domingo, 31 de outubro de 2010

A NOSSA LIBERDADE





Continuo a ler o livro proposto.
Durante os dias de ontem e hoje li vários jornais diários, ouvi rádio e vi Tv. Nem uma única vez vi ou ouvi referência alguma ao OS DONOS DE PORTUGAL:
Raramente vejo, mas hoje até aguardei a vinda de Marcelo e as suas escolhas literárias. Cá em casa apostamos sobre se ele iria ou não falar do livro.
Ganhei. Marcelo como sempre evitou o lhe é incomodo. Incomodo, a ele e ao seu grupo que tão habilmente maneja os trocadilhos com que vai fabricando o voto do ouvinte incauto.
É uma vergonha esta subserviência ao transformar um líder politico, personalidade altamente comprometida com o estado do nosso País, num fazedor de opinião, como se fosse independente.
Sem opososição lá vai vendendo a banha da cobra.
Seia caricatural até, se não fora trágico para um País algemado pela cruel falta de liberdade.

sábado, 30 de outubro de 2010

OS DONOS DE PORTUGAL




Vi ontem na Sic Not.,uma entrevista a Louça, sobre o livro OS DONOS DE PORTUGAL. Esclarecedora entrevista feita por Mário Crespo a que o líder bloquista respondeu com o rigor conhecido.
Comprei hoje mesmo o livro na FNAC e comecei a le – lo.
A obra, mostra como o nosso País é dominado por meia dúzia de famílias e estas, senhoras da Economia e das Finanças, são os patrões dos políticos e depois mostra a corrupção moral e material que advêm desta ligação doentia.
Esta é o suficiente, para o País estar no que está, ser o mais pobre da Europa e com a maior desigualdade entre pobres e ricos.
Assim, custa a ser português, digo eu, sobretudo se não embarcamos nos folclores conhecidos e onde procuram afogar – nos todos.
Devo esclarecer que esta matéria não me era virgem. O esquema de exploração de nosso povo é do conhecimento de muito boa gente, mas agora, ganha forma em papel e passa a ser resultado da análise fundamentada de investigadores honestos que sabem da matéria e se encorajam ao ponto de afrontar o maior cancro de Portugal.
Mas deixo – vos um desafio para reflexão:
1º - Esta entrevista é uma manifestação de liberdade.
Não. Foi transmitida apenas, até agora, que eu saiba e de forma meteórica, na SIC NOT, canal da TV CABO, portanto com reduzidíssima audiência. A relevância é quase nula.
2º - A venda do Livro é um desafio aos ali observados.
Poderá ser, mas estes sabem bem como calar os observadores.
Fui logo ao Continente onde o Livro não estava à venda… nem nas novidades. Vertemos se Belmiro aceita o seu retrato nas suas livrarias.
3º - O Prof. Marcelo na sua mais que promovida página na TVI vai citar o Livro?
Se o fizer em que termos o fará? Técnicas de camuflagem não lhe faltam.
4º - Pela importância e oportunidade da obra, veremos em que Liberdade vivemos.
É com estas análises que mediremos o poder de quem nos faz escravos e subordinados inconscientes.
Estejamos atentos às próximas horas.
Caro amigo, se souber quem divulga este livro comunique – nos, para que haja aqui um louvor e um agradecimento em nome de um Povo que vive propositadamente às escuras.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

