sábado, 18 de fevereiro de 2012

LAGRIMAS DE ESPERMA



É um crime de lesa história, é o avançar com uma fraude, para esconder outra e outras. Uma mentira não apagar outra e fica tudo resolvido. Não, os povos têm alma. E memória.
Sentimos que vivemos em transe à espera da libertação.
O que estão a fazer ao povo português não se faz. Alguém já paga caro por isto; o sofrimento, a miséria, o suicídio, a prostituição, a violência, aumentam a olhos vistos.
Vivemos num bordel de champagne e pobreza, de luxo e doença.
No rosto dos portugueses lê – se o duro sentimento de nostalgia ditado pelo dia – a dia cada vez mais decadente e doloroso.
Os políticos obrigam – nos a prostituir – nos, como se isto fosse o castigo e a solução moral para a vida que temos levado.
Ensinaram – nos coisas bonitas em que acreditávamos e agora oferecem – nos os risos pré - fabricados do Relvas, os punhos de Passos, o ar patético de Seguro, o expressão numérica de Cavaco e a trágico – cómica de Jerónimo e Louça, marionetas, senhoras do seu papel.
Não. Não sabemos o que faremos daqui a 10, a 20 anos, amanhã sequer. Nem sabemos se nos encontraremos.
O mais provável é, neste bordel, virmos, como num filme de terror a chorar lágrimas de esperma.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

ATÉ QUANDO???


Escrever para si próprio é falar para o espelho.
São cada vez mais os portugueses que não conseguem publicar o que escrevem.
Assim, escrever será um acto narcísico? Talvez não.
É sim um acto de desespero e de alarme.
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Qualquer cidadão português consciente, tem a noção exacta que está a ser ultrapassado por uma máquina avassaladora que desenvolve um conto do vigário com dimensão nacional. O homem comum sente - se, cada dia que passa, mais impotente, ante o cerco hábil que lhe teceram.
Não queria eu cair na linguagem corrente em que se diz que o que hoje se faz em Portugal é criminoso, uma nojeira, uma traição, uma estratégia de gente (políticos e investidores) sem escrúpulos, nem dignidade, etc, mas, honestamente, não poderei andar longe desta convicção.
Temos vindo a observar impávidos, a estratégia que a finança internacional ou seja, os investidores desse estranho mercado, sem rosto, que a todos domina e corrompe, através dos seus mandatários na política nacional, pondo em prática, uma estratégia que esvazia por completo a bolsa dos pobres e transforma em pobres os que até aqui viviam na mediania.
De forma trágica e até ridícula o sr Passos Coelho diz com o dedo em riste que os portugueses viviam acima das suas possibilidades, mas esconde que o país que governa é na EU aquele que tem mais desnível entre ridos e pobres. Essa verdade que tudo explica é ignorada por um político que se limita agora a pagar, diz, o que devemos. Mas devemos quem?
A milhões de cidadãos não foi dado nada mais do que foi estabelecido e acordado, como fruto de décadas de trabalho. Se entregaram dinheiros vindos do exterior ele foi para bancos e empresários que não deixaram AINDA, de viver á tripa forra com a bênção de Paços Coelho.
A população até aceitaria o desafio se quem apela ao seu esforço desse mostras de honestidade ou boas intensões, mas, tal não acontece; o 1º ministro desdiz em absoluto o que, antes das eleições que lhe deram a vitória, jurou, nunca fazer; não aumentar impostos, não vender o património, não beneficiar clientelas etc. O que vemos é exactamente o contrário: os impostos asfixiam, a venda do património é o seu grande negócio, as clientelas estão bem definidas e defendidas.
Acaba de nomear António Borges para dirigir a Comissão que vai vender, em saldo, o que resta deste país que herdamos do Afonso Henriques e do Salazar. Esta figura mandatária do FMI, afia os dentes aos maiores negócios, jamais vistos por estas paragens. Foi escolhido à medida do comerciante mor e de interesses inconfessáveis.
Se tudo isto não é um caso de polícia…
Não nos enganam.
Aparentemente, há hoje, como que uma abertura na informação, ao observarem – se abordagens, criticas que vão desde a falta de tacto do próprio PR, ao caso do vagabundo que roubou num Pingo Doce, um pedaço de polvo congelado e um shampoo, mas não nos iludamos; isto é fumo para os olhos, enquanto se procede ao avanço sistemático na venda de património, na consolidação das PP e na estratégia do real empobrecimento da população.
Sugerem à juventude a ida para o estrangeiro porque sabem, como querem, transformar o país. Não nos admira que construam uma ponte, em cada capital de distrito, para quem se quiser suicidar.
A verdade continua escondida… até quando?

