quarta-feira, 9 de março de 2011

O COMEÇO DA BATALHA












Acabei de assistir à tomada de posse de Cavaco.
Esperava o discurso para ver até que ponto irá o novo velho presidente, personalidade que não admiro e de quem não prevejo coisa boa para o país e muito menos para aqueles que mais precisam. Penso assim pelas razões que qualquer cidadão, minimamente atento, tem vindo a descobrir, ao longo dos seus 20 anos de vida pública. Mas agora, vamos ao momento:
Um discurso cheio de farpas, e fortemente crítico. Crítico, claro está, ao Governo em primeiro lugar e a quase todos os outros sectores da vida publica; à Justiça, aos políticos, aos temerosos e aos ousados, etc. e sem se vislumbrar uma auto – critica.
A dureza do discurso estaria correcta se não soubéssemos como ele, o presidente, ele próprio é co-responsável pela situação a que chegamos. Se o pudéssemos dissociar do seu currículo diria que foi corajoso e até oportuno, mas disse apenas o que se ouve por todo o lado.
Como nota, já antecessora do que aí virá, recordo o apelo à mobilização dos jovens contra os partidos, num momento em que se aguarda, para daqui a 3 dias, uma manifestação da juventude “à rasca”. Cavaco sabe colar – se ao que convém. Aplaude antecipadamente a contestação, aplaude a insatisfação mas não é objectivo em receitar acções concretas como seria desejável. Como sabemos e se tem visto, seria exigir demasiado das suas capacidades.
Isto vai aquecer. Cavaco está na jogada. Se já estamos mal, ficaremos pior.


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

NUNCA É TARDE



NUNCA É TARDE.
Entramos na FNAC. Logo chamou a atenção dos presentes e particularmente do funcionário que eu chamei para nos atender.
“Então que computador a senhora pretende comprar?” Perguntou o solicito vendedor, a Lilli Caneças, a radiosa “opinion maker” nacional, diva incontestável do nosso jetset.
Lilli no seu estilo simpático e imediato responde: “Não faço a mínima ideia desde que seja…”. Fez uma pausa. Os olhos brilharam e com o conhecido sorriso, concluiu :“ Desde que seja branco”.
A Lilli é assim; o pormenor faz a qualidade da vida.
Andamos no mesmo Liceu, em Oeiras no inicio dos anos 50.
Claro que a Lilli já então era vistosa e os rapazes mais velhos andavam à sua roda.
Dengosa, muito produzida, com permanentes preocupações de pose e atracção, esta “rapariga”, ainda hoje mantém o seu estilo e marca que tanto a têm diferenciado na comunicação cor de rosa.
Pode parecer um menu de frivolidades, mas não. A TV torna as pessoas vulgares, salientando o menos importante delas escondendo – lhes a alma, a cultura e as convicções mais profundas.
É culta, educada, sensível e gentil, mas a comunicação apenas desenha o que prefere, a superficialidade.
Encontramo – nos como tem acontecido muita vez, no Shopping Cascais.
Entramos na Starbuks. Um café para mim e um outro, com caramelo e mais natas e mais não sei o quê, para a Lilli. Ela é assim; nada de vulgaridades.
Entusiata pela vida e pelop diálogo, seja com quem for, confessou – me que terá chegado a altura de aderir aos computadores. Os blogues falam dela e ela não lhes toca, lamenta – se. Tem milhares de admiradores à espera.
Chamei o Director da Enter scool, escola, situada a 10 metros, com que mantenho ligações anímicas e familiares. Rui Morais rivaliza em simpatia com Lilli. Aproximação à primeira vista.
Dias volvidos recebo um telefonema: Lilli vai na segunda lição e é uma excelente aluna.
Passei por lá e digitalizei a Diva que agora só pensa na maçã. Está de amores por um Apple. Branco e com a maçãzinha, claro.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011





