sábado, 17 de março de 2018

SÓ HÁ DOIS INFINITOS


No passado dia 14 Galileu e Einstein fariam anos e nessa mesmo dia morreu Stephen Hawking. 
E qualquer dia vamos todos nós”, dirá o nosso leitor. Sem qualquer dúvida, mas o pior é que iremos sem saber o que viemos fazer, quem somos e qual o nosso papel neste universo onde se discute tanto as nanoterapias ou as soluções políticas, como os buracos negros, ou até os Direitos Humanos.
O caminho que trilhamos não é o da paz e da justiça social que contemplem países e populações ainda escravizadas, obrigadas a migrações chocantes e imorais como verdadeiros assassinatos aos olhos de uma Humanidade impávida, serena e sobretudo alheia.
Bastaria que em cada país se olhasse para quem precisa e não apenas para os que dominam exploram e mentem.
Para isso se fez a “democracia”, mas ao mesmo tempo nasceram e desenvolveram – se a demagogia e as técnicas cada vez cientificamente mais precisas da manipulação de massas. Um bom recurso seria uma revolução dos meios de Comunicação para que não permitisse que os jornais, as tvs e as rádios e agora as webs  se transformassem em instrumentos de desinformação, de publicidade e propaganda, ao serviços do grande mercado.
O “Só sei que nada sei” que Sócrates disse há quase 2 mil e 500 anos, é bem a expressão inesgotavel que deveria dominar a reflexão dos cientistas e dos pensadores dominantes.
Um mendigo em qualquer capital, de queixo no passeio vê passar os transeuntes e interroga – se quando ao seu e ao destino de quem passa a correr. Isto, tal como o multimilionário que agarrado à sua fortuna observa os  bólides que tem na sua garagem.
A sensação de ignorância, de incapacidade para entender os outros e a razão de viver, motiva um certo desalento que retira uma preciosa dose de satisfação na vida dos mais conscientes.
Por isso, entendermos cada vez melhor e cada vez mais o infinito desabafo de Einstein quando lamentou que: “Só há dois infinitos; um é o Universo e o outro é a estupidez humana. Mas, quanto ao primeiro, ainda tenho algumas dúvidas”- Disse.


domingo, 18 de fevereiro de 2018

QUEM NÃO SABE....


À Direcção da Loja Swatch do Shopping de Cascais

Exs senhores
Os meus cumprimentos
Porque os ponteiros não param procurarei ser breve, mas não posso deixar de aqui vir narrar o seguinte:
Há uns 3 meses comprei na loja Swatch do Shopping Cascais, um relógio de que gostei à primeira vista - dava as horas, contava e registava os segundos e os minutos para os meus passeios na muralha e além disso tinha o ar desportivo que a mim me vai faltando.
Nessa mesma noite eu, dado a insónias logo verifiquei que não conseguia na escuridão lobrigar os ponteiros e então para me orientar teria de acender a luz ao contrário do que esperava e me havia sido dito na loja.
Voltei lá. O relógio preto de números e ponteiros claros passou de mão em mão ou melhor de olho em olho porque todos os funcionários procuravam descobrir as causas da minha queixa. Fui concluindo que o mal era meu e que afinal precisava de ir a um oftalmologista.
O tempo passou e vi - me na 2ª feira de manhã a voltar a entrar na loja para comprar, desta vez, um relógio para uma criança. Uma vez feita a escolha não resisti a mostrar aquela funcionária que o relógio que eu trazia fora também ali comprado mas que este, padecia de algo que me amargurara.
Ela tal como os anteriores colegas, mas naquela hora dali ausentes, pediu - me para lhe tocar. Fez um canudo com a mão, espreitou e concluiu:  Não, o relógio está bem...
- Então eu é que estou mal ? Adiantei desiludido e quase ofendido.
- Não ... o problema é que o senhor trás o relógio sob a manga de uma camisola e esta sob a manga do casaco e deste modo os ponteiros não vêm, não recebem, a claridade de que carecem para, depois na escuridão, lhe darem as horas como precisa e quer.  
 -Então?
- Então basta estar com ele à claridade solar ou sob uma luz artificial alguns instantes.
Arranquei dali, como se me tivesse saído uma ”raspadinha” e fui pendurar o relógio à janela do quarto para aproveitar o pôr do sol.
Já era noite, há muito, quando, ingrato, me lembrei e o trouxe para a cama. E milagre !!!! dava - me as horas como sempre desejei.
——”quem não sabe é como quem não vê”.
Não sei quem foi a cientista que ali no Shopping me abriu as portas. Sei que é loira, tem um lindo sorriso e não mais de vinte e poucos anos.
Agora cada vez que vejo as horas lembro - me dela ... e agradeço, claro.

