sábado, 25 de abril de 2015

41 ANOS DEPOIS

quando ontem a maquilhadora me arrancou dali, nos estúdios da RTP,  contrafeito interrompi o diálogo iniciado minutos antes. com Dinis de Almeida.  Ele iria depois de mim à caracterização. A conversa secreta foi forçada a um intervalo.







Eu estava a ouvir coisas que jamais imaginaria.
Falávamos do 25 de Abril de 74. Ambos éramos jovens na altura, mas nem por isso inconscientes ou estúpidos.
Eu, farejador de notícias, repórter da SABC e uma mão cheia de jornais e rádios (estrangeiras), ele já comandante de artilharia e altamente comprometido com a revolução dos cravos.
Não o havia reconhecido à primeira mas ao iniciarmos o flash back  da odisseia  identifiquei - o como uma das figuras mais controversas da data histórica e das convulsões que se seguiram.
Os seus olhos de expressão fria, pele e cabelos brancos, ventre  dilatado num corpo volumoso e alto compõem a figura atual do  coronel outrora garboso truculento e determinado.
Forjara então com outros o golpe arrojado, dera o primeiro passo, o segundo e o terceiro mas os companheiros da aventura acharam demais. Prenderam – no manietando o idealista o fogoso comandante o arrojado militar que de heroi passava a "O Fitipaldi das chaimite". Depois da vitória sonhada para um País a renascer, nascia a sua derrota pessoal de quem se envolvera "de mais" no 25 de Abri, no 11 de Março e no 25 de Novembro. Ai estava o primeiro preso pilitico.
Só os vencedores podem contar a história, mas, mas contam - na à sua maneira.
Muito  mais haveria a saber mas a caracterização exigia. Íamos ser entrevistados em direto naquela manhã no decorrer de um programa especial sobre a efeméride na RTP1.
Pouco depois a caminho de cenário eu dava-lhe ao ícone da Revolução nomes e ele atirava – me adjetivos. “Esse era um cobardolas. Tanto que desapareceu. Esse, naquela noite deixou o regimento e foi dormir a casa. O Otelo? Ah o Otelo, foi ocupar a Legião onde não havia ninguém. Não sabia o que andava a fazer. Foi ele que me prendeu. Estava feito com o Rolhas. Rolhas era o Presidente da República.”  Falei de outro nome sonante: “Esse apareceu depois para se juntar, como a maior parte deles”.
Tinha datas na memória e fotos.
Estava ali o mais indesejado militar de Abril e com tanto que contar. Senti nauseas.
Chiu! Chiu! Ordenava o assistente de realização.
Afinal eu sentia como ele quando em tão poucos dias assistira às cambalhotas que tantos jornalistas, artistas, gente da Comunicação dava para segurar um “tacho”e não perder o “comboio”.
Juntou-se–nos o Manuel Tomás que também seria entrevistado. Fora ele, como operador de rádio, quem disparara no Rádio Clube Português, na noite da Revolução a canção “E depois do adeus” que seria a “password” para os militares revolucionários. Hoje é realizador e professor Universitário. Tinha alunos à espera e quase não falámos.
Foi Manuel o primeiro a ser ouvido, depois o Diniz que nem de longe contou o quereria contar ... e eu queria ouvir, E  depois fui eu que segundo a produção terei sido o primeiro jornalista a reportar os acontecimentos para fora de Portugal. Com efeito naquela madrugada, depois de uma emissão do Clube Radiofónico de Portugal, onde era locutor, ao dirigir – me para casa, no Blaupunkt do meu Mini, verifiquei que a outra rádio estava a transmitir marchas militares. Pouco depois nas  imediações de Entre Campos tive que dar passagem a um cortejo de Berliets, Chaimites e Jeeps no bom estilo de guerra urbana. Atrelei – me ao último e segui o Salgueiro Maia até à rendição de Marcelo. Longas horas emocionantes e apaixonantes para um jovem repórter  que assistia à narração da história de um povo mal tratado.
Quarenta e um anos volvidos as entrevistas foram relâmpagos. O que quereríamos dizer não dissemos. Aplausos, mais aplausos e um corro de adolescentes ataca a “Grandola Vila Morena” enquanto cada entrevistado sai cada qual por uma porta diferente, sem terem feito ouvir os segredos do Coronel nem os lamentos do jornalista.  