CAVALGAR SEMPRE, SEM PARAR
Fui ontem a uma exposição do Gabriel.
Duas obrigações que cumpro com prazer. A primeira, porque sou amigo do pintor, a segunda porque o admiro.
Mas diria que há uma terceira; a enorme curiosidade, que sempre tenho, ao observar a evolução deste “Cavaleiro Andante “ , deste Peregrino, incansável nos percursos do espírito.
Parece que, para ele, a pintura é um itinerário, como, o sempre por cumprir, Santiago de Compostela. Mesmo atingido o destino, por veredas, montes e vales, a pé ou sobre o pobre Rocinante, há que recomeçar para ver a luz, para ultrapassar as sombras e descobrir as ogivas, os cálices, os arcos, os reflexos, as formas galácticas da imaginação.
Nessa evolução, notória, como marcada por etapas, observo –o, na ponta dos dedos debruçar – me sobre a sua a alma.
Nunca sei quando nele começa a técnica, para dar lugar ao artista ou a arte para depois ceder o corcel, à mestria ao pesquisador.
Foi na Casa da Galiza.
Está em ascensão este meu amigo.
Vai ser publicado um livro biográfico. Merece. Fico feliz.
Contudo, gostaria que todos o conhecêssemos, mas, como ele me segreda, a TV é para só, uns quantos, umas galerias, uns senhores que se sentem donos da arte e de nós.
É pena, mas não é só na arte caro Gabriel.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

MAIS UM AMIGO PARA O ESGOTO




Hoje, em Nova Iorque deitaram as cinzas de um amigo meu no esgoto. Inacreditável. Só aceitável nesta bizarra sociedade, onde as aberrações, se tornam lugar comum.
Às vezes, tenho dificuldade em distinguir as palavras “amigo” e “conhecido”. É que, sou amigo de quase toda a gente e conheço muitas mais.
Há também gente de quem não gosto e conheço, mas estou longe ser amigo, sem no entanto ser inimigo. Serão pelo menos pessoas que ignoro, ou procuro ignorar.
Isto, vem ao caso de, aqui deixar, umas palavras sobre um incidente poli – chocante que absorveu a atenção de milhões de portugueses nos últimos dias.
O Carlos Castro, cronista social, que conheci nos anos 60 quando veio de Luanda para montar o seu espectáculo de travestti, foi, na semana passada, assassinado por um jovem modelo, num hotel desta cidade americana, local onde, dizia, gostar de morrer.
Apaixonara – se aos 65, por um rapaz de 21 anos que saíra de um desses concursos estupidificantes, tão férteis nas nossas TVs.
Presumo que ao tentar saltar para o cueca do jovem, se é que não saltara já anteriormente, este que não estava para aí virado, deu – lhe com um computador do totiço, furou – lhes os olhos, com um saca rolhas e arrancou – lhe os testículos.
O jovem que é de Cantanhede , localidade católica e conservadora, e tido por bom rapaz, sossegado e até apreciador de mulheres, terá acedido aos ímpetos do homossexual na mira de se tornar vedeta na moda. Vedeta tornou – se no pior sentido mas nunca mais voltará à passerelle.
O Carlos que eu vira em Beatriz Costa como Lavadeira de Caneças, ainda há poucos meses viajou comigo do Porto para Lisboa, onde ambos fôramos a um programa de TV, teve então uma conversa de reconciliação comigo; é que há mais de 20 anos elegera – me, nas suas crónicas verrinosas, como "o mais mal vestido do ano". Mesmo sabendo que não me sei vestir, ou que qualquer coisinha me fica mal, achei aquilo despudorado, e agravante por se passar numa sociedade em que se privilegia a aparência, em detrimento do espírito.
Fizemos as pazes. Voltamos cada qual para o seu canto; ele na moda e nas tricas e eu para o cada vez maior silêncio comunicacional.
Mas, comoveu – me a ironia da vida; eu continuo a vegetar e ele, ele, a Lavadeira de Caneças que procurou esconder sempre, n as suas cinzas, foram para onde, afinal, vivemos sempre; para o esgoto.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A REFORMA AGRARIA



Temia que esta maneira algo tacanha e até provocadora que a classe dominante em Portugal revela para sairmos da crise nos levasse ao que se chama “implosão social”, o mesmo é dizer, “ porrada a torto e a direito”.

