segunda-feira, 14 de março de 2011

OLHA QUE TRÈS



OLHA QUE TRÊS
Tal como eu temia, o sr Paulo e a sua equipa não apareceram esta manã, para transportar as pipas e executarem alguns trabalhos no exterior.
Hoje, tinham duas justificações; a greve dos camionistas e a chuva.
A qualidade dos trabalhadores que conheço, deixa muito a desejar. Faltam, confundem, ajustam por um preço e apresentam outro. E continuam a lamentar a falta de trabalho.
O nosso grande problema é claramente cultural ou melhor, educacional. Os professores manifestam – se porque ganham pouco e trabalham muito. Gritam, mas a verdade é que são uma das classes mais bem pagas e quanto ao trabalho, melhor fora que trabalhassem não tanto, mas melhor. O resultado está à vista.
Aproveitei a falta de trabalhadores e fui ao ginásio, para castigar os abdominais que teimam em esconderem – se, apesar da minha fome ancestral.
O ginásio da Quinta da Marinha é um local interessante. Aí encontramos a fina flor da politica, do empresariado, da finanças, professores, juízes, administradores, vips e o cidadão comum.
Entre duches e gemidos, é o termómetro do que vai pelo mundo.
Hoje falava – se da crise. “ Ando sem dormir por causa da crise”, “Estou exasperado por causa do Sócrates”. “Mas o Passos não vai resolver nada. O Cavaco é que está a tramar tudo.” Etc.
Nota – cheguei aqui e não me lembrei do nome do Passos Coelho. Como sou um cibernético, fui logo ao Google. Carreguei no PSD e vi aparecerem gráficos. Tinham a ver com o PSA , os valores prostáticos.
Disse logo um palavrão adequado. Longe vá o agoiro. Tinha – me enganado e em vez do D carreguei no A. Xiça!!!
“O que vai ser de nós? “ exclamam, quase em coro.
Os que mais desabafam comigo, são os que estão reformados. Confesso que não tenho pena deles a avaliar pelo que vai por este país. Também eu levo uma chumbada, mas penso, que se traduz em menos dois ou três jantares fora. Tenho mais pena dos donos dos restaurantes. Não me vai fazer mal, mas nada de abusos.
Não falo com toda a clareza aos meus colegas de ginásio, sobre o que penso nesta questão. Seria provocação e aquele não é o local mais recomendável; 5 ou 6 homens na 3ª idade, nus a chorarem os cortes do Sócrates, é imagem deprimente. Nem na Etiópia.
Agora, aposto (com quem?) comigo, que as manobras politicas actuais não levem a nada. As palavras só servem para embalar. O capital é um vírus e há que tomar antibióticos com urgência.
Nem Sócrates nem Coelho podem ir onde devem, ou deveriam, porque teriam que retirar àqueles que enriqueceram à sua custa e a quem devem tudo afinal… Eles sabem isso. Não acabam com as publico - privadas, com os boys e as girls,, com os concursos públicos fraudulentos, com as nomeações estratégicas, com os reformados a trabalhar, com a corrupção diária e conhecida de todos, menos da justiça; os reais cancros de que padece a sociedade portuguesa.
Mas se não forem eles a tirar a essa “camarilha” parasitária e virulenta, alguém, mais dia, menos dia, terá de o fazer. Quanto mais tarde pior. A cirurgia é sempre dolorosa.
Fico à espera pra ver..