Luis Pereira de Sousa
EndFragment
Enviado do meu iPad

O DIA DOS NAMORADOS



À mesa, no jantar, elas estavam à minha frente. O pai a meu lado.
Elas faziam perguntas : Avô sabes o que diz um tomate para outro? - Diz ... tu matas - me. - E riam.
A outra:  Avô e um tubarão para outro? Tu... baralhas - me.
A dada altura, ele, o pai, virou - se para mim e perguntou - me se já sabia que duas amigas minhas tinham casado. Respondi - lhe que sim. Que ficara surpreendido. Sabia que eram amigas, mas que eu nunca imaginara que fossem um casal.
De repente a de 5 anos pousa os talheres, vira - se para o pai e diz - lhe com solenidade: Pai uma coisa muito importante- Respirou fundo. Paramos todos a refeição - Tenho um namorado.
O pai abriu muito os olhos, virou - para mim e depois para elas e discursou: Mas que ideia minha filha. Na tua idade??- Ela encolheu - se na cadeira e pôs a cabeça debaixo da mesa.
- Olha a tua irmã que é mais velha que tu e nem pensa nisso. Não é verdade.?
- Sim pai. Não tenho tenho namorado.- responde a de 7 anos- mas, olha, tenho uma amiga a Rosalinda que tem. Tem dois e ... não gosta de nenhum. - Com ar sério e grave revela ainda- Imagina que um deles até lhe ofereceu uma bola de Berlim. Sim ..  com chocolate... e tudo. E, e o outro, o outro de quem ela também não gosta, comeu - a.

QUE QUIERES DE MI CARINO MIO ?


-->


Levantei a cabeça do telemóvel para a empregada de um bar na margem da estrada algarvia  onde acabara de parar a mota e entrar num dia de muito calor e após uma inigualável sardinhada no Corvo do tio Rui da Fuzeta.
Pestanejei. Ela com uns olhos lindos e ainda mais lindo sorriso segreda – me “que quieres de mi, carinho?”.
Desviei o olhar e dirigi – o para o chão, onde o plantei a pensar.
Só poderia querer um “mujito” bem gelado que me acordasse.


O DIREITO À MANIFESTAÇÃO...


O DIREITO À MANIFESTAÇÃO É IGUAL AO DIREITO AO SILÊNCIO

Sei que vou chocar muita gente mas não posso esconder que jamais me veria numa manifestação, aos gritos, a esbracejar com um cartaz na mão, a chamar nomes e a desafiar quem quer que fosse.
Penso assim talvez porque nunca tive necessidade de gritar para obter um naco de pão ou um outro direito para mim ou para outros que dele careçam.
Penso que o homem, na sua evolução como espécie racional deve assumir um papel que não o do enxame que avança para dominar tal como a manada ou o bando.
Manifestamos - nos para que a Banca pague o que deve, para que reparem a escola dos nossos filhos, para que usem a medicina que salve vidas, para que se faça ouvir quem disso tem o direito. Hoje esta acção não é mais que uma prova irrefutável de subdesenvolvimento, de asfixia moral, psíquica ou intelectual quase patológica que não dignifica quem a executa, quem a provoca e quem a permite.
Se alguma vez não me senti compreendido no trabalho, trabalhava mais ou melhor ou simplesmente mudava de entidade empregadora. Confesso que cheguei ao ponto de estar de malas aviadas para emigrar para outro país onde começaria nova e triste aventura por certo.
Hoje, tal como no século XVI fazemos barricadas. Aliás o nome barricada vem dos barris que trabalhadores colocavam nas estradas para obstar o avanço de forças repressivas, militares ou policiais. Foi assim que a Republica se opôs à Monarquia e a Europa deu passos para aquilo a que chamamos democracia.
Com o natural respeito sinto na alma que a manifestação é como a esmola; é tão aviltante para quem a dá como para quem a recebe.
No entanto, à luz do direito de expressão e do raciocínio não posso deixar de lamentar o triste espectáculo de homens e mulheres, uns novos, outros de proveta idade, sejam empurrados a participar no triste espectáculo a que são obrigados, em limite, para dizerem, ou melhor, gritarem o que lhes vai na alma e lhes parece justo e inadiável. É uma ofensa a homens e mulheres íntegros e desejosos de avançar.
Não aprendemos a dialogar nem a ouvir sequer. Somos mestres em simular, em mentir e manipular.
Há de facto um capitulo onde os filósofos, os sociólogos e os políticos, ah e já agora os jornalistas, não tocaram, não sei porquê.
Talvez porque não existe ainda um instrumento que a substituir as armas, e as ameaças,  imponha o respeito mutuo, o reconhecimento das obrigações e dos  direitos inalienáveis de cada cidadão.
E se democracia é isto e é o que é, pode ser mais porque ela assim não faz parte do mecanismo da justiça e do progresso,  mas do entretenimento.
E ao estilo de Post Scriptum acrescentarei que não devemos esquecer que também se fazem manifestações de elogio ou apoio. Só que estas não se justificam porque quem trabalha leal e honestamente não as quer nem precisa de aplausos, faz apenas a sua obrigação. E então deixa de ser manifestação e passa a publicidade ou propaganda, sempre encomendadas.