segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

O NOSSO FUTURO

Ao chegar esta manhã a casa,  na Aldeia de Juso – Cascais, depois  da bica e do jornal matinais, apercebi – me de um desusado movimento no condomínio, meu vizinho. Espreitei. Três viaturas da mais alta  gama, conduzidas por 3 portugueses transportavam dezena e meia de chineses. Dois dos veículos com vidros fumados e aspecto intrigante. Porquê, pensei, se os chineses são todos iguais?
Tal como chegaram, pouco depois partiam com um espavento e sobranceria principescas em estilo de invasores apressados.
Vinham à cata dos Vistos Gold.
Pouco depois encontrava um vizinho com quem comentei o estranho espetáculo. Fiquei boquiaberto quando ele próprio me revelou que já havia recebido a entrada para a sua saída de casa; vendera também ele a sua vivenda a um discreto casal chinês que regressará dentro de 3 semanas.
Abraçamos – nos consternados. Despedimos – nos. Entrei em casa, pensei na muralha da China e no Mao. Soltei os cães e tranquei as portas.

......................

Os portugueses vivem empurrados, sem plena consciência, os dias mais importantes na construção do seu futuro problemático.
Vivem enterrados no lodo provocado por uma governação anti - democrática e não representativa dos desejos e aspirações da população, mas apenas de uma minoria abastada e dos desígnios traçados pelos europeus prósperos. Vive condicionada por uma ideia deformada dos objectivos de uma Europa para todos.
Agora de mãos e alma atadas, o Zé observa expectante o desenrolar do ato arrojado dos gregos ao chamarem a si a condução dos seus direitos e deveres.
O que parecia impossível ganha forma.
Daqui a semanas já nos aperceberemos se a Europa é realmente solidária e de todos os países europeus, ou de apenas dos tradicionalmente mais ricos, evoluídos e aptos a dominarem, agora não pelas armas, mas pelas convenientes leis que impõem.
O que daqui vier será o que teremos ou pretenderemos ter para o resto das nossas vidas.
A coragem dos gregos deve ser refletida e respeitada.
E não posso de aqui e neste momento reconhecer a atávica cobardia dos portugueses incapazes de bater o pé quando lhe comem as papas na cabeça, lhes removem o cérebro e lhes tiram as couves do quintal.



domingo, 25 de janeiro de 2015

GRECIA E O FANTASMA DA ESQUERDA



Ufa !!!! Até que enfim.
O terror da esquerda.....
Ao som das teclas deste Pc chegam as notícias sobre a vitória mais que expressiva do Syriza (esquerda) nessa Grécia que em milénios deu à História, à Humanidade, instrumentos para que em  momentos determinantes se entreabrirem portas e novos horizontes.
Volta a acontecer esse fenómeno. A esquerda vence ante a angustia da direita de Merkel de CE, do FMI e de todos os partidos conservadores deste continente onde apesar de o neo liberalismo apregoar Democracia a ignorar  enquanto os pobres se afundam e os mais ricos são apoiados.
A população grega tem sofrido mais que todas as outras. A corrupção, responsável pela miséria crescente lá, como cá, será o alvo numero um, reavaliando privatizações e negócios tortuosos.
Também nós, a Espanha e a Itália poderemos e deveremos seguir este caminho para pôr fim à exploração e à mentira com que nos entretêm enquanto vendem o nosso património e roubam a nossa soberania.
Pode o dia de hoje ser um ponto de viragem nesta Europa que havia prometido prosperidade e respeito por cada nação.
Veremos. Veremos o que os gregos farão mas também como reagem os incrédulos alemães, ingleses, holandeses, belga, etc  a uma  maioria não absoluta mas indiscutível.

Para já os gregos avisam que estão ali para lutar com as melhores armas ao seu dispor.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

SUIS . JE CHARLIE ???????

Pergunto – me resistindo à tentação de vociferar   contra o ato terrorista, no HEBDO, que meio mundo condenou com gritos e lágrimas.
Vou por – me no lugar do caricaturista.
A minha vida é desenhar.
Curto ao máximo.
Sinto – me superior, ocidental e civilizado, intocável, meio filósofo sobre um púlpito de onde vejo o mundo e me vêm a mim.
Se abusar tenho uma Constituição que me defende.
Vou por – me agora no lugar do dito terrorista.
Sou um desgraçado, filho de emigrantes a viver nas franjas de um jardim que jamais me pertencerá.
É na religião que encontro a resposta às minhas aspirações e ao meu futuro.
Sonho ser um herói, se possível um mártir (não são célebres e celebrados todos os mártires?).
Se abusar tenho o Corão que me protege.
e
SE quisermos ser honestos reconhecemos que a liberdade e particularmente a religiosa que é reconhecida e defendida por uns  é desafio para outros, tudo dependendo da cultura e até do nível económico – social.
Sempre assim foi desde 570 quando nasceu Maomé o ultimo mensageiro de Deus, depois de Adão, Abraão, Moisés e Cristo e  que 40 anos depois em Meca deu a conhecer o Corão que sustenta a fundação do Islão. 