  

segunda-feira, 13 de abril de 2015

MAKING OFF COM SEXO E MALANDRICE NA POLITICA FINANCEIRA









Tanto assunto com substância para aqui trazer, desde a estranha esteira da governação em Portugal, aos atropelos à democracia que se vão cimentando como as bermas dos passeios nas ruas mais concorridas, às barbaridades islamitas, ou até às duvidas pessoais sobre as nossas (minhas) funções humanas e sociais. Mas não quero entrar por esses caminhos sem verter a sensação que me fica de uma história que tem sido maliciosa e ingenuamente glosada por todo o lado; a tragédia de Dominique Strauss – Kaen.


Depois de uma carreira sólida na vida política francesa e quando se avizinhava a sua participação nas últimas eleições presidenciais neste pais, o Sr. Strauss que era ao momento Diretor do FMI, foi  em Maio de 2011 aos EU onde segundo consta  discutira questões melindrosas sobre a alta finança internacional e sobre o que muito particularmente teria discutido em encontros secretos,  pouco antes, num hotel em Washington.
 Quando pretendia regressar a Paris é detido em NY no Aeroporto J. Kennedy .
A acusação afirmava que o atrevido sexagenário abusara de uma camareira no Hotel onde estivera.
 Foi preso e  vexado à escala mundial. Depois  e a custo,  ilibado e libertado. Mas o mal estava feito. A carreira no FMI terminara aqui e o mais alto funcionário da entidade financeira mundial fora assim silenciado. Dias depois pedia a sua exoneração e regressava a casa.
A mãozinha ou nem sei o quê da florida camareira prestara um intimo serviço ao desbocado mundo.
Passou SK a ser o “velho garanhão” objecto de criticas e anedotas a todos os níveis, coisa que, convenhamos, nenhum ser humano gostaria de ser. Decorreram três anos agitados; mais pela sua vida pessoal do que pela de economista credenciado, acabando por voltar à barra do tribunal desta vez, por ter participado num bacanal com prostitutas. Entretanto também uma jornalista o acusara de ele ter tido relações com ela, coisa que faz rir quem conhece os bastidores da comunicação. Isto, em França, país historicamente conhecido como a pátria da liberdade e da libertinagem.
Mas a justiça foi mais calma que o histerismo colectivo e DSK voltou a ser molestado e absolvido.

Qualquer homem com dois dedos de testa e até com os mínimos de testosterona suspeita que aqui há mãozinha das Secretas a mando de quem manda e então toca a assustar e silenciar o “abelhudo” antes que ponha a boca no trombone.
São mais lestos a descobrir e a castigar os adeptos do “make love” do que a enfrentar os que roubam a olhos vistos causando sofrimentos e guerras a milhões de pessoas.
O mundo dá muitas voltas e os homens também como se vê no historial de contemporâneos ilustres desde Clinton a Dominique.
Os média tanto servem para mostrar como para esconder.

É também para isto que serve a comunicação que se oferece quente a horas certas para que todos assistam ao filme diário mas não vejam ou saibam do seu “making off”.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

O NOSSO FUTURO

Ao chegar esta manhã a casa,  na Aldeia de Juso – Cascais, depois  da bica e do jornal matinais, apercebi – me de um desusado movimento no condomínio, meu vizinho. Espreitei. Três viaturas da mais alta  gama, conduzidas por 3 portugueses transportavam dezena e meia de chineses. Dois dos veículos com vidros fumados e aspecto intrigante. Porquê, pensei, se os chineses são todos iguais?
Tal como chegaram, pouco depois partiam com um espavento e sobranceria principescas em estilo de invasores apressados.
Vinham à cata dos Vistos Gold.
Pouco depois encontrava um vizinho com quem comentei o estranho espetáculo. Fiquei boquiaberto quando ele próprio me revelou que já havia recebido a entrada para a sua saída de casa; vendera também ele a sua vivenda a um discreto casal chinês que regressará dentro de 3 semanas.
Abraçamos – nos consternados. Despedimos – nos. Entrei em casa, pensei na muralha da China e no Mao. Soltei os cães e tranquei as portas.

......................