domingo, 13 de março de 2011

DO TOSHIBA À LAREIRA



O TOSHIBA E A LAREIRA

Está decidido. Vou deixar de debitar aqui textos com características de crónica. Desisto. Fui condenado ao silêncio depois de meio século de trabalho diário na comunicação.
Não há jornal, rádio ou Tv onde possa veicular as emoções que me assaltam. Concordo que não seria bem-vindo, nem oportuno.
Não tenho partido politico que me proteja, como é quase obrigatório para poder trabalhar.
Não faço parte de grupo algum que apoie ideias inconsequentes, como aparentemente são as minhas.
Não me sinto perseguido. Apenas desnecessário. Descartado. Inadaptado às ideias dominantes.
Não tenho nada escondido na manga.
Trabalhei para milhões de pessoas. Trabalho agora para mim mesmo porque, não consigo deixar de publicar o que me vai na alma. É acto rotineiro desde criança.
Porque acho um desperdício lançar ao esgoto a experiência de uma vida, de qualquer vida, vou deixar aqui o meu diário.
Se alguém o ler óptimo. Não estarei só. Sentirei que serei transparente como sempre procurei ser.
Se ninguém, o fizer paciência. Faço eu o que acho que devo fazer no respeito por mim mesmo.
O pedeleke será como a capa de um manuscrito que espero me acompanhe até ao último dia de vida, tenha eu a sorte que tiver.
Não há o barulho da redacção.
Só, com o Toshiba e a lareira recomeço. Ardem as achas de pinho que carreguei até aqui como me queimam as ideias de dias melhores.
Deus, ou seja o que ou quem for, por ele, me dê forças.
………………………………………………………


Vai começar uma semana agitada.
Não há locuções na Odisseia ou no Canal História, que me façam gargarejar durante os próximos dias., mas tenho muito que fazer.
Amanhã irei com o sr Paulo carregar pipas enormes de vinho, que tenho em Carcavelos. Não as consegui vender e acho que não devo deixar estragar. Preciso de uma camioneta de carga, mas logo, por pouca sorte, amanhã mesmo, começa uma greve de camionistas. Já é galo!!!
Na 3ª vou com o Sr Artur, um dos encarregados, tentar descobrir na oficina da cadeia do Linhó alguns acessórios do meu 2 cvs que ali esteve a reparar e agora, descobri, estar todo desmontado. Algumas peças desapareceram.
Penso que se alguma coisa sai de uma cadeia, como o banco da frente de um carro, não podem ser os reclusos a roubar. Só os guardas o poderiam fazer. Quero ver o que é que a directora me tem a dizer …
Na 4ª irei a Carnaxide. Um encontro com o Bruno Nogueira, o autor e actor que assina momentos cómicos nas nossas TVS. Diz a sua produtora Inês, que ele tem uma ideia muito gira e que gostariam que eu participasse.
Aprecio o rapaz, que também diariamente ouço na TSF, mas confesso que nada me sorri…e nada me levará até aos ecrãs, a não ser o “non sense” desta sociedade e desta comunicação que parecem uma comédia de mau gosto. Ao menos, este Bruno oferece a garantia de não ter adormecido. Quer falar comigo. Espero que não perca o sono.
Depois, na 5ª feira, deverei rumar até ao Aries que se baloiça em águas algarvias. Vou com o meu velho amigo Montoia, antigo colega de tropa e de algumas aventuras, e o Fausto campeão de golfe e sky, que com as suas simpáticas mulheres, Isabel, médica, ortopedista, alentejana e Henriette, holandesa, escultora, apaixonada por Portugal, me acompanharão nuns dias a bordo. Claro que estão previstas algumas incursões. Mais em terra do que no mar, porque cada um vai revelar, entre outros, os seus segredos gastronómicos.
O ginásio do Racket Club da Quinta da Marinha terá que esperar por mim. A dieta prometida também.

quarta-feira, 9 de março de 2011

O COMEÇO DA BATALHA












Acabei de assistir à tomada de posse de Cavaco.
Esperava o discurso para ver até que ponto irá o novo velho presidente, personalidade que não admiro e de quem não prevejo coisa boa para o país e muito menos para aqueles que mais precisam. Penso assim pelas razões que qualquer cidadão, minimamente atento, tem vindo a descobrir, ao longo dos seus 20 anos de vida pública. Mas agora, vamos ao momento:
Um discurso cheio de farpas, e fortemente crítico. Crítico, claro está, ao Governo em primeiro lugar e a quase todos os outros sectores da vida publica; à Justiça, aos políticos, aos temerosos e aos ousados, etc. e sem se vislumbrar uma auto – critica.
A dureza do discurso estaria correcta se não soubéssemos como ele, o presidente, ele próprio é co-responsável pela situação a que chegamos. Se o pudéssemos dissociar do seu currículo diria que foi corajoso e até oportuno, mas disse apenas o que se ouve por todo o lado.
Como nota, já antecessora do que aí virá, recordo o apelo à mobilização dos jovens contra os partidos, num momento em que se aguarda, para daqui a 3 dias, uma manifestação da juventude “à rasca”. Cavaco sabe colar – se ao que convém. Aplaude antecipadamente a contestação, aplaude a insatisfação mas não é objectivo em receitar acções concretas como seria desejável. Como sabemos e se tem visto, seria exigir demasiado das suas capacidades.
Isto vai aquecer. Cavaco está na jogada. Se já estamos mal, ficaremos pior.


