domingo, 18 de fevereiro de 2018

O DIREITO À MANIFESTAÇÃO...


O DIREITO À MANIFESTAÇÃO É IGUAL AO DIREITO AO SILÊNCIO

Sei que vou chocar muita gente mas não posso esconder que jamais me veria numa manifestação, aos gritos, a esbracejar com um cartaz na mão, a chamar nomes e a desafiar quem quer que fosse.
Penso assim talvez porque nunca tive necessidade de gritar para obter um naco de pão ou um outro direito para mim ou para outros que dele careçam.
Penso que o homem, na sua evolução como espécie racional deve assumir um papel que não o do enxame que avança para dominar tal como a manada ou o bando.
Manifestamos - nos para que a Banca pague o que deve, para que reparem a escola dos nossos filhos, para que usem a medicina que salve vidas, para que se faça ouvir quem disso tem o direito. Hoje esta acção não é mais que uma prova irrefutável de subdesenvolvimento, de asfixia moral, psíquica ou intelectual quase patológica que não dignifica quem a executa, quem a provoca e quem a permite.
Se alguma vez não me senti compreendido no trabalho, trabalhava mais ou melhor ou simplesmente mudava de entidade empregadora. Confesso que cheguei ao ponto de estar de malas aviadas para emigrar para outro país onde começaria nova e triste aventura por certo.
Hoje, tal como no século XVI fazemos barricadas. Aliás o nome barricada vem dos barris que trabalhadores colocavam nas estradas para obstar o avanço de forças repressivas, militares ou policiais. Foi assim que a Republica se opôs à Monarquia e a Europa deu passos para aquilo a que chamamos democracia.
Com o natural respeito sinto na alma que a manifestação é como a esmola; é tão aviltante para quem a dá como para quem a recebe.
No entanto, à luz do direito de expressão e do raciocínio não posso deixar de lamentar o triste espectáculo de homens e mulheres, uns novos, outros de proveta idade, sejam empurrados a participar no triste espectáculo a que são obrigados, em limite, para dizerem, ou melhor, gritarem o que lhes vai na alma e lhes parece justo e inadiável. É uma ofensa a homens e mulheres íntegros e desejosos de avançar.
Não aprendemos a dialogar nem a ouvir sequer. Somos mestres em simular, em mentir e manipular.
Há de facto um capitulo onde os filósofos, os sociólogos e os políticos, ah e já agora os jornalistas, não tocaram, não sei porquê.
Talvez porque não existe ainda um instrumento que a substituir as armas, e as ameaças,  imponha o respeito mutuo, o reconhecimento das obrigações e dos  direitos inalienáveis de cada cidadão.
E se democracia é isto e é o que é, pode ser mais porque ela assim não faz parte do mecanismo da justiça e do progresso,  mas do entretenimento.
E ao estilo de Post Scriptum acrescentarei que não devemos esquecer que também se fazem manifestações de elogio ou apoio. Só que estas não se justificam porque quem trabalha leal e honestamente não as quer nem precisa de aplausos, faz apenas a sua obrigação. E então deixa de ser manifestação e passa a publicidade ou propaganda, sempre encomendadas.

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