Mas sem quase se dar por isso as pessoas estão a ganhar consciência do logro em que caímos e de onde temos que nos afastar.
Há pequenos sinais de que seremos capazes de expurgar a classe mentecapta que embrutece sentidos e sensibilidades. Nesta Europa neo – liberal talvez consigamos ser pioneiros ou pelo menos inovadores.
O desemprego aumenta. A miséria e a fome também. Os alimentos estão caros e quem os comercializa quer ganhar como a lei da concorrência e do dinheiro impõe. As pescas foram abandonadas. As terras também. Há espaço nacional que merece a atenção de quem quer viver sem molestar, roubar ou apedrejar.
Acabo de ver na TV que em Cabeceira de Bastos foi criado um Banco de Terras. Terras que estão disponíveis para quem queira trabalha – las e delas tirar proventos. Já há leis locais e regulamentos para a sua prática. Ora isto, é uma nova Reforma Agrária: A Terra a quem a trabalha.
Aquilo que tanto assustou a social democracia e a direita nacional, nasce afinal com o acordo de toda a gente, seja qual for a sua posição politica. Foi a consciência a prevalecer sobre a alienação fabricada por uma comunicação comprometida, co -responsável pelo estado actual.
Mas será essa comunicação a ter que mostrar como “o dinheiro põe e o homem dispõe..
Estejamos atentos.
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domingo, 7 de novembro de 2010

ESTOU A FICAR MARICAS


Devo estar a rebentar pelas costuras. Choro por tudo e por nada.
Chorei, há dias, ao ver o filme Hachiko: A Dog's Story. Conta a história de um cão, de temperamento rebelde, que se apaixona pelo seu dono ao ponto de, após este ter morrido, manter o hábito, como antes fazia, de até ao seu último dia o aguardar, pontualmente, junto á estação do comboio.
Chorei agora mesmo ao ver no You tube – Talent, uma exibição de, uma família inglesa, de 13 jovens ginastas – acrobatas, que dos 12 aos 22 anos, mostraram como trabalham individualmente e em equipa. Uma precisão e rigor que tornam tudo belo, e aparentemente fácil. Nós sabemos que não é mais que o resultado de muito trabalho e o desejo de construir uma obra, um espectáculo afinal.
Esta minha mariquice que se agrava com a idade, envergonha – me por um lado (os homens não choram) mas diz – me por outro que não estou apático, nem deixo a vida passar indelével por mim.
Penso que só assim devo viver.
É que, ao mesmo tempo, bate – me forte o coração e enrijecem – me os nervos de raiva, cada vez que tropeço na a crescente estupidez humana, na falta de respeito pelos que sofrem e na vaidade e alheamento da classe dominante.
Acabo de ler no jornal de domingo que a classe média em Portugal está a chegar à sopa dos pobres.
Não estou a ficar com uma depressão.
Estou mais consciente e aberto ao que a vida quiser de mim…
Para amar, gritar ou pôr uma bomba.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A GRANDE MENTIRA

Armas silenciosas para guerras tranquilas - estratégias de programação da sociedade


O pensador americano Noam Chomsky, pessoa mal vista pelos midia de quase todo o mundo, é compreensivelmente, um dos que mais faz pensar e com isso, acordar multidões que se vão apercebendo como se estão a transformar em urbanoides desprovidos de vontade e de liberdade.
O NOSSO PORTUGAL pequeno e periférico, é um campo onde também as técnicas subtis dos meios políticos e económicos estão a produzir o resultado que uma minoria hábil pretende.
Assistimos à grande mentira, ao logro da sociedade dita moderna mas como se vê, assente em pântanos onde as ideias saudáveis não emergem.
Vale a pena meditarmos e discutirmos a questão.