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

NUNCA É TARDE



NUNCA É TARDE.
Entramos na FNAC. Logo chamou a atenção dos presentes e particularmente do funcionário que eu chamei para nos atender.
“Então que computador a senhora pretende comprar?” Perguntou o solicito vendedor, a Lilli Caneças, a radiosa “opinion maker” nacional, diva incontestável do nosso jetset.
Lilli no seu estilo simpático e imediato responde: “Não faço a mínima ideia desde que seja…”. Fez uma pausa. Os olhos brilharam e com o conhecido sorriso, concluiu :“ Desde que seja branco”.
A Lilli é assim; o pormenor faz a qualidade da vida.
Andamos no mesmo Liceu, em Oeiras no inicio dos anos 50.
Claro que a Lilli já então era vistosa e os rapazes mais velhos andavam à sua roda.
Dengosa, muito produzida, com permanentes preocupações de pose e atracção, esta “rapariga”, ainda hoje mantém o seu estilo e marca que tanto a têm diferenciado na comunicação cor de rosa.
Pode parecer um menu de frivolidades, mas não. A TV torna as pessoas vulgares, salientando o menos importante delas escondendo – lhes a alma, a cultura e as convicções mais profundas.
É culta, educada, sensível e gentil, mas a comunicação apenas desenha o que prefere, a superficialidade.
Encontramo – nos como tem acontecido muita vez, no Shopping Cascais.
Entramos na Starbuks. Um café para mim e um outro, com caramelo e mais natas e mais não sei o quê, para a Lilli. Ela é assim; nada de vulgaridades.
Entusiata pela vida e pelop diálogo, seja com quem for, confessou – me que terá chegado a altura de aderir aos computadores. Os blogues falam dela e ela não lhes toca, lamenta – se. Tem milhares de admiradores à espera.
Chamei o Director da Enter scool, escola, situada a 10 metros, com que mantenho ligações anímicas e familiares. Rui Morais rivaliza em simpatia com Lilli. Aproximação à primeira vista.
Dias volvidos recebo um telefonema: Lilli vai na segunda lição e é uma excelente aluna.
Passei por lá e digitalizei a Diva que agora só pensa na maçã. Está de amores por um Apple. Branco e com a maçãzinha, claro.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011





CAVALGAR SEMPRE, SEM PARAR
Fui ontem a uma exposição do Gabriel.
Duas obrigações que cumpro com prazer. A primeira, porque sou amigo do pintor, a segunda porque o admiro.
Mas diria que há uma terceira; a enorme curiosidade, que sempre tenho, ao observar a evolução deste “Cavaleiro Andante “ , deste Peregrino, incansável nos percursos do espírito.
Parece que, para ele, a pintura é um itinerário, como, o sempre por cumprir, Santiago de Compostela. Mesmo atingido o destino, por veredas, montes e vales, a pé ou sobre o pobre Rocinante, há que recomeçar para ver a luz, para ultrapassar as sombras e descobrir as ogivas, os cálices, os arcos, os reflexos, as formas galácticas da imaginação.
Nessa evolução, notória, como marcada por etapas, observo –o, na ponta dos dedos debruçar – me sobre a sua a alma.
Nunca sei quando nele começa a técnica, para dar lugar ao artista ou a arte para depois ceder o corcel, à mestria ao pesquisador.
Foi na Casa da Galiza.
Está em ascensão este meu amigo.
Vai ser publicado um livro biográfico. Merece. Fico feliz.
Contudo, gostaria que todos o conhecêssemos, mas, como ele me segreda, a TV é para só, uns quantos, umas galerias, uns senhores que se sentem donos da arte e de nós.
É pena, mas não é só na arte caro Gabriel.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

