é um desabafo, uma dor de alma, um grito vertido assim, a medo, mas com uma vontade enorme de mudar o mundo, ou apenas mudar o autor.
terça-feira, 29 de maio de 2012
AGORA?
Sentei – me no Park Caffé, de que gosto particularmente, aqui, em Olhão. É moderno, as linhas são direitas e proporcionais. É simples. As linhas rectas tranquilizam - me, dão – me confiança. Não tem nada em excesso. O lado norte, está sempre à sombra e é fresco. O lado sul, virado para um grande relvado dá para esticar a vista e sentir que nem tudo é encavalitado. Esta sensação leva – nos a creditar que não estamos a mais. Não acotovelamos ninguém.
Jovens e velhos. Uns conversam, outros lêem os jornais, enquanto, lá dentro a olhar sem interesse na que salta de uma taróloga a vender a banha da cobra para uns “comis”, comissários da comunicação a fazer o mesmo que a taróloga. Uma tristeza. É esta a nossa sociedade, numa cidade que ficou no meio.
O dono, Carlos Morais, é um jovem professor de educação física, que gosta de restauração. É comunicativo, sabe ouvir e aprender. Gosta do desafio. Tem uma visão moderna das necessidades do cliente e do negócio. Soube disso, quando, na véspera, fui comprar bilhetes para o concerto de António Torrado no Centro Cultural, ali perto e ele quis oferecer – me uma bebida.
Hoje, porque tem wirless abanquei, no espaço norte, com o PC aberto.
Umas senhoras, já de alguma idade, mas com ares de raparigas modernas:- Olha quem está ali? De barba crescida… e toda branca.
- É ele não é?.
Enfiei a cabeça no teclado.
- O senhor fuma?
- Às vezes.
- Faz bem. Posso levar o cinzeiro?
- E lá foi, para direita, depois de cravar um cigarro, a um senhor que estava ao meu lado esquerdo e que, ao que parece, era seu conhecido do facebook.
Perguntei – me como é que duas pessoas que devem ser vizinhos, se vão conhecer, no espaço cibernético.
Tentei entrar no computador, mas a claridade era muita. Adiei.
Ao lado, estava já outro senhor aí dos seus 40 e poucos a conversar com o tal do facebook. Ambos com ar evoluído, de calções, chinelos e óculos escuros.
-É pá isto está tudo f….Então estes cabrões, é só roubar, só roubar e nós a ver?
-Não há quem os encoste à parede? Onde é que eles vão pôr o dinheiro que nos roubam?
-No estrangeiro e olha, aí, nas brutas vivendas que tu vez por este Algarve fora. Os gajos, tratam – se bem. O Salazar é criticado porque vendia a nossa imagem de “pobrezinhos, mas honrados”. Agora o 1º Ministro põe – nos, conscientemente, cada vez mais pobres e honrados. Honrados por sermos nós a pagar o que a classe dirigente, os seus amigalhaços e os Bancos, desviaram. E como isto não chega vendem o País que não construíram.-Isto não vai longe, não. Se pudesse dava um estrondo?
-Um estrondo?
-Sim, fazia barulho.
-Mas como? Onde? De que é que valia? Ninguém te apoiava. Somos uma cambada de cobardolas.
-Mas toda a gente pensa assim.. acredita. Vou é alistar – me num partido. Não quis, foi o pior que fiz.
Eu, fiquei de mãos a suar. Apetecia – me entrar na conversa. Dizer – lhes que há qualquer coisa a fazer, mas que se poupava muito sacrifício, muito sofrimento se houvesse outra comunicação social, que com isenção, sem representar grupos de interesses esclarecesse a população. Ainda fiz menção de falar. Juntei os jornais, meti o PC, no saco, paguei e pensei em não falar. Eles levantaram – se também e lá foram lamentando.
Não falei. Fala – se de escutas, de espiões, de bufos, de perseguições. Senti o mesmo arrepio que senti pouco antes do 25 de Abril, quando num café em Lisboa me virei contra um homem que procurava ler o texto que escrevia e que se destinava à imprensa estrangeira.