A história do homem está tingida de sangue de uns e outros para imporem a palavra do seu Deus. Deuses  que ao que parece pouco trouxeram de felicidade terrena, mas apenas de promessas para pós – morte.
Interessante é também a constatação de que a emigração que líderes políticos proclama igualmente como um direito do ser humano é o fermento que tem levado primeiro, obrigatoriamente à (escravatura) depois como aparente ação voluntária   às mais profundas misérias e aos criticados e frequentes atos de terrorismo.




quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

DEUS DEVIA VOTAR

NOTA PRÉVIA
O texto que se segue foi escrito em 2008, portanto há 6 anos.. Alguém o leu e num desabafo afirmou : parece que és bruxo.
QUEM DEVIA VOTAR ERA DEUS
Desculpe, mas os amigos têm que ser sinceros.
Sente – se, caro leitor. Sente – se, porque vou dizer - lhe algo que  o vai assustar.
Não é só o dedo mindinho do pé esquerdo que me dói. É também uma daquelas sensações que me têm perseguido ao longo da vida e que, como aqui já pôde ter observado, se vão confirmando.
Não quero rivalizar com Sócrates e muito menos com a Maya, mas isto de prever, está – se mesmo a ver.
O futuro a Deus pertence, diz – se. E o passado não? Ora assim, também eu queria ser Deus.
Deus deveria votar. Ele é que, em principio sabe quem são os melhores. Mas na verdade  ele parece estar – se nas tintas
Tem permitido crimes sancionados por governos criminosos que mantêm a exploração de africanos, asiáticos e até portugueses. (vá a Espanha e verá portugueses a entrarem pelo Norte e africanos pelo Sul)
Qualquer Deus que se preze, deve chatear – se com isto.
Deus apoiou até agora, todo o Paraíso, onde, até a sua Igreja tinha conta aberta.
A alta finança, afinal, era a maior vigarice de todos os tempos. Serviu não só para extorquir da vida do cidadão incauto, como para manter legiões de pessoas á fome, na China, na Índia e claro, em nações árabes e africanas, onde morrem  dezenas de milhares de seres humanos por hora.
Com esta coisa da democracia, votamos, votamos e depois aguentamos tudo o que nos põem em cima. Agora, apanhamos com uma crise que dizem  não  ser nossa, mas claro que também é.
Não fomos nós que avalizamos o sistema em que estávamos ou estamos submersos?
Não votamos também nuns senhores que andaram nas TVs, afadigados  a dizer que o Estado não tinha nada que fiscalizar os privados, etc, etc? Senhores que ainda lá andam, mas ninguém já acredita neles. São até ridículos. Deviam ter vergonha e ficar em casa a contar enquanto podem, o que amealharam com as sua aldrabices.
 Não fomos nós que aceitamos todas as aventuras que aventureiros especuladores nos impingiram? Não somos nós, ou, com o nosso sacrifício, que numa derradeira estratégia, agora, vamos avalizar os Bancos que muitas vezes nos exigiram couro e cabelo?
A tal crise ainda não chegou. As verdadeiras broncas estão para vir; convulsão de toda a ordem, desvalorização do dólar, ou mesmo a criação de uma nova moeda por causa das dúvidas e depois, também a queda de todas as outras moedas, corrida ao ouro e á prata, os exércitos servirão para acalmar os cidadãos de cada país. A América vai ficar do avesso. Os chineses, a contarem os triliões de dólares, com que queriam comprar o império de Bush. A Europa a levar por tabela. Os árabes, magnatas, donos do petróleo,  a lamber areia, bem podem fazer do Dubai, um arraial de S. António, porque nem Maomé os safa. Todos, irão pedir contas uns aos outros e aniquilar – se como chacais esfomeados, sim porque a fome de dinheiro ainda é pior que a outra.
Ninguém me convence que esta crise, não é a maior manobra de todos os tempos para que a colossal força que tem dominado o mundo, e parece não ter rosto, o domine de uma vez por todas. A ciência, a técnica e a falta de escrúpulos, têm sido usadas habilmente sobretudo, nas últimas décadas. O dinheiro, foi passado avassaladoramente, como a droga. O mundo, estava a ser drogado a todo o instante.
É  que, hoje, tal como há milénios, ninguém é livre. Somos escravos, mas convencidos que não somos, o que ainda é pior. Quem pode dizer que é dono da sua casa, do seu carro, da cabeça do seu filho, ou do seu futuro? Mesmo os que tudo têm, estão nas mãos de uma sociedade doente e sinuosa, que, pela falta do vil dinheiro, treme que nem um pinheiro no Guincho em dia de nortada.
 Ainda está sentado? Então mande vir uma cervejinha. OK? Uma só, por causa do colesterol, ou da hipertensão. 
Fique bem e tenha calma. Resta - nos sempre a esperança que, tal como se diz “ Ele, escreve direito, por linhas tortas”.