MAIS UM AMIGO PARA O ESGOTO




Hoje, em Nova Iorque deitaram as cinzas de um amigo meu no esgoto. Inacreditável. Só aceitável nesta bizarra sociedade, onde as aberrações, se tornam lugar comum.
Às vezes, tenho dificuldade em distinguir as palavras “amigo” e “conhecido”. É que, sou amigo de quase toda a gente e conheço muitas mais.
Há também gente de quem não gosto e conheço, mas estou longe ser amigo, sem no entanto ser inimigo. Serão pelo menos pessoas que ignoro, ou procuro ignorar.
Isto, vem ao caso de, aqui deixar, umas palavras sobre um incidente poli – chocante que absorveu a atenção de milhões de portugueses nos últimos dias.
O Carlos Castro, cronista social, que conheci nos anos 60 quando veio de Luanda para montar o seu espectáculo de travestti, foi, na semana passada, assassinado por um jovem modelo, num hotel desta cidade americana, local onde, dizia, gostar de morrer.
Apaixonara – se aos 65, por um rapaz de 21 anos que saíra de um desses concursos estupidificantes, tão férteis nas nossas TVs.
Presumo que ao tentar saltar para o cueca do jovem, se é que não saltara já anteriormente, este que não estava para aí virado, deu – lhe com um computador do totiço, furou – lhes os olhos, com um saca rolhas e arrancou – lhe os testículos.
O jovem que é de Cantanhede , localidade católica e conservadora, e tido por bom rapaz, sossegado e até apreciador de mulheres, terá acedido aos ímpetos do homossexual na mira de se tornar vedeta na moda. Vedeta tornou – se no pior sentido mas nunca mais voltará à passerelle.
O Carlos que eu vira em Beatriz Costa como Lavadeira de Caneças, ainda há poucos meses viajou comigo do Porto para Lisboa, onde ambos fôramos a um programa de TV, teve então uma conversa de reconciliação comigo; é que há mais de 20 anos elegera – me, nas suas crónicas verrinosas, como "o mais mal vestido do ano". Mesmo sabendo que não me sei vestir, ou que qualquer coisinha me fica mal, achei aquilo despudorado, e agravante por se passar numa sociedade em que se privilegia a aparência, em detrimento do espírito.
Fizemos as pazes. Voltamos cada qual para o seu canto; ele na moda e nas tricas e eu para o cada vez maior silêncio comunicacional.
Mas, comoveu – me a ironia da vida; eu continuo a vegetar e ele, ele, a Lavadeira de Caneças que procurou esconder sempre, n as suas cinzas, foram para onde, afinal, vivemos sempre; para o esgoto.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A REFORMA AGRARIA



Temia que esta maneira algo tacanha e até provocadora que a classe dominante em Portugal revela para sairmos da crise nos levasse ao que se chama “implosão social”, o mesmo é dizer, “ porrada a torto e a direito”.

Mas sem quase se dar por isso as pessoas estão a ganhar consciência do logro em que caímos e de onde temos que nos afastar.
Há pequenos sinais de que seremos capazes de expurgar a classe mentecapta que embrutece sentidos e sensibilidades. Nesta Europa neo – liberal talvez consigamos ser pioneiros ou pelo menos inovadores.
O desemprego aumenta. A miséria e a fome também. Os alimentos estão caros e quem os comercializa quer ganhar como a lei da concorrência e do dinheiro impõe. As pescas foram abandonadas. As terras também. Há espaço nacional que merece a atenção de quem quer viver sem molestar, roubar ou apedrejar.
Acabo de ver na TV que em Cabeceira de Bastos foi criado um Banco de Terras. Terras que estão disponíveis para quem queira trabalha – las e delas tirar proventos. Já há leis locais e regulamentos para a sua prática. Ora isto, é uma nova Reforma Agrária: A Terra a quem a trabalha.
Aquilo que tanto assustou a social democracia e a direita nacional, nasce afinal com o acordo de toda a gente, seja qual for a sua posição politica. Foi a consciência a prevalecer sobre a alienação fabricada por uma comunicação comprometida, co -responsável pelo estado actual.
Mas será essa comunicação a ter que mostrar como “o dinheiro põe e o homem dispõe..
Estejamos atentos.
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