MEU POVO SOLIDÁRIO

Entrei na grande superfície com o cabo HDMI na mão. Ia troca – lo porque tinha um evidente defeito e não servia para a função; fazer a ligação do TV ao vídeo.
No serviço Pós – venda, que não trocavam, nem devolviam os 38 euros que havia custado, porque já o adquirira há mais de 6 meses. Mas é um claro defeito de fabrico, respondi com ar de pedinte, a mostrar as barbas metálicas a sair do lugar como uma deficiência congénita. Que não. 6 Meses e nem mais um minuto!!!!.
Voltei desanimado, à esplanada ali ao lado, onde desabafei em voz alta com um amigo.
Noutra mesa um senhor, com ar de pessoa apressada, pousou o jornal a Bola, levantou a cabeça e atrevido, quase me chamou “artolas”. "Que fazer? Homem, quer ver? É um instantinho. Dê cá o cabo. Espere um instante."
Ainda estava na bica e já ele regressava, com um novo cabo em folha. Ora tome. E devolveu – me uma caixa com o reluzente e almejado artigo, para se pôr a andar como o Ronaldo depois de um grande golo.
Atónito, a segurar o novo cabo, corri para que me explicasse como convenceu a Pós – venda.
“Olhe lá meu amigo, para espertos, espertos e meio. Fui à prateleira dos cabos, procurei um igual. Fui á Caixa e paguei.
Vim cá fora tirei – o da caixa e substitui – o pelo estragado. Depois passei pela Pós – venda e fui devolver o cabo porque não estava em condições. Mostrei o recibo. Devolveram – me o dinheiro e pronto, aqui tem o que é seu.” E foi – se, sem eu sequer lhe dar a minha opinião, ou agradecer, numa saída gloriosa, como o feiticeiro de Óz ou um Robin dos Bosques, ou um desses grandes nomes que todos conhecemos de ver a sorrir para as câmaras.
“Onde é que eu andei estes anos todos? Sim?” perguntava – me enquanto me certificava de que a polícia não me perseguia. Se alguém me perguntar quem era o meu comparsa, diria simplesmente:
É um homem português, do povo, usa camisa e jeans, tem aí uns 50 anos e lê a Bola.

sábado, 16 de outubro de 2010

NO DIA SEGUINTE


Passei mal a noite. Um médico amigo disse – me pelo telefone que nada havia a fazer e que as dores são mais fortes que as de um parto. Aguentei até poder.

Ao meio – dia lá estava eu outra vez nas URGÊNCIAS.
Porquê tanta gente? Segredou – me uma enfermeira; não vê que é 6ª feira? Muitos filhos deixam – nos aqui porque é fim de semana.
Ao que vinha? Que não fora suficiente o tratamento disse eu.
Fui logo, logo, depois de visto por outro médico castelhano, encaminhado num sinuoso itinerário por entre as mesmas e outras macas e utentes uns delirantes outros não, até à sala onde se estabilizam os enfermos. A velhinha mãe de gémeos, que antes chorava, num drama comovente, agora cantava canções desconhecidas.
Tentei dizer – lhe qualquer coisa, mas desisti porque a dor não deixou e já me apontavam novas agulhas e acenavam com o copinho enquanto uma enfermeira me queria na Eco.
Deram – me uma injecção para as dores e segui para a Eco um pouco aliviado. Aí o especialista espanhol, entrava e saia de meia em meia hora sem me dar ordem de entrada.
Entretanto ouvi uma velhota que ali aguardava uns exames; que tinha tudo. Mostrou – me as pernas. Tinha sido operada aos joelhos e que tinha um Toyota com 12 anos e 30 mil quilómetros à porta de casa. Não pode guiar mas ninguém lhe dá o que ele vale. Comprara – o porque trabalhava na Toyota e ao lançarem o modelo fizeram preço especial ao pessoal.
Pouco depois, foi despedida e agora com ele à porta de casa foram colocar ali cobrança de estacionamento. Que havia de fazer à sua vida? Com 300 euros de reforma ainda teve que trocar de pneus que estalaram com o sol. O único filho morrera há 4 anos. Era pescador e mesmo à entrada da barra de Faro o barquito virara – se. Morreram quatro. Salvou – se um de 22 anos seu sobrinho que nunca mais quis ir ao mar. Ela confessa que também nunca mais viu o mar. Era difícil não o ver mas não lhe perdoava.
Passou o doutor espanhol mais uma vez. Seria desta?
Vim a saber que ele não era a tempo inteiro. Era contratado e fazia ganchos. Quem mo explicou era uma senhora que não se calava e dizia ter uma úlcera gástrica de origem nervosa.
Que a vida não estava fácil, que ninguém a ouvia, que tinha um lugar na praça de Faro e todos os sábados monta a sua venda na Feirinha de Olhão. Vende figos secos, frutos secos e azeitonas. Proibiu – me de comer azeitonas e receitou – me chá parte pedra e chá de barbas de milho.
Estava nesta quando irrompe um homem mal encarado que pára a seu lado e lhe grita “ intão ulcera!. O que tu tens é ulcera na língua!. Sofres é da língua!. Vamos já à minha frente” e ela sem parar lá me dizia a despedir - se; vê , vê a culpa é dele… ninguém me ouve….
Acabei por ter outra crise. Voltei à enfermaria. Estava a mudar de cor, disseram a enfermeira graduada e o auxiliar. A correr, o médico espetou – me um opiácido que me entreteve até me endireitar e ir enfim, à Eco, onde já tinham prendido o especialista que em dois minutos me esfregou a barriga e descobriu, com alegria, uma pedra de 10 milímetros que já não estava no Rim mas à entrada da uretra. Com esta novidade vim até ao médico que desta vez me esperava.
Assim e com uma bomba em SOS, vim para casa, perdão para o barco onde depois de passar pela farmácia me enterrei numa almofada e acordei, pelas 5 da manhã, à espera que o matacão saia de qualquer maneira.
Gastei ao todo 10 euros. Bem haja o Serviço Nacional de Saúde que alguns ilustres políticos querem exterminar.