sexta-feira, 8 de agosto de 2014

OBRAR VERBOS

Farto desta merda e incapaz de edificar um monumento onde obrar assuma o seu real significado limito – me a esperar como se um cão me tivesse deixado na base de um poste de electricidade.
Os tempos passam tal como o cortejo de caricaturas que só não fazem rir porque atrás delas vem multidões ignorantes e infelizes.
Gente que afinal aceita a mentira que grassa pelo mundo em progresso e espelha a desgraça desde a Palestina à Líbia, à Síria, ao Iraque, ao Oriente, a África e às Américas, tal como aqui na Repsol onde alinho estas linhas e devoro um scone.
Não nos podemos ficar com as crónicas egocêntricas embaladas em rosas, com as palavras partidárias carregadas de recados, com as festas de desbunda, futebóis e estatísticas marteladas, venenos sindicais enquanto na minha rua a morrer está um general de pés e mãos inchadas sem saber porquê.

   

segunda-feira, 14 de julho de 2014

MINHA TERRA MINHA PELE

Começo
a dar sinais de disfunção psíquica, o mesmo é dizer que estou a ficar marado. Acordo
de madrugada no Aries. A RDP diz – me que em Portugal desde há 2 anos cresce o
numero de mulheres grávidas que entram nas maternidades em estado de fraqueza
porque têm fome. Muitas, em consulta, têm que ser alimentadas com urgência
porque o bebe ainda na barriga não reage devido ao enfraquecimento da mãe. Nem
quero acreditar. Isto no meu País. Arrepio – me. Deixo o Aries e no exterior o
mar tranquilo. O dia está lindo. O Sol promete. Vou a terra.


Compro
o jornal e bebo um café cheio.Depois
conforme ia acordando ia abrindo os olhos. No Jornal Público pág. 12 aumenta o
número de crianças dos 6 aos 12 anos vindas de Angola e do Congo, traficadas,
com destino prioritário à Bélgica e Inglaterra, com o objectivo de serem
adoptadas para abusos sexuais, prostituição e trabalhos domésticos. Na mesma
página a madeirense de 23 anos, Lígia lamenta não estar no seu casebre, em
Porta do Sol, na festinha dos 2 anos do seu Daniel e na companhia da mana
Mariana que tem 4 anos.
É
que ela encontra – se no Estabelecimento Prisional de Cacela a aguardar
julgamento. É que há 4 meses tentou vender o Daniel a estrangeiros.
Estou
acordado, não duvido, mas sinto um vómito crescente. Volto à embarcação. Vejo –
me ao espelho e não gosto de mim, nem da minha pele.

PS –
vou tatuar na minha pele uma frase,
necessariamente feia .Se alguém ler este texto agradeço uma sugestão.







sábado, 12 de julho de 2014

RIA FORMOSAOnde a população abusou e o direito naufragou.



Fui hoje rever Armona, esta ilha do Levante da Ria Formosa, frente a Olhão onde estou atracado no Aries.
Sabia que à volta das várias ilhas intensifica – se a perseguição aos que por aqui construíram ao longo dos últimos 40 anos, a torto e a direito, sem eira nem beira em terrenos pertencentes ao Estado isto é a todos nós portugueses.



Excepto um reduzido número de pescadores, cidadãos mais ou menos endinheirados ou com muita coragem e “lata” assentaram arraiais para as férias das suas vidas, para seus negócios e ostentação. Sintomático é ver que muitas dessas casas hoje já pertencem a espanhóis, holandeses, alemães e franceses que apenas mostram que sabem escolher e têm posse.


Neste e nos outros paraísos da Ria oportunisticamente cresceram como mosquitos no Verão proprietários de casas a poucos metros das magníficas águas cálidas e serenas. Ao mesmo tempo os que lá tinham já erguido sorrateiramente uma casinha reduzida, fizeram – na crescer para um lado e para o outro, para cima, num emaranhado de telhados, paredes, espreguiçadeiras, barbecues, como sementeira de uma Benidorme louca e patética.