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

MAÇOM ? EU?


APRENDIZ DE MAÇOM
Quando agora, a Maçonaria vem à ribalta, numa luta acesa de poderes no meu pobre país, também, tenho uma história breve, mas que me parece interessante para contar:
Decorria o ano de 1998. A RTP apostava nas emissões directas da Expo onde tinha instalado um estúdio na caravela D. Fernando e Glória.
Daí, diariamente emitia reportagens, entrevistas, notícias sobre o evento que tinha dimensão mundial.
Eu, depois de ter sentido os primeiros sintomas de afastamento das lides profissionais, acedi com bom grado, à possibilidade de fazer um trabalho interessante e atractivo.
O momento era conturbado. 24 anos depois da Revolução de Abril era mais que evidente o avanço dominador do poder económico sobre o político e a Comunicação Social era o instrumento onde mais me apercebia da manobra, paulatinamente engenhada, para o tão almejado objectivo das forças mais conservadoras do País.
A informação não era livre. Os meios, entravam num beco sem saída.
As forças de esquerda, como sempre mais empenhadas em se digladiarem do que em estudarem e defenderem os seus pontos comuns e com eles enfrentarem as direitas, hábeis em alimentarem o medo atávico da população ao comunismo e por arrasto, ao socialismo.
Os de direita com perfeita aquiescência do PS, faziam a sua jogada reptícia, nomeando administradores, directores, chefes de redacção, jornalistas e um elenco de fazedores de opinião, “prêt à porter”, que perfilhassem os mesmos objectivos. Ao mesmo tempo, elaboravam listas de “personas non gratas” e de colaboradores mais domesticáveis.
Isolado no meio, procurei uma ajuda junto de colegas que me entendessem. Por sugestão de Fialho Gouveia, acedi, ir a uma reunião do PS, partido que em princípio me garantia a abertura necessária, já que fora no seu reinado, na RTP, que eu entrara pela mão do memorável Edmundo Pedro, que logo, pouco depois, cairia em desgraça. Fui à reunião no Teatro Vasco Santana na Ex Feira Popular.
Caras conhecidas entravam para uma sala quase cheia. De braços abertos, o anfitrião mal me viu, manifestou ruidosamente, regozijo pela minha chegada. Era ele nem mais nem menos que Igrejas Caeiro um democrata que anos antes me afastara da Ex. Emissora Nacional depois RDP, após uma queixa que fizera, na sua qualidade de director, por, alegadamente, ter abusado da Liberdade de Imprensa, contra o então P.R. Ramalho Enes.
A minha alma tropeçou logo que tão grande alegria me abriu os braços, quando dois anos depois de Abril, os mesmos braços, me tentaram sufocar, atirando – me para o desemprego e para a eminência de ter que emigrar.
Curiosamente, acrescento aqui que, fora Igrejas Caeiro, do PS, quem, assim, me obrigaria a pensar em partir para a Venezuela e que quando já no aeroporto, comprava os bilhetes, numa, ao mesmo tempo, chegada de Mário Soares, Edmundo Pedro também do PS, me quis conhecer e me convidou a ingressar na RTP.
Não acreditei nessa possibilidade, mas adiei a partida.
O certo é que já andava numa roda-viva em reportagens na RTP – Telejornal quando, após ter sido absolvido na primeira instância pelo Tribunal da Boa Hora, e até louvado pelo Juiz pela “exemplar peça radiofónica no programa DOMINGO FANTÁSTICO” fui condenado na Relação, a 6 meses da cadeia, pelo mesmo “abuso”.
