quarta-feira, 8 de abril de 2020

O FIM 20200407

O FIM 20200407


As forças estão a faltar.

O não fazer, ou melhor o não poder fazer mais, trava no espírito a vontade de que todos sejamos felizes; isto porque com a peste vejo todos por igual.
O que para o Ferrari porque não pode andar de carro e o que vai a pé porque nunca teve carro, olham – se agora de igual, ante o drama de milhões de pessoas que descobrem com surpresa novos sentimentos, emoções e desejos.
Os jornalistas filiados, os sacerdotes de religiões paradas no espaço nos céus e nos tempos, os governantes e os lideres partidários vêm – se despidos; reconhecem que os slogans caíram em desuso e as frases feitas caíram, perdem a razão quando esta, ditada por uma força superior e desumana, na alma de cada um faz nascer uma derradeira esperança.
Mas estamos cansados; dominados pelas quarentenas, pela repetição exaustiva, pelo vazio na alma quanto ao futuro.
Vou tentar respirar fundo sem ser no ventilador.

segunda-feira, 6 de abril de 2020

O FIM 20200406



Mais um dia de chuva e de dúvidas.
Não deu para ir para o pinhal ver as flores minhas amigas sem ninguém as ter plantado, que sem sol se recusam a abrir.
Se alguma coisa aprendi já com a quarentena foi que estava rodeado de flores e não as conhecia. Como só posso andar em espaço próprio tenho passeado quase todos os dias até ao riacho que nos separa da Charneca e redescubro os locais onde, em criança, vinha ao fim de semana com o meu pai e minha mãe e ainda uma empregada “semear” pinheiros. Esses sim vi- -os depois crescer durante décadas.  Admirava – os e protegi – os até que os incêndios de verão nos obrigaram, com uma dor de alma, a decepar muitos deles. Ainda ficaram umas centenas que me conhecem,
Mas as flores lindas meigas e bem cuidadas que me escolheram são para mim uma homenagem à Natureza que o Homem na procura incessante do lucro, tem transformado num pântano onde ele próprio se está a afundar. Pedi – lhes desculpa e elas sorriram para a foto.
Ajoelhei junto a elas, cariciei-as e nem uma colhi.
Se puder amanhã voltarei.

domingo, 5 de abril de 2020

O FIM 202020405

202020405



A minha alma está parva. Como é possível? ;Johnson ( GB)infetado e em casa, Trump (US -líder mundial) diz agora que todos se devem resguardar, mas ele não, (não se sente bem a tapar o nariz e a boca), Bolsonaro (BR) tem no seu Ministro da Justiça, Bretas,  mais um adepto contra as medidas – Covid-19, pois declaram que vão fazer jejum, apoiados pela igreja Evangelista  contra as medidas globais contra a Pandemia. "Farei parte desta Corrente. E que o nome do Senhor seja glorificado!", dizem. 

Entretanto continuam a morrer a torto e a direito cidadãos de todo o mundo cujo único pecado plausível, foi acreditar antes, nestes miseráveis,  arrogantes, irresponsáveis lideres. Enquanto isto morrem aos milhares e outros ainda  (médicos, enfermeiros, pessoal da saúde)  arriscam  a vida e muitos morrem também a ajudar com carinho, respeito e até amor, os outros, á porta da morte.

É domingo, estou no meu 27º dia de quarentena, primeiro (duas semanas voluntárias, depois obrigatória) , estou no meu quarto. Lá fora chove e está frio ;  “Em Abril águas mil” mas nunca (“Em Abril lágrimas mil”) .
 Perdão... até depois,... vou ver se me encontro.  


