Ao chegar esta manhã a casa, na Aldeia de Juso – Cascais, depois da bica e do jornal matinais, apercebi – me
de um desusado movimento no condomínio, meu vizinho. Espreitei. Três viaturas da
mais alta gama, conduzidas por 3
portugueses transportavam dezena e meia de chineses. Dois dos veículos com
vidros fumados e aspecto intrigante. Porquê, pensei, se os chineses são todos iguais?
Tal como chegaram, pouco depois partiam com um
espavento e sobranceria principescas em estilo de invasores apressados.
Vinham à cata dos Vistos Gold.
Pouco depois encontrava um
vizinho com quem comentei o estranho espetáculo. Fiquei boquiaberto quando ele
próprio me revelou que já havia recebido a entrada para a sua saída de casa;
vendera também ele a sua vivenda a um discreto casal chinês que regressará
dentro de 3 semanas.
Abraçamos – nos consternados.
Despedimos – nos. Entrei em casa, pensei na muralha da China e no Mao. Soltei
os cães e tranquei as portas.
......................
Os portugueses vivem empurrados, sem plena consciência,
os dias mais importantes na construção do seu futuro problemático.
Vivem enterrados no lodo provocado por uma governação
anti - democrática e não representativa dos desejos e aspirações da população, mas
apenas de uma minoria abastada e dos desígnios traçados pelos europeus
prósperos. Vive condicionada por uma ideia deformada dos objectivos de uma
Europa para todos.
Agora de mãos e alma atadas, o Zé observa expectante o
desenrolar do ato arrojado dos gregos ao chamarem a si a condução dos seus
direitos e deveres.
O que parecia impossível ganha forma.
Daqui a semanas já nos aperceberemos se a Europa é
realmente solidária e de todos os países europeus, ou de apenas dos tradicionalmente
mais ricos, evoluídos e aptos a dominarem, agora não pelas armas, mas pelas convenientes
leis que impõem.
O que daqui vier será o que teremos ou pretenderemos
ter para o resto das nossas vidas.
A coragem dos gregos deve ser refletida e respeitada.
E não posso de aqui e neste momento reconhecer a
atávica cobardia dos portugueses incapazes de bater o pé quando lhe comem as
papas na cabeça, lhes removem o cérebro e lhes tiram as couves do quintal.
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