segunda-feira, 9 de setembro de 2019

E AGORA VERÃO


Mulher sexy quente — Fotografia de StockLá se foi mais um Verão.
E se há período do ano onde recolho mais lembranças para o resto da vida é no Verão.Lembro quando na Parede ainda mal sabia andar, ia para a praia de triciclo e entre rochas aprendia a imitar os nadadores, a olhar para as poças como se elas fossem um mundo novo a descobrir e quando na areia fazia castelos e perseguia as pulgas que mais tarde desapareceriam dali. Depois, quando já morava em Sassoeiros ia e vinha com o resto da família numa charrette puxada por dois cavalos. Durante um mês, sempre para o Pérola, onde tínhamos uma barraca ao lado das de outras famílias mais ou menos conhecidas mas fieis a este hábito. Era o banho do banheiro que nos mergulhava a cabeça como num ritual à hora certa e segurando-nos, terminava com um mergulho mais solene, e como dizíamos, para pentear, depois era o almoço que a pobre empregada, a pé, trouxera lá de casa. Uma soneca dentro da barraca, e despertávamos com o espetáculo dos Robertos, pequenos fantoches que paravam na areia de 200 em duzentos metros, sobre um palco de metro e meio, e por ultimo, o direito a uma Bola de Berlim que alentejanos idosos incansáveis, vinham todos os anos vender nestas praias.
Nas portas da adolescência, lembro que éramos avisados pelos colegas “olha, há miúdas em biquíni no Tamariz” e para lá corria o bando, em bicicletas ou no comboio, para admirar as bailarinas do Casino que se queriam queimar, desafiando toda a ordem e a moral vigentes. É que era proibido as mulheres andarem de biquíni e os homens teriam que usar uma camisola de  alças dentro ou fora de água. O umbigo das mulheres e os cabelos do peito dos homens eram um atentado pornográfico objetos de multas e reprimendas
Seguiram - se anos em que já homem, a praia era esporádica porque cedera à aventura da vela, ao trabalho e a outras obrigações que não se compadeciam com o desejo de espraiar.Gastaram - se décadas, até que chegamos a um cenário bem diferente. As praias hoje estão cheias de gente, guarda-sóis, turistas, imigrantes e comércios alimentícios e surfísticos em crescendo. Mal assentei arraiais na praia da Rata ou da Moita, entre Cascais e o Monte Estoril, arrumei os flashbacks, sim porque os homens andam de calções pelos joelhos e elas, elas, algumas em top less, mas a grande maioria, gordas e magras de todas as idades, imaginem, de fio dental. Um fio desafiador... provocador...bem humorado quando se desloca, parecendo sorrir para o observador, ate desaparecer por artes mágicas e a aguçar a imaginação na maioria dos casos analisados. Um fenômeno impar na evolução humana neste início de século. Inimaginável há meio século atrás e que tiraria o sono a Aristóteles e muito mais a Darwin.  Daqui a vinte anos andarão todas nuas ou todas tapadas? Que mais poderá esperar este bom rapaz, sensível, atento e distraído qb.?.