quarta-feira, 30 de setembro de 2015

O AMOR É ISTO





O amor é isto
Se há altura em que mais se pensa no amor, é na última fase da vida. Até aí, é a corrida, muitas vezes atabalhoada à procura dele e a ilusão de o ter aprisionado. Esta fase, dura um tempo indeterminado,  dependendo das características psico – somáticas do enamorado.  Depois, vem a realidade; o amor é isto, e pronto, “estou feliz!!!!”, ou a frustração, com, ou sem, o  recomeço da procura.

Essa procura pode chegar até ao último dia. E se ele tarda a chegar, começa a nascer a vontade de que ele chegue mais cedo do que se esperava, porque o amor é mais que tudo, mais que o dinheiro, a notoriedade, o ar que se respira. É o pequeno  e imortal gesto de ternura que nos passou ao lado.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

AI PAPA PAPA



O Papa Francisco faz acordar em cada um de nós , um de 2 possíveis seres:
O primeiro dirá que Francisco é um homem corajoso, a imagem de uma Igreja nova ou renovada, humilde, ao mesmo tempo agressiva, que é determinado e que ao tocar a alma das multidões  desnuda o mundo materialista que avança semeando injustiça e miséria. Afinal fala do que toda a gente vê e quer ouvir.
O segundo dirá que  Francisco é um anjo dessa Igreja que há dois mil anos se repete em preces e rituais e por último, como todas as outras, promete aos crentes e carentes, melhor vida para depois. Vendo com mais atenção conclui que Francisco está formatado para a nova linguagem dos média onde as Religiões surgem como farmácias e a fé como analgésico que não cura a maleita e adia soluções.

Na verdade não há nada mais entorpecente numa sociedade do que a “esperança” palavra bonita ditada pela fé, pela aceitação, pela necessidade de um amanha quando o hoje está mais que gasto. Os homens, de joelhos vão vivendo de esperança em esperança. Os políticos conhecem a técnica mas as guerras e o sofrimento multiplicam – se.
Cabe aqui pensar que se o Papa Francisco é o porta – voz de Deus, cabe – lhe também a responsabilidade de ser ouvido por Ele, nos céus, porque em cada minuto que passa o mundo piora.
Juntemos – nos nós e peçamos também a Deus que deixe o Papa Francisco zangar – se e que o autorize a dar dois sonoros e assustadores murros na mesa, perdão, no altar.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

A ALMA TATUADA




Foi o seu 4º neto quem veio acorda - lo para a realidade das décadas que viveu até aqui.
Foi na passada semana.
Já somava um neto e duas netas quando se anunciou o mais recente. Iria recebe - lo em aclamação. Seria mais um macho, um rapaz, um homem que confessa, já lhe segredava entre sonhos e pesadelos:
-       Avô vou nascer mas com uma condição; quero ser livre, quero trabalhar num país onde a justiça também viva. Quero ser feliz e quero fazer os outros felizes.
O velho respondia – lhe com mais esperança do que convicção – Meu querido Tiago as coisas andam complicadas, mas o mundo está a mudar, verás. É o objectivo de todo o ser inteligente.
- Mas eu ainda não nasci. Tenho o direito de exigir que a Constituição, os Direitos Fundamentais e a dignidade estejam ao meu alcance. De outro modo não vale a pena nascer. Para um dia emigrar?
 O avô mesmo sabendo que os fetos têm destas coisas, engolia em seco e os nove meses foram passando. Era sensivelmente assim o  diálogo que tinham sempre que se encontravam nestas quase 52 semanas, até aquela noite que aqui o trouxe.
A família entrou toda de prevenção.
A mãe já nas Descobertas, no Parque das Nações numa das mais modernas unidades hospitalares. Teria que ser naquela noite pois a médica iria  para férias no dia imediato e fazia gosto em ser ela assistir ao parto.

 Num confortável quarto, silencioso e bem apetrechado, a mãe, a dona do mundo, de  barriga para o ar , com um doce mas estranho sorriso olhava como cúmplice. O Pai de maquina de filmar e fotografar a postos, controlava os altos e os baixos das contrações.
 O avô antes de vir telefonara preocupado a confirmar se como era tradição na família teriam trazido a primeira roupa que o menino iria vestir, aquela que ele e o pai vestiram no seu primeiro momento e que sua mãe, com alguma solenidade por ser uma herança secular, lhe entregara como uma coroa ou cetro lembrando: Para que seja Senhor do seu destino e capitão da sua alma.
Tudo OK - fora a resposta ao telefonema. Só falta ele.

O silêncio das 23 horas nessa noite calma foi quebrada pela entrada da equipa médica que, essa sim, iria dar à luz , ao mundo, e a eles, um ser como dádiva da humanidade e exemplo do maravilhoso milagre da vida.
Despediram - se apressados da ansiosa mãe com um carinhoso afago na barriga inchada e intranquila porque portadora de uma avalanche de sonhos e promessas.
Saíram do quarto e ela foi levada para a Sala de Partos.