Os portugueses vivem empurrados, sem plena consciência, os dias mais importantes na construção do seu futuro problemático.
Vivem enterrados no lodo provocado por uma governação anti - democrática e não representativa dos desejos e aspirações da população, mas apenas de uma minoria abastada e dos desígnios traçados pelos europeus prósperos. Vive condicionada por uma ideia deformada dos objectivos de uma Europa para todos.
Agora de mãos e alma atadas, o Zé observa expectante o desenrolar do ato arrojado dos gregos ao chamarem a si a condução dos seus direitos e deveres.
O que parecia impossível ganha forma.
Daqui a semanas já nos aperceberemos se a Europa é realmente solidária e de todos os países europeus, ou de apenas dos tradicionalmente mais ricos, evoluídos e aptos a dominarem, agora não pelas armas, mas pelas convenientes leis que impõem.
O que daqui vier será o que teremos ou pretenderemos ter para o resto das nossas vidas.
A coragem dos gregos deve ser refletida e respeitada.
E não posso de aqui e neste momento reconhecer a atávica cobardia dos portugueses incapazes de bater o pé quando lhe comem as papas na cabeça, lhes removem o cérebro e lhes tiram as couves do quintal.



domingo, 25 de janeiro de 2015

GRECIA E O FANTASMA DA ESQUERDA



Ufa !!!! Até que enfim.
O terror da esquerda.....
Ao som das teclas deste Pc chegam as notícias sobre a vitória mais que expressiva do Syriza (esquerda) nessa Grécia que em milénios deu à História, à Humanidade, instrumentos para que em  momentos determinantes se entreabrirem portas e novos horizontes.
Volta a acontecer esse fenómeno. A esquerda vence ante a angustia da direita de Merkel de CE, do FMI e de todos os partidos conservadores deste continente onde apesar de o neo liberalismo apregoar Democracia a ignorar  enquanto os pobres se afundam e os mais ricos são apoiados.
A população grega tem sofrido mais que todas as outras. A corrupção, responsável pela miséria crescente lá, como cá, será o alvo numero um, reavaliando privatizações e negócios tortuosos.
Também nós, a Espanha e a Itália poderemos e deveremos seguir este caminho para pôr fim à exploração e à mentira com que nos entretêm enquanto vendem o nosso património e roubam a nossa soberania.
Pode o dia de hoje ser um ponto de viragem nesta Europa que havia prometido prosperidade e respeito por cada nação.
Veremos. Veremos o que os gregos farão mas também como reagem os incrédulos alemães, ingleses, holandeses, belga, etc  a uma  maioria não absoluta mas indiscutível.

Para já os gregos avisam que estão ali para lutar com as melhores armas ao seu dispor.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

SUIS . JE CHARLIE ???????

Pergunto – me resistindo à tentação de vociferar   contra o ato terrorista, no HEBDO, que meio mundo condenou com gritos e lágrimas.
Vou por – me no lugar do caricaturista.
A minha vida é desenhar.
Curto ao máximo.
Sinto – me superior, ocidental e civilizado, intocável, meio filósofo sobre um púlpito de onde vejo o mundo e me vêm a mim.
Se abusar tenho uma Constituição que me defende.
Vou por – me agora no lugar do dito terrorista.
Sou um desgraçado, filho de emigrantes a viver nas franjas de um jardim que jamais me pertencerá.
É na religião que encontro a resposta às minhas aspirações e ao meu futuro.
Sonho ser um herói, se possível um mártir (não são célebres e celebrados todos os mártires?).
Se abusar tenho o Corão que me protege.
e
SE quisermos ser honestos reconhecemos que a liberdade e particularmente a religiosa que é reconhecida e defendida por uns  é desafio para outros, tudo dependendo da cultura e até do nível económico – social.
Sempre assim foi desde 570 quando nasceu Maomé o ultimo mensageiro de Deus, depois de Adão, Abraão, Moisés e Cristo e  que 40 anos depois em Meca deu a conhecer o Corão que sustenta a fundação do Islão. 

A história do homem está tingida de sangue de uns e outros para imporem a palavra do seu Deus. Deuses  que ao que parece pouco trouxeram de felicidade terrena, mas apenas de promessas para pós – morte.
Interessante é também a constatação de que a emigração que líderes políticos proclama igualmente como um direito do ser humano é o fermento que tem levado primeiro, obrigatoriamente à (escravatura) depois como aparente ação voluntária   às mais profundas misérias e aos criticados e frequentes atos de terrorismo.