-Vá se quiser, prenda – me, vá. O que estou a escrever não é mentira nenhuma…- Estrilhei. O homem meteu o rabo, entre as pernas e cavou a expirrar chamas pelos olhos. Já nessa altura, eu estava com o espirito da perseguição. Voltei a ter uma crise. Agora?
domingo, 27 de maio de 2012
ESTAMOS NA MISÉRIA
Toda a gente
a pedir. Nunca tal foi visto no nosso país. Esta é a realidade que nos
envergonha.
Quase um
milhão sem trabalho. Gente para a rua por já não ter casa. Famílias
desesperadas.
Já não há
classe média. Há a rica e a pobre.
É triste ver
as campanhas que o poder promove ao fazer apelo ao que chamam solidariedade, à
mendigância, ao salve – se quem poder. Aumenta a violência. Rouba – se na
banca, no cobre dos fios eléctricos, nas batatas da horta , tudo vale para
meter ao bolso.
O Banco
Alimentar, ou seja, as campanhas cada vez mais, frequentes às portas dos
supermercados, para socorrer os mais carecidos de nós, é verdadeiramente
aviltante.
Nesta fase,
quando um povo tem que mendigar para viver, só podemos concluir que se deve à
incapacidade dos seus governantes.
Serem
incapazes de proporcionar aos cidadãos o mínimo para viver, com dignidade é a
prova de que nada estão a fazer a não ser encaminhar a pouca riqueza, que nos
resta, para o bolso dos seus patrões. A economia manda na politica e não o
inverso.
A população,
pobre e não esclarecida, ainda dá de si própria. Condoída, como num acto nobre,
dá esmola : “Hoje sou eu, amanhâ poderei
ser eu a precisar. Não posso ver ninguém com fome. Temos que nos ajudar uns aos
outros.”
E ignora que
quem poderia dar efectivamente, não dá nada, nem o que tem em excesso.
É
intolerável.
Dar esmola
avilta quem recebe e envergonha quem dá.
O que é
preciso é outra política, outros líderes.
Estes não
sabem em que país vivem. Se sabem, não
respeitam os cidadãos que neles votaram. É uma mentira, um logro que urge
corrigir e se possível, castigar.
Mas tudo
continuará enquanto não houver órgãos de comunicação livres do controlo
económico e financeiro.
PINGOS NEM
SEMPRE DOCES
Uma
pausa, na outra escrita, para vir aqui
debitar pequenas coisas que vão enchendo o saco da alma como o lixo que se
debita no saco de plástico do supermercado e, sempre que vou a terra, lanço ao
caixote.
Não menospreso, quem ler isto, se houver quem leia claro está. Reconheço que devemos
estar fartos de literatices.
Estes
pingos, nem sempre doces, afinal, são um breve testemunho de quem lançou ferro
numa das cidades do litoral, mais próximas da
espiritualidade dos nossos antepassados. Talvez, para fugir às modernices
tacanhas dos média que se esforçam por parecer evoluídos e actuais, não sabendo
eles, que a vaidade bateu no fundo pela sua vacuidade e redundância e que hoje
nasce uma outra forma de encarar a vida. E esta, será a que vai vingar, como a
semente da figueira que se ergue num muro, ou entre penhascos. E dará figos que
alguém comerá, bem dizendo a terra e o repetido milagre da vida.
terça-feira, 22 de maio de 2012
EUROPA QUE FUTURO
GORDURA MORBIDA
Sociologo Jaques Amaury - Universidade de Estrasburgo
"O que acontece é que a Alemanha e não
só, quer virar o mapa socio - económico da Europa para continuar a engordar e
para sua defesa vital e garantia dos seus cidadãos e da sua história.
O que está a fazer e forçar é apenas
uma estratégia para salvar o seu futuro.
Como sabemos, na Europa rica - Alemanha, Grã – Bretanha, Holanda, França
Dinamarca, Suécia, Noruega, Bélgica e Suíça, está – se a prever um fenómeno que poe em perigo, já
daqui a 10 anos, o seu futuro.
Os ricos aproveitam – se da falta de
democracia nos paises ditatoriais, Paises Arabes, em África e na China para abrir
portas à mão de obra barata para si,
sobretudo em tarefas que os seus, não querem executar.
