, nem sequer para mostrar aos amigos.
Mas, assustador é quando vai renovar o BI e vem lá “vitalício”. É que não quer dizer que vamos viver para sempre, mas sim, apenas, por mais algum tempo.

quarta-feira, 24 de março de 2010

autor clara mente desconhecido


POEMA da 'MENTE'...


Há um Primeiro-Ministro que mente,
Mente de corpo e alma, completa/mente.
E mente de modo tão pungente
Que a gente acha que ele, mente sincera/mente, Mas que mente, sobretudo, impune/mente...
Indecente/mente.
E mente tão habitual/mente,
Que acha que, história afora, enquanto mente, Nos vai enganar eterna/mente...

quinta-feira, 18 de março de 2010

quarta-feira, 17 de março de 2010

ATÉ QUE ENFIM

Decididamente permanecer em Olhão não satisfaz quem sonhou com uns tempos de descanso a balouçar - se na Ria Formosa. Onde estão o sol meigo e a brisa amena?
O filho da mãe do tempo continua a desanimar - nos.

Volto para casa. Cascais está mais perto do coração do País, por isso a hipertensão começa a segredar - me que os tempos não vão ser tranquilos.
E como se não fosse só ele, as maretas políticas provocam o enjoo que não tenho no mar ou na Ria.
À tona, vejo que 2 fenómenos a formarem -se como as nuvens e o encaracolar das ondas quando anunciam tempestades.
Um tem a ver com a consciência que o cidadão constroi ( até que enfim) de que tragicamente vive numa sociedade onde uns quantos, munidos da comunicação, da policia e do governo de que se apoderaram, apoiados pelos negócios milhionários nacionais e estrangeiros, em estrategias politicamente conhecidas e já ensaiadas noutros locais. A população, espartilhada, vive entre mentiras e interesses próximos do roubo e assalto que uma Justiça pré fabricada e controlada, não castiga. ( vejam - se os escandalos da Engil, da Brisa, das muitas autarquias, dos Hospitais e Universidades privadas, dos subsídios milionários, dos dinheiros que demos aos Bancos que somam e seguem, quando há cidadãos a morrer à fome e ainda... as privatizações anunciadas).
A não haver mão que trave os abusos da classe politica estaremos brevemente, como a Grécia, e a ferro e fogo, ou talvez pior porque o ódio cresce como a areia no Guincho.
O outro lado, é o encanto positivo de nos apercebermos de tudo isto. (até que enfim ) A população apercebe - se finalmente que está a ser enganada por um bando de politicos desonestos que se mistura com os poucos, que haverá ainda, honestos.
Os interesses dos hábeis administradores da PT, da EDP, dos empresários Belmiros, Américos e outros, não são, nem podem ser os dos que vivem do apoio do Estado ou da Pensão de Reforma. Estamos a com surpresa e amargura, a aprender, a entender o que se passa. Quando se ganha consciência, nasce uma restea de sol.
Esperemos que ela venha para ficar.

quinta-feira, 11 de março de 2010

OLHÃO fim de tarde


É a bordo do Aries que vou iniciar a minha aventura.
Com os cabos a amarrarem - me a terra, entre ventos e tempestades, como os bons portugueses criticos e cautelosos, porei o pescoço de fora para maldizer a minha terra, a minha gente e a hora em que nasci. Ou talvez não....

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

xpto


aaaavou a prenderaa


terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

o pedeleke

É assim:
Porque me retiraram todas as hipoteses de poder escrever, falar ou até respirar, nas tvs, rádios e jornais, resolvi criar um blog.
Aqui estou com ele.
Escolher o nome é que foi complicado. Nenhum estava disponivel. Nem em latim.
Até que, me lembrei do nome de um tio que terei tido em Olhão que no inicio do século passado. Era dono de um cinema e que por ser coxo chamavam o "pé de leque". Coisas só de algarvios...crueis e engraçados.
Vai daí, em homenagem, à minha linhagem optei por esta alcunha que se ajusta ao espirito do meu espirito; a coxear, a atirar para o lado, meio dramático e meio gozão.
Assim, a partir de hoje espero vir aqui debitar e meditar sobre a nossa grande metragem.
O projeccionista terá que ser marreco... claro.