domingo, 7 de novembro de 2010

ESTOU A FICAR MARICAS


Devo estar a rebentar pelas costuras. Choro por tudo e por nada.
Chorei, há dias, ao ver o filme Hachiko: A Dog's Story. Conta a história de um cão, de temperamento rebelde, que se apaixona pelo seu dono ao ponto de, após este ter morrido, manter o hábito, como antes fazia, de até ao seu último dia o aguardar, pontualmente, junto á estação do comboio.
Chorei agora mesmo ao ver no You tube – Talent, uma exibição de, uma família inglesa, de 13 jovens ginastas – acrobatas, que dos 12 aos 22 anos, mostraram como trabalham individualmente e em equipa. Uma precisão e rigor que tornam tudo belo, e aparentemente fácil. Nós sabemos que não é mais que o resultado de muito trabalho e o desejo de construir uma obra, um espectáculo afinal.
Esta minha mariquice que se agrava com a idade, envergonha – me por um lado (os homens não choram) mas diz – me por outro que não estou apático, nem deixo a vida passar indelével por mim.
Penso que só assim devo viver.
É que, ao mesmo tempo, bate – me forte o coração e enrijecem – me os nervos de raiva, cada vez que tropeço na a crescente estupidez humana, na falta de respeito pelos que sofrem e na vaidade e alheamento da classe dominante.
Acabo de ler no jornal de domingo que a classe média em Portugal está a chegar à sopa dos pobres.
Não estou a ficar com uma depressão.
Estou mais consciente e aberto ao que a vida quiser de mim…
Para amar, gritar ou pôr uma bomba.

1 comentário:

  1. Meu caro amigo, tem toda a razão. Mas o pior ainda está para vir, e quem sofrerá mais, são as novas gerações. Como sabe, não são apenas os ordenados que já não conseguem fazer face ao custo de vida, mas o empregos que, além de poucos, já não duram para toda a vida. O pior é que a idade das reformas, por este andar, qualquer dia, só quando se estiver com os pés na cova, que as irão conceder. Por enquanto, ainda a procissão vai no adro... Mas devia ser ao contrário: por um lado, para dar emprego aos mais novos, por outro, porque, se se procura emprego ao quarenta ou cinquenta, já é demasiado tarde: já se é velho demais.Olhe, amigo, começou bem o seu texto, porque, no meio disto tudo, o melhor ainda é nem pensarmos já nestas coisas: comovermos-nos com a história do cão, o cão animal e não mundo cão, porque, tal é o rumo que o mundo leva, que já não há bomba que ponha isto na linha.

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