A população muçulmana, em algumas
cidades, como Marselhas, está a atingir
dimensões tais que se admite, poder igual e suplantar, até a dos locais, dentro de pouco tempo. O numero de
mesquitas aumenta mais que as igrejas. As mesquitas enchem – se, as igrejas estão vazias.
A sharia, o código de leis do
islamismo, exige uma luta constante, por qualquer meio aos muçulmanos até
“dominarem o mundo” e acabarem com o cristianismo e outras religiões.
Os islâmicos reproduzem – se muito
mais (cada muçulmano pode ter 4 mulheres), enquanto os locais evitam por comodidade ter filhos, a
população idosa está a aumentar enquanto o numero de jovens locais está a
diminuir, crescendo as novas gerações de emigrantes, com boas condições sociais
e “direitos, liberdades e garantias”. A vida é para o emigrante
incomensuravelmente melhor que a que os governos corruptos e incapazes dos seus
países permitem.
Tem sido muito conveniente a miséria
de uns, para benefício de outros.
A capacidade organizativa dos
emigrantes graças ao seu actual (novas gerações) nível cultural e acesso a
novas tecnologias permitem – lhes elevar o seu tom reivindicativo, com
incidências sociais, culturais e policiais, que se torna já incómodo e de mau
presságio.
Os partidos locais de direita
xenófobos, crescem porque prometem afastar o perigo que mora às
portas e ao lado dos nacionais.
Mas os países ricos não poderão
continuar a usufruir da sua qualidade de vida sem emigrantes que não controlem.
Assim a única solução é criarem em Portugal, Grécia e Espanha as condições para
que sejam estes a exportar a mão de obra domável e tranquilizadora.
Além disto, poderão, sem antagonismos,
continuar a disfrutar dos campos, praias e belezas destes países que nada mais
verão que o turismo e a emigração, para fugirem à miséria.
O esquema está de tal modo lançado e
habilmente orquestrado, que por exemplo, em Portugal até o seu primeiro ministro
sugere à juventude que emigre, num gesto de uma crueldade, de falta de
ambições e respeito pelo futuro de um país com 900 anos de passado. Esse
conselho é revelador do que está por detrás do plano maquiavélico de Merkel
apoiado pelos governantes portugueses, acompanhados pelos meios de comunicação
que mais não fazem do que criar superficiais problemas individuais ou partidários e
distrair a população, com folclores, num logro, como se Troika fosse uma sorte grande."
quarta-feira, 14 de março de 2012
china e portugal oioioioi
A China é um país comunista com mais de mil milhões de habitantes, que continua apregoar os méritos da sua Revolução de Mao. Portugal tem 12 milhões e apregoar a sua Revolução dos Cravos.
Porque é que a China, apesar de ser comunista se tornou, mesmo não acreditando, capitalista?
Vejamos: há pouco mais de 10 anos, os 50 mil dirigentes - representantes do P. Comunista Chinês, vendo que o país não atava nem desatava, resolveram esvaziar o Estado e privatizar as máquinas industrial, comercial e agrícola.
Como era um país de partido único, foi simples. Deram aos membros do partido que estavam à frente da unidades, o direito de passarem a ser proprietários das mesmas, sem despenderem um tostão e, a tornarem – se patrões de dezenas de milhões de empregados que até, aí seriam “funcionários públicos”. Umas empresas faliram, mas a maioria, graças às condições excepcionais, tornaram os seus proprietários e membros do partido a classe rica e ostentativa, a classe dominante. Os operários, esses aguentam, baixíssimos salários, a inclusão de trabalho infantil nas fábricas e campos agrícolas e “bico calado”, porque, segundo os lideres, “ direitos humanos só quando tudo estiver estabilizado. Agora, são precisos sacrifícios a bem de todos e sobretudo, da China”. E assim, um país que se assina Republica e “Comunista” torna – se, num golpe de mestre, no pais mais capitalista que é possível imaginar, a crescer em poderia militar e em ostentação, e investindo seja onde for, desde Africa, Europa e América muito especialmente em países emergentes e ditaduras recomendáveis, como Angola.
Ora, em Portugal, mais ou menos no mesmo tempo, a manobra tem semelhanças.