1- A estratégia da diversão
Elemento primordial do controlo social, a estratégia da diversão consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e da mutações decididas pelas elites políticas e económicas, graças a um dilúvio contínuo de distracções e informações insignificantes.
"Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por assuntos sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar, voltado para a manjedoura com os outros animais".
2- Criar problemas, depois oferecer soluções
Este método também é denominado "problema-reacção-solução". Primeiro cria-se um problema, uma "situação" destinada a suscitar uma certa reacção do público, a fim de que seja ele próprio a exigir as medidas que se deseja fazê-lo aceitar. Exemplo: deixar desenvolver-se a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público passe a reivindicar leis securitárias em detrimento da liberdade. Ou ainda: criar uma crise económica para fazer como um mal necessário o recuo dos direitos sociais e desmantelamento dos serviços públicos.
3- A estratégia do esbatimento
Para fazer aceitar uma medida inaceitável, basta aplicá-la progressivamente, de forma gradual, ao longo de 10 anos. Desemprego maciço, precariedade, flexibilidade, deslocalizações, salários que já não asseguram um rendimento decente, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se houvessem sido aplicadas brutalmente.
4- A estratégia do diferimento
Outro modo de fazer aceitar uma decisão impopular é apresentá-la como "dolorosa mas necessária", obtendo o acordo do público no presente para uma aplicação no futuro. É sempre mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro porque a dor não será sofrida de repente. Segundo, porque o público tem sempre a tendência de esperar ingenuamente que "tudo irá melhor amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Finalmente, porque isto dá tempo ao público para se habituar à ideia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegar o momento.
5- Dirigir-se ao público como se fossem crianças pequenas
A maior parte das publicidades destinadas ao grande público utilizam um discurso, argumentos, personagens e um tom particularmente infantilizadores, muitas vezes próximos do debilitante, como se o espectador fosse uma criança pequena ou um débil mental. Quanto mais se procura enganar o espectador, mais se adopta um tom infantilizante.
"Se se dirige a uma pessoa como ela tivesse 12 anos de idade, então, devido à sugestibilidade, ela terá, com uma certa probabilidade, uma resposta ou uma reacção tão destituída de sentido crítico como aquela de uma pessoa de 12 anos".
6- Apelar antes ao emocional do que à reflexão
Apelar ao emocional é uma técnica clássica para fazer curto-circuito à análise racional e, portanto, ao sentido crítico dos indivíduos. Além disso, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para ali implantar ideias, desejos, medos, pulsões ou comportamentos...
7- Manter o público na ignorância e no disparate
Actuar de modo a que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controle e a sua escravidão.
"A qualidade da educação dada às classes inferiores deve ser da espécie mais pobre, de tal modo que o fosso da ignorância que isola as classes inferiores das classes superiores seja e permaneça incompreensível pelas classes inferiores".
8- Encorajar o público a comprazer-se na mediocridade
Encorajar o público a considerar bom o facto de ser idiota, vulgar e inculto...
9- Substituir a revolta pela culpabilidade
Fazer crer ao indivíduo que ele é o único responsável pela sua infelicidade, devido à insuficiência da sua inteligência, das suas capacidades ou dos seus esforços. Assim, ao invés de se revoltar contra o sistema económico, o indivíduo desvaloriza-se e culpabiliza-se, criando um estado depressivo que tem como um dos efeitos a inibição da acção. E sem acção, não há revolução!...
10- Conhecer os indivíduos melhor do que eles se conhecem a si próprios
No decurso dos últimos 50 anos, os progressos fulgurantes da ciência cavaram um fosso crescente entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados pelas elites dirigentes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" chegou a um conhecimento avançado do ser humano, tanto física como psicologicamente. O sistema chegou a conhecer melhor o indivíduo médio do que este se conhece a si próprio, permitindo deter um maior controlo e um maior poder sobre os indivíduos