A noite estava quente. Tal como eles, no céu milhares de estrelas aguardavam.
Quinze minutos depois pregados à porta da Sala de Partos, esta como  porta de uma fábrica de seres humanos, abriu – se solene e reveladora.
Ante a espectativa, a médica, com uma ponta de orgulho afirmou enquanto a enfermeira também vestida de verde sublinhava afirmativamente com a cabeça.
-       Um belo rapaz . Está bem, saudável e até se fartou de berrar.
-       Mais do que é habitual? Perguntou o avô na qualidade de patriarca cuidadoso, pondo de lado a curiosidade de saber se os testículos do menino eram negros, porque sempre ouvira dizer que os que assim os têm são melhores machos. Protelou a estranha dúvida e ouviu a senhora doutora .
-       Oh Sim, o ser rapaz  gritou que se fartou... E este tem boa garganta.
O avô sorriu sem saber porquê e ripostou – Sai ao avô que háde berrar até à morte.
Ali estava o Homem Novo. Pensava o homem velho que o novo  carregava o peso de gerações de trabalho, de amor, de entrega à missão incomparável de reconstruir o que jamais fora ou será construído.
Uma cabecita com um barrete enfiado sob um lençol branco que escondiam os 2 k e 700 do homem prometido. Os olhos pequeninos a abrir e a fechar como que a não acreditar que é um dos deles.
A mãe de olhos negros ainda mais brilhantes porque transbordava de felicidade e o pai, esse gravava na alma os momentos em que a espécie humana lhe mostrava ao que vinha e o que era.
Foi um instante histórico como milhões que se multiplicam pelo mundo fora a todo o momento com mais ou menos emoções como quadros pendurados nas paredes.

Oito dias depois os principais intervenientes na história reuniam – se para ver o novo homem como num ritual de submissão e respeito.

Enquanto as priminhas com medo de lhe tocarem, rodeavam o recém –nascido, com uma admiração incomparável expressa em sorrisos e exclamações, os adultos foram assistir ao nascimento no registo paterno.

E de facto, logo no início, os gritos coléricos do recém nascido justificavam – se plenamente. É que , comprovaram todos ; alguém havia esquecido  vestir - lhe o ancestral e honroso  traje da família.
 Um ah de surpresa e desilusão fez parar a projeção. Haviam vestido sim um fato de macaco com um, bem evidente, inusitado e provocador emblema, MUSTELA. (empresa fabricante de produtos para criança).

-       E agora ? – Inquiriu desiludido o avô junto do responsável por tal esquecimento.
-       E agora? – pausa para afrontar a responsabilidade - Olha pai, agora é assim. Mal as crianças nascem vestem – lhe um traje.
-       Um traje?
-       Sim pai, um traje institucional. São acordos comerciais entre empresas, instituições. É assim.

Em silêncio retirado para um canto, mais uma vez,  o ancião curvado e vencido reconheceu triste que o menino tinha toda a razão para ter gritado desalmadamente. A seguir, pensou ainda, que a continuar assim, dentro em breve ninguém será Senhor do seu destino e a alma, essa surgirá tatuada sem que ninguém tenha consciência disso.
Teria que explicar ao neto.

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

ABRA A JANELA E VEJA.

Anda por aí uma onda de pessimismo que chega a assustar aqueles que sabem que a vida mão é fácil e respirar numa sociedade justa revela – se cada vez mais  coisa  de mito ou utopia.
Para já, não falemos do meio interno.
 Vejamos o externo, o mundial que se liga de exemplo em exemplo à evolução do homem mesmo desde antes de ter nascido a história.
 O único ser vivo que parece ter cumprido e aproveitado as promessas e ditames da Natureza terá sido o homem; moldou a vida,  construiu monumentos materiais e morais obedecendo ao gesto e missão de defender a espécie e fazer – se feliz.
Contudo ao defender a espécie,  estragou a Natureza e semeou a infelicidade. E alguém pode ser feliz quando faz parte de uma quadrilha destas?
Vemos isto diariamente nos média que ciclicamente transformam o planeta num Walking Dead de uma forma que parece irreversível.
O Homem virou filisteu que ao longo dos séculos se tem servido de religiões pré – fabricadas e programações globalizantes afim de moldar os que serão cada vez mais seus escravos. (Os escravos hoje não precisam só de grilhetas.)
Isto é fácil. Basta prometer para lá da vida um paraíso eterno e para tanto há que se submeter aos mandamentos que receitam entre outros obediência e esperança, ou à falta de fé dar a cada qual a sensação de que é livre e tem aquilo que merece.
Basta ver que menos que um décimo da população mundial possui mais bens materiais que todo o resto. E nesse décimo está toda uma estrutura que manda nas nações, isto é, nos dirigentes formatados para servirem o seu superior espírito e determinações.
Saber mais do que isto não necessita de mais texto.

Abra a janela de sua casa e veja.

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

OH!!!!! QUE ESQUERDA

Hoje li no Público uma crónica sobre as Eleições assinada por um comentador que até aprecio; Victor Malheiros, um dos poucos lúcidos e ainda em "liberdade", todavia mereceu - me uma reflexão que de imediato lhe enviei.

Texto 230150813  eleições


Respeitosamente
Achei - a  oportuna lucida e clara. muito obrigado.
Todavia leva - me a concluir que não há nada a fazer. Eles são assim e … pronto.
Se a esquerda se unisse teríamos um outro país e um outro futuro, mas não querem, não quer. Parece que para lá da sua obrigação moral há um outro compromisso escondido com uma força estranha e malévola que os leva a pensar “vamos perder mais uma hipótese mas tem que ser”. Derrotam - se a si próprios porque não se unem.
Repare que mesmo na AR quando um dos partidos de esquerda emite uma declaração que é indiscutível e flagrantemente também um caminho de qualquer outro da esquerda, estes, os outros não aplaudem, não dizem que sim. Limitam - se a fingir que estavam ausentes, que o que se afirmou não lhes interessam nem interessa a ninguém. É uma triste figura a que fazem.
Que ódios andam por ali escondidos?
Como derruba - los de modo a juntarmos forças a fazermos da democracia uma acção honesta e válida.?
Nem sequer vêm o exemplo dos partidos da coligação que unindo - se tomaram o poder, esvaziaram as hipoteses de melhorarmos e provavelmente continuarão a hipotecar uma nação que não tarda entra em reboliço.
Faça o favor Prof. Malheiros; abane, acorde aqueles senhores a bem dos 10 milhões que também embalados não tardam a adormecer.
Obrigado