Vence as eleições “democraticamente” entre aspas, um partido que é declaradamente liberal, pró - iniciativa privada, pró – capitalismo , pró – privatização, pró – liberdade de entrada e saída de capitais, etc, e uma missão clara de esvaziar o Estado, na continuidade do que o anterior vencedor, dito “Socialista” mais tímido, anunciava.
Hoje, o poder político e o capital, estão nas mãos dos políticos que saem e entram no partido, conforme as conveniências. Entram para as grandes empresas para as armadilharem para as privatizações de que eles fazem parte e são por isso escandalosamente, compensados. Formam – se centenas de PPP onde encaixam os militantes partidários. Ocupam lugares estratégicos nos jornais, tvs, rádios e autarquias. Enquanto isto a população, embalada por uma comunicação social hábil e manipulável, sem entender a esparrela em que caiu, interroga - se como, tal como o chinesinho, muda de patrão e faz cada vez mais sacrifício, até comprometer o seu futuro e o dos filhos e netos, para “salvar Portugal”.
Curiosamente, os comunistas chineses que estrategicamente, sempre, antes e agora, foram e são vistos como uma ameaça à tal “democracia” que os portugueses defendem até à ultima gota, negoceiam e investem em países capitalistas, como Portugal onde a população, tem agora, alegremente, como principais patrões (EDP – EN- etc ) o próprio Partido Comunista Chines.
Isto acontece porque os dois processos têm muitas semelhanças, mas o futuro de uns e outros não será exactamente o que esperam, já que negócio sem moral e vida sem princípios, leva sempre a maus resultados.
quarta-feira, 7 de março de 2012
VAMOS À CHINA????
Pensava que ir à China era como ir à Caparica e comer uma caldeirada. Não é bem, até porque lá não há caldeiradas.
Fiz umas anotações que acho pertinentes.
Tempo – Fevereiro – Março – muito frio, mas não tanto que invalide meter o nariz onde nos apetecer, sobretudo se em Cascais houver sol.
Zona – Pequim. Historicamente, terra de origem de Mao, estação terminal do famoso comboio da longa viagem 751, a Cidade Proibida, a segunda cidade da China, uma vez e meia a população de Portugal, o pato à Pequim, etc, é das mais interessantes e depois, China é China onde quer que seja.
Viagem – via Amesterdão. Foi a segunda vez que aterrei no Schiphol, desta cidade holandesa. Dei umas voltas, entre voos e fiquei mal impressionado. Muitos imigrantes, um consumismo cansativo, preços elevados, desde o Mac Donald ao Cartier, obras em todos os cantos da cidade e muitos cuidados com os larápios que parecem estar em todo o lado disfarçados de paquistaneses, indianos, nigerianos, sul americanos, árabes ou mesmo holandeses.
Viajar na KLM é outra coisa; Um 747 desafia os céus com a tecnologia e comodidade que o meu avô jamais imaginara. A 10 mil metros de altura e a mais de mil Kms/hora, apesar de viajar no sentido inverso do globo, de dia vê a Alemanha, cheia de neve, o Baltico, a Finlândia, depois a incomensurável Rússia também coberta de neve , a Mongólia aparentemente deserta com os picos conhecidos e por último, depois de uma cordilheira de montes negros, como muralhas, a longa planície chinesa de Beijin onde a centenas de quilómetros começam a ver – se, com um rigor geométrico, impressionante, zonas industriais, agrícolas e habitacionais, como se tudo estivesse organizado num puzzle rigoroso traçado por uma interminável régua.
A disponibilidade áudio visual, a gentileza hospedeira, com o conhecido sorriso holandês amenizam as mais de 10 horas.
Aqui e acolá o cantarolar mandarim lembra que estamos a chegar à Ásia.
E depois de rodearmos uma interminável cidade de arranha céus, que deixara para trás as fábricas e os campos, pousamos num dos maiores aeroportos do mundo onde os símbolos da flor de lótus de assinala desde as unidades pequenas às enormes, das várias companhias nacionais e internacionais da China.
Recomendações – viajar para este país sem algumas precauções é mergulhar num poço cheio de dúvidas.
Assim
1º saber com algum rigor o cambio do Yuan que varia da noite para o dia, conforme os americas sorriem ou o o sr Wen espirra. Deve levar dólares para comprar mais vultuosas.
