Entrei na grande superfície com o cabo HDMI na mão. Ia troca – lo porque tinha um evidente defeito e não servia para a função; fazer a ligação do TV ao vídeo.
No serviço Pós – venda, que não trocavam, nem devolviam os 38 euros que havia custado, porque já o adquirira há mais de 6 meses. Mas é um claro defeito de fabrico, respondi com ar de pedinte, a mostrar as barbas metálicas a sair do lugar como uma deficiência congénita. Que não. 6 Meses e nem mais um minuto!!!!.
Voltei desanimado, à esplanada ali ao lado, onde desabafei em voz alta com um amigo.
Noutra mesa um senhor, com ar de pessoa apressada, pousou o jornal a Bola, levantou a cabeça e atrevido, quase me chamou “artolas”. "Que fazer? Homem, quer ver? É um instantinho. Dê cá o cabo. Espere um instante."
Ainda estava na bica e já ele regressava, com um novo cabo em folha. Ora tome. E devolveu – me uma caixa com o reluzente e almejado artigo, para se pôr a andar como o Ronaldo depois de um grande golo.
Atónito, a segurar o novo cabo, corri para que me explicasse como convenceu a Pós – venda.
“Olhe lá meu amigo, para espertos, espertos e meio. Fui à prateleira dos cabos, procurei um igual. Fui á Caixa e paguei.
Vim cá fora tirei – o da caixa e substitui – o pelo estragado. Depois passei pela Pós – venda e fui devolver o cabo porque não estava em condições. Mostrei o recibo. Devolveram – me o dinheiro e pronto, aqui tem o que é seu.” E foi – se, sem eu sequer lhe dar a minha opinião, ou agradecer, numa saída gloriosa, como o feiticeiro de Óz ou um Robin dos Bosques, ou um desses grandes nomes que todos conhecemos de ver a sorrir para as câmaras.
“Onde é que eu andei estes anos todos? Sim?” perguntava – me enquanto me certificava de que a polícia não me perseguia. Se alguém me perguntar quem era o meu comparsa, diria simplesmente:
É um homem português, do povo, usa camisa e jeans, tem aí uns 50 anos e lê a Bola.
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