A jovem locutora de TV com um belo sorriso aproxima – se do velhote que rodeado de amigos festejava o seu 1º Centenário.
Soletrando – Agora, gostaríamos de saber, qual é o segredo, para chegar aos 100 anos. -E põe o microfone a 10 centímetros do nariz dele.
O aniversariante de chapéu branco e lenço garrido ao pescoço olha –a atento, retribui o sorriso, abre muito os olhos e responde lacónica, mas esclarecido – É só não morrer.
Eu, o telespectador, num relance vasculhei as conclusões próprias sobre o mais intrigante mistério dos seres vivos e concordei com o velhote.
Magiquei, mas aos ouvidos como por magia ecoou - me uma canção. Era a Severa que já não ouvia há décadas:
Ò tempo volta para trás
Dá-me tudo o que eu perdi
Tem pena e dá-me a vida
A vida que eu já vivi
Ò tempo volta p'ra trás
Mata as minhas esperanças vâs
Vê que até o próprio sol
Volta todas as manhãs
Vê que até o próprio sol
Volta todas as manhãs
Recuperei e gritei para mim próprio –Não podemos perder tempo, ele é afinal a própria vida e não podemos desperdiça – la.
Mas de repente arrepiei – me ao concluir por um outro desabafo : Antes morrer que perder a vida.