2º - saber que os motoristas de praça são funcionários públicos e portanto…(desculpem os f.p.) quanto menos trabalharem melhor e exigir que trabalhem, mesmo se se recusarem, alegando por exemplo que não entendem. Para tanto, basta chamar a atenção dos muitos policiais que andam por todo o lado.
3º - pedir para alguém escrever em mandarim o local para onde pretende deslocar – se, já que ninguém fala inglês e os que falam não se entendem, nem entendem o que dizemos.
4º - Antes de entrar no táxi, mostre o nome em mandarim. Depois ele dirá quantos yuans. Você aceita ou não. Do aeroporto até ao hotel , junto à Cidade proibida, numa viagem de uma hora paguei 10 Euros.
5º Há táxis – motorizados com dois lugares. O preço é outro e não podem ir a todo o lugar. Há também o tradicional “riquexó”, a pedal para uma ou duas pessoas. Só dá para um ou dois quarteirões ou para andar nos bairros mais complicados, mas não recomendo, porque nem sempre neste serviço medieval, o largam no lugar combinado, nem é muito do nosso estilo ir atrás de alguém a bufar por todos os poros, mesmo sendo ele um chinês que não nos fez mal nenhum.
6º - Gorjeta – não é hábito ali dar – se gorjeta, essa vitamina fundamental, dinamizadora, na nossa sociedade. Às vezes, se insistirmos, eles até afinam, até porque os táxis e as refeições são baratíssimas.
7º Não discuta com um chinês. Vai ser um diálogo de mímica em que ninguém se vai entender e ficará tudo na mesma. Chamar a polícia é ainda mais complicado porque ali a Policia não dialoga; prende e depois logo se vê. E não dá para lhe explicar que teve a má ideia de votar no Passos Coelho porque nem sabem que existe um país chamado Portugal.
8º Apenas pode discutir com um chinês se ele for vendedor seja do que for. Começam por pedir um preço 3 vezes superior, depois descem até um terço ou menos.
Pergunta qual o preço e ele apresentam – lhe logo uma calculadora com dígitos grandes onde você escreve quanto oferece. Depois ele desce e você sobe, ante expressões de profunda discordância, surpresa ou até indignação, mas a opereta chega a ser emocionante se se tratar de um computador ou uma câmara vídeo que você pensa ser de origem e afinal é “ chinês”. A verdade é que faz tudo menos qualquer coisa e não tem garantia, nem você pensa lá voltar para protestar. Um amigo meu comprou um GPS por 20 Euros. Quando usou em Portugal os mapas apareceram legendados em chinês.
Adoro Arroz de pato. Diria que fui à china mais para ali comer o arroz de pato que às quartas feiras costumo comer aqui em Oeiras. Pois parece que ali ninguém conhece o arroz de pato. Há pato à Pequim, com uma miscelânea de acompanhamentos inimagináveis, mas como cá, não há.
A comida é agradável e baratíssima. Uma lauta refeição com bebidas e chás não ultrapassa os 6 euros. Excepção para um repasto em que mandei vir uma garrafa de vinho tinto chinês Changyu de origem na região e por sinal não era pior que o D. Ermelinda de Palmela que já está caro. O preço também não foi exagerado.
Para quem pensa vir à China aqui se recomenda que comece a praticar comer com pauzinhos. É que na maioria dos restaurantes não usam talheres e começar ali, com alguma fome é a vingança deles.
Uma amiga que fiz por lá, de olhos em bico, e que entrava em delírio quando me via os cabelos dos braços, tentou levar – me a comer cão, ao restaurante predilecto dela. Ante a minha recusa, lamentou porque o cão é para ser estimado e apreciado dizia; os grandes são para os grandes jantares e os pequenos para os pequenos - almoços. Contentou – se com um pato e uma sopa divinal de tofu que jamais esquecerei, mas ela, passou a chamar – me hairy monkey.
Nem tão pouco, parei na rua numa sucessão interminável de tendas, a provar escaravelhos fritos, aranhas, cobras, lagartos, vermes, minhocas, e um sem número de pitéus que me deram a volta ao estomago, até a imagem passar a recordação ténue de um pesadelo.
OS CHINESES – São mais que muitos.