sexta-feira, 3 de abril de 2020

O FIM 20200404



Acabei de acordar ou talvez ainda não.
Estou feito num molho de brócolos. Não sei se já morri ou vou morrer. Se estão a gozar comigo ou estou tramado e vou desta para melhor. Fiz quarentena voluntária desde há  20 dias. Só saio para dar um passeio no pinhal (que é meu) mas é de toda a gente e ainda bem. Levo o meu cão Ben  e o meu gato Chilly que não me largam felizes. De outro modo não descobria este amor animal superior ao humano. Os filhos proibiram - me de sair de casa para não morrer (ai os idosos |||) Falam - me a pelo menos 3 metros  e os netos que amo voaram a fugir.
Não tenho tido coragem para escrever uma linha. Vejo TV  - admiro o esforço mas raciocinar  não consigo. O PR e 1º Minist. estão bem. Desempenham o seu papel. E nós cá vamos. Os Trump e os Johnson caíram na esparrela e agora o mundo segurando as cuecas risse deles. o Papa coitadinho já não acredita em milagres e os lideres das outras religiões se acreditam em algo é porque estão como eu há um quarto de hora a atrás.  A culpa é dos chineses comunistas malandros, não é os capitalistas liberais que querem dominar o mundo de uma vez por todas.
Estou farto. Está sol lá fora a que o meu filho Ricardo chama vitamina C, mas tenho é saudades da Madalena, da Sandra, da Tereza, e da Katarina (é Moldava com um lindo sorriso) empregadas do Grill- Terrace junto à marginal do Tejo no desaguar do Atlantico a começar e do comboio a atracar em Cascais, onde há anos ia todos os dias pela manha beber o meu "abatanado" quente e cheio, assim como eu.
É disto que tenho já saudades. Que se lixe a Cronovirus. Desiludido já dei o que tinha a dar.

quinta-feira, 12 de março de 2020

Perdi o telemóvel 

Perdi o telemóvel !!!!!!!!


Era o meu amigo, telefone, I Phone, secretario, fotografo, fiscal, Pod cast, rádio, pc, arquivo e até confidente.

Durante uma viagem devo te - lo deixado cair e nunca mais o vi. Só me apercebi centenas de quilómetros depois, mas era tarde para voltar a encosta – lo ao peito. O reencontro foi impossível, mas o drama surgiu no dia a seguir.
O silencio e o vazio aumentavam a cada minuto. Rezei, mas não fui ouvido.

Havia combinado um importante e inadiável encontro de trabalho no Shopping. Só quando ali cheguei é que reparei que não sabia onde. Onde? As pessoas acotovelavam- se e eu não sabia para onde ir. O telefone seria a solução. Senti – me abandonado e inútil. Controlei – me. Pedi a um conhecido que me deixasse telefonar. Mas, mas para onde? Para que número? Só para Punta Cana, onde o elemento de ligação se encontrava, mas em que número? Queria avisar os que colaboram comigo, avisar a família e os amigos e mais, mas como? À beira de um ataque de nervo. Alguém me sugeriu que fosse à minha Cloud. Na nuvem ficara tudo... tudo... mas...
...Como entrar? A palavra chave, essa, estava no I Phone e para a recuperar só pelo telefone-
Senti – me atordoado, abandonado, inútil, sem passado nem futuro. Preciso de um chipe.
Como seria viver assim no passado, sem ele? Impossível hoje.
Se alguém souber....
Já sei; ponho um Chip e quando a Eutanásia vier é só desligar.



9 COISAS QUE VÃO DESAPARECER



Acabo de receber um mail onde um meu amigo dizendo-se assustado pela realidade elenca 9 coisas que irão desaparecer das nossas vidas.