NAS URGÊNCIAS


Uma dor intensa na caixa torácica, levou – me, aos ais, esta madrugada, ao Hospital de Faro.
Às 6 da manhã o hospital estava tranquilo, excepto alguns 50 velhos deitados, entubados, a espernearem sobre as macas das urgências. Uma avozinha, um farrapito humano gritava numa vóz aguda que nunca maltratara ninguém que tinha dois filhos gémeos um dos quais perdera uma perna no mar. A velhinha é da Fuzeta e não se calava exigindo um tratamento digno e respeitoso. Outra, esta mais nova, discutia com outra de outra maca que não lhe ligava nenhuma. Chamava – lhe nomes e provocava, mas a outra, estava mais para lá do que para cá.
Velhos pescadores com problemas de coração, próstata, pulmões e espessas angustias nos olhares.
A antecâmara da morgue, pensei.
Fui atendido por uma médica espanhola. Cara de sono a lembrar uma tortilha. Se não for uma coisa mais grave, é uma cólica renal. Foi o primeiro palpite. Análises, raio x e espera na sala 1.
Pouco depois estava a ser espetado, a urinar para o copinho e a ser encaminhado para o raio. Vieram as respostas. A espanhola saíra de turno e agora um jovem espanhol espalhava encanto junto do pessoal e enfermos. Não parava no mini - gabinete .
Despedi – me de alguns velhotes que lamentei e enfermeiros que admirei calado. Senti que ali apesar das condições más o pessoal da enfermagem, todos jovens, esmeravam – se em cuidados, atenções e até ternura.
Uma velhinha que não dava por nada, era penteada com um desvelo comovedor por duas enfermeiras. Uma segurava – a e a outra alinhava -lhe os cabelos brancos de neve, como se fora sua mãe ou avó. Um enfermeiro tipo atleta, ao mesmo tempo que lhe ia falando, dava uma papa à boca de um homem que outrora terá sido um forte e destemido pescador.
Notei como os enfermeiros e outro pessoal que saia de turno observava o estado de cada um. Minuciosos, atentos, tranquilos, conscientes da importância da vida e do sofrimento dos outros, transferiam para os outros, com seriedade, as situações individuais.
Eram 14 horas, tirei os meus resultados da mesa do doutor e pedi – lhe opinião. Achou estranha e atrevida a minha decisão, mas não teve outra solução; era cólica de rim. Isso sentia eu. Passou receita e ala que se faz tarde.
Cheio de fome, enjoado pela doença , fui junto á pequena Marina de Faro para comer qualquer coisa antes de tomar os comprimidos.
Estava um sol amigo. Tirei o blusão e só, quando veio a torrada, verifiquei, ante o olhar assustado do empregado de mesa, que mantinha no braço direito uma agulha espetada e no esquerdo uma outra com torneirinha e tudo. Fui ao WC e arranquei – as. Expliquei ao empregado que estava cheio de pressa para tomar comprimidos.