TRANSITO
Deslocam – se sobretudo em bicicletas e muitas delas motorizadas a electricidade. Ninguém usa capacetes. Motos com motor de explosão, vi duas ou 3 entre milhares de eléctricas. Mulheres com crianças, casais de idosos, famílias inteiras pedalam ou aceleram sem barulho em intermináveis filas que não obedecem a quaisquer regras de trânsito.
A verdade é que não vi acidentes.
Os automobilistas usam com frequência o cláxon, mas se assim não fosse, não haveria bate chapas que chegasse.
À noite só os automóveis é que usam iluminação. Os ciclistas e motorizados esses aparecem do escuro com a graça de Deus e sorte de chinês.
COMERCIO – Não há empregados de comércio com mais de 30 anos. Só jovens, simpáticos, mas que não revelam qualquer saber sobre a matéria. Sorriem e digitam. A característica que parecem privilegiar, é a de não largar o cliente.
Se você para frente a uma sapataria num instante está descaço ou com um sapato de cada modelo.
Um amigo meu entrou numa loja de massagens aos pés. Descobriram – lhe, pela reflexologia, um problema de intoxicação que o levou a adquirir uma colecção de chás vindos dos Himalaias e apanhado apenas por mulheres, para 3 meses e meio, tempo do tratamento e a deixar ali o equivalente a quase 3 mil euros.,
Pela minha parte a Drª Jun Dong, uma chinesinha encantadora, que explicou eloquentemente as diferenças entre as medicinas ocidentais e orientais, apenas conseguiu vender – me um pacote de saquetas com açafrão, para imersão dos pés. Isto porque prometi, se me sentisse mal encomendar via mail um tratamento completo. A verdade é que, estou a melhorar, tanto mais que a ida aquele centro de massagens ocorreu depois de termos tentado subir uma parte considerável dos 5 mil quilómetros da muralha da china, local de facto impressionante de beleza, engenho e esforço humano.
Ainda falando de comércio, outra advertência – Sempre que entra numa casa de chás, de cristais, de arte, museu ou coisa assim tem que estar preparado par o lado comercial, isto é: a curiosidade não se esgota na simples visita. Adquirir objectos, recordações, documentos, curiosidades é o aspecto subjacente à visita. Os preços em principio são exagerados porque está na fábrica em presença dos artistas e fascinado pelo engenho desembolsa, o que por certo noutros locais encontraria muito mais barato.
Conto o caso não só das vezes em que assisti à maneira tradicional de servir o chá e como fui pressionado a adquirir o mesmo chá que com relativa frequência compro aqui na Casa da Guia de Cascais. Mas mais original foi no final da visita á Cidade Proibida. Proibida porque foi o local onde desde o século XIV viveram os imperadores até 1994 altura em que os japoneses invadiram a região e levaram – no para a Manchuria.
A obra de 72 hectares foi construída por mais de um milhão de operários durante 14 anos.
É de opulência de um endeusamento impressionante, desde o local onde dormia o imperador com as suas esposas, com as suas 360 concubinas e eunucos, os pavilhões palacetes, para os irmãos e mãe do imperador, e para os militares, numa fortaleza inexpugnável, feita até ao ínfimo pormenor no sentido de defender o intocável imperador. Foram durante mais de 4 séculos, até 1911, 24 os imperadores, 14 da dinastia Ming e 10 da dinastia Qing
Depois de uma visita onde se viam visitantes especialmente chineses vindos da Manchuria, do Tibet, de Kan e da Mongólia, que nos olhavam com curiosidade porque alguns nunca haviam visto um europeu, a guia esclarecidíssima e muito profissional introduziu – nos numa dependência onde um senhor escrevia em caracteres chineses. Fomos apresentados: aquele senhor era, nem mais nem menos, um sobrinho do último imperador Puyi. Professor de caligrafia na faculdade de Pequin, desloca – se ali duas vezes por semana. Segundo a guia eu tivera muita sorte por encontrar o familiar do imperador, em pessoa, que poderia escrever, por exemplo, o meu nome em mandarim e ainda; que grande sorte…. por o ter visto e cumprimentado.
Escusado será dizer que não lavei a mão durante três dias.