Diz ele que irão desaparecer
1 – O Correio. Sem duvida, digo eu.  Agora quando chega é tarde e a más horas e a caixa do dito enche – se de poeira e publicidade. O resto? Tocam à campainha e aqui está em 24 horas de qualquer parte do mundo.
2 – O cheque. Se não tem um ou mais cartõezinhos não se safa. Carrega no botão e já está... pago. O senhor a seguir?
3 - O jornal. Claro cada vez há mais informação net e menos jornais para o caixote do lixo. Ver as versões digitais é mais prático, simples e económico.
4 - O livro. É mais barato on-line. É só um habito e passamos a ter uma biblioteca até no       Iphone.
5 – O telefone fixo- Mas quem é que quer ficado agarrado por um fio? Vai conosco num pacote para Punta Cana?  E nem sequer tira fotos. E as selfies
6 – A musica – Os discos? Cassetes? Onde estão? Agora é tudo on line, até no Bluetooth. Já há gorros, casacos com música, rádio e etc.
7 – A TV – Só quem gosta e precisa de futebol na TV tem 20 ou 30 canais a dizer o mesmo e a toda a hora. Ufa!!! Passear nas loucuras do Youtube ou pelo mundo sem horas marcadas, mas às horas que quer ou precisa...E os Podcast?
8 – As coisas que usamos – Claro, o que usamos já não se usa. Não andamos de carroça.
9 – A nossa privacidade. Diz o meu amigo que ela, nos está a ser roubada há muito tempo. Pergunto eu; e nós não espreitamos? E não é verdade que quem não tem culpas no cartório ... vive mais tranquilo? E depois quem está avisado...olho vivo, selfies ou autorretratos a toda a hora.
Conclusão: estamos é a aprender mais depressa. Voltar atrás é que nunca. Preciso é não nos distrairmos.

quarta-feira, 13 de novembro de 2019

AS 7 VIDAS



ESTE MUNDO CRIANÇA



Se não acordarmos, em qualquer época ou idade viveremos iludidos.
Isto de comunicarmos tem que se lhe diga. Não bastam as frases feitas que, como é sabido, entretêm, adiam, alteram, eliminam, ou simplesmente dizem o que não era, ou devia ser dito. Mas ao longo de séculos fomo-nos alimentando desse gesto de esperança, de pagamento de satisfação dos mais legítimos direitos. E hoje, apesar da aparente liberdade, andamos encolhidos, condicionados por portas e travessas, antes de como um dia sonhamos,  abrirmos a janela para que o sol e o luar entrem sem riscos, nem dúvidas.
Mas vamos fazendo a nossa vida, até cantando e rindo. Contudo há momentos...
Eu conto:
O Chilli um gatinho pequenino, terno e amigo, tornou – se a paixão da minha família. Foi encontrado recém-nascido há 4 meses num caixote, à porta de um supermercado, para simplesmente, ser levado.  Apaixonei – me. Recolhi – o. É lindo, meigo, parece um milagre da Natureza quando esta se esmera em obras incomparáveis. É o alvo de todos quando me visitam, e é compensador vê – lo a descobrir as arvores, os insetos, as luzes, os regatos e tudo, afinal. Cresce e aprende, recebe e retribui claramente o carinho.
Mas há dias, ia eu a entrar em casa, no meu carro, quando ele infelizmente, é atropelado – um gemido estridente e entrei em pânico - ei – lo a arrastar – se como uma lagarta louca, pelo jardim...encontramo – lo, depois de muito procuramos, sob umas plantas, a esvair – se em dores como um moribundo.
A Laurinha, minha neta de 6 anos, aos gritos desesperada, agarrou –o contra o peito, chorando como nunca eu vira nenhuma criança chorar. Levámos – lo de imediato ao Hospital Veterinário de Oeiras onde foi logo observado. Ficou internado, anestesiado e tratado com saberes e atenções inimagináveis.
Mais tarde, já de madrugada, a Laurinha ainda dolorida, levantou – se da cama, veio junto a mim, com cuidado acordou-me e disse – me suavemente - Olha avô, está tranquilo. O Chilli está salvo. Fez uma pausa para respirar fundo, eu recuperar o raciocínio e como a dizer – me um segredo - É que ouvi dizer que os gatos têm 7 vidas. Assim, ele ainda tem mais 6 para viver, não é?
PS . Dias volvidos, o Chilli recupera a olhos vistos e eu feliz, entre aspas, pergunto – me se não bastariam 3 vidas e meia.