HOMENS E MULHERES
São simpáticos e simples de forma geral. Confesso que olhei mais para elas, mas reconheço que todos são magros ou melhor, não gordos. Estatura semelhante à dos portugueses. Comem pouco, muitos vegetais e bebem constantemente chá. Aliás, cerveja e vinho são raridades.
Elas, são particularmente graciosas, diria mesmo elegantes na maioria nos seus trajes negros, calças e blusas ou simples casacos.
Nota – se no entanto que as novas gerações começam a ser impressionadas por novos estilos. Elas, com saias das quais saem folhos rendilhados , flores na cabeça e já uma profusão de telemóveis, vendo – se ipodes e ipeds, com os indispensáveis auriculares, que por estar frio estão sob orelhas de pons- pons que lhes dão um ar original.
Há um aspecto porém que me intrigou.
Numa noite entrei num Mac Donald`s que estava aberto toda a noite. Bebia a minha coca-cola para variar quando á minha frente uma chinesinha passa a usar freneticamente uma escova de que molhava num copo de onde bebia e depois tranquilamente, cuspia num outro.
Num restaurante, perto da praça Tianamem, uma jovem acompanhada por duas outras pára de chupar o esparguete e como se isso fosse natural, inicia com a unha do dedo mindinho da mão direita uma pesquisa desalmada de macacos no nariz, acção que culminou com o uso do guardanapo com que continuou o repasto.
Ora esta falta de modos ou como diria um ocidental, de educação é o reflexo de um país que cresce diariamente, a um ritmo inimaginável até há pouco. Não há ali a noção de pobreza mas sente – se que há gente pobre e gente muito rica. Não há pedintes, mas há lojas das mais caras marcas do mundo que chocam qualquer desprevenido.
Um telemóvel de marfim com incrustações de marfim, numa figura de dragão porque entramos no ano do dragão, custava a módica quantia de 17.500 euros. São muitos os carros de marcas alemãs de elevado preço, ao lado das mesmas marcas, já fabricadas na China.
Diz – se uma republica comunista, mas abre – se declaradamente à iniciativa privada num casamento difícil de digerir e sobretudo de comer com pauzinhos.
Altamente preparada do ponto de vista militar, sem dar nas vistas, excepto na enormidade e luxo das infindáveis avenidas (Pequin) com os mais arrojados arranha – céus a perderem – se nos horizontes, esconde um pais controlado, que ainda apela, como num folclore permanente, mas anacrónico, à imagem e mensagem de Mao. Mas, se atentarmos, descobrimos que não é tranquila a vida naquele país de 1. 400 milhões de seres que ao saírem da miséria, anseiam por se parecerem prósperos e ricos. Não virão a ser todos e muitos, continuarão a magicar em silêncio, insatisfeitos à espera de Mao.
A ajuda e o exemplo do ocidente não são o melhor para o tigre que eu diria o dragão aprender, agora que parece ter acordado.
O futuro próximo o dirá.
sábado, 18 de fevereiro de 2012
LAGRIMAS DE ESPERMA
É um crime de lesa história, é o avançar com uma fraude, para esconder outra e outras. Uma mentira não apagar outra e fica tudo resolvido. Não, os povos têm alma. E memória.
Sentimos que vivemos em transe à espera da libertação.
O que estão a fazer ao povo português não se faz. Alguém já paga caro por isto; o sofrimento, a miséria, o suicídio, a prostituição, a violência, aumentam a olhos vistos.
Vivemos num bordel de champagne e pobreza, de luxo e doença.
No rosto dos portugueses lê – se o duro sentimento de nostalgia ditado pelo dia – a dia cada vez mais decadente e doloroso.
Os políticos obrigam – nos a prostituir – nos, como se isto fosse o castigo e a solução moral para a vida que temos levado.
Ensinaram – nos coisas bonitas em que acreditávamos e agora oferecem – nos os risos pré - fabricados do Relvas, os punhos de Passos, o ar patético de Seguro, o expressão numérica de Cavaco e a trágico – cómica de Jerónimo e Louça, marionetas, senhoras do seu papel.
Não. Não sabemos o que faremos daqui a 10, a 20 anos, amanhã sequer. Nem sabemos se nos encontraremos.
O mais provável é, neste bordel, virmos, como num filme de terror a chorar lágrimas de esperma.
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