A verdade é que não esperava que o sr Igrejas tivesse recorrido e porque não queria tornar – me alvo na imprensa, por ser o primeiro jornalista a ser condenado, depois do 25 de Abril, preferi calar – me e aceitar o castigo que não merecia.
Por isso, mal me afastei do abraço de recepção no Vasco Santana, clamei que tinha deixado o carro mal estacionado e que teria de ir num instante, resolver a questão. Claro que não voltei e durante anos me perguntaram porque desapareci dali, em dois tempos.
Mas voltemos à Maçonaria:
Estava na caravela D. Fernando e trabalhava com um colega e posso dize – lo, um amigo por quem nutria alguma admiração. Esforçado, perspicaz, astuto tinha boas qualidades de jornalista capaz de furar paredes e muralhas. Já nos dávamos bem há vários anos e não poucas vezes falavamos da asfixia crescente que se avolumava na informação.
Um dia, pediu – me que conhecesse alguém, importante, que gostaria de me falar sobre a questão que nos preocupava.
Lá fomos, no dia e hora marcados, a um andar debruçado sobre Lisboa, no Príncipe Real, onde um senhor, simpático, muito atento, a imanar integridade e inteligência, que mais tarde vim a saber ser Fernando Teixeira, o Fundador da Loja Maçónica, Casa do Sino, a sós, me ouviu durante mais de duas horas, sobre tudo o que para ele eram dúvidas importantes da vida e da minha profissão.
Voltamos ao trabalho. O meu colega rejubilava. Eu tinha caído nas graças…
Entretanto Carlos Pinto Coelho numa aproximação simpática, como só ele era capaz, auscultou – me sobre a eventualidade de entrar para a Maçonaria. Para mim, confesso, era como entrar para o Benfica ou o Porto. O que eu queria era que a informação mudasse o mundo e que em Portugal houvesse conhecimento e sensibilidade suficientes, para alterarmos a corrente trágica que se aproximava, sob o perigo de perdermos tudo o que havíamos conquistado, ou que julgávamos ter conquistado. Um aperto de mão muito especial do Carlos como quando se despedia do “Acontece”.
Nas vésperas de um sábado. Um telefonema do meu colega “Sábado vem com duas horas de antecedência. Vem de fato preto, gravata preta e prepara – te para dares um passo im - portante”.
Já desconfiava. Mas a curiosidade não me tolhia. Como é que seria? Quem seria? Que Objectivos? Era puro jornalismo. Farejava situações, rituais, segredos, acções que me mostrassem outras faces dos homens.
Já lá estava dentro do carro quando cheguei ao Parque das Nações. Arrancamos a acelerar para Cascais. Fui ouvindo os seus conselhos e recomendações.
Passamos ao lado da Estação, ao lado do Mercado e paramos onde nos foi possível num largo junto à vivenda 21 que parecia sem ninguém. Era a Casa do Sino da Grande Loja Regular de Portugal. Tocou à campainha. Alguém abriu. Entramos. Saudados por alguém vestido de negro entramos para uma sala onde outros nos olhavam com algum espanto. Retribui ao descobrir colegas, até repórteres do desporto, vereadores da CM Cascais, gente que me habituara a ver aqui e acolá.
Afastado do grupo fui levado para um outro local onde começou todo o ritual de iniciação que descreverei noutra altura.
Importa dizer que, primeiro com apenas muita curiosidade, depois, mercê do peso do cenário, do ritual, das palavras e da tensão criada acabei por jurar com convicção às ordens imanadas, mas, subliminarmente emergia na minha consciência, sempre a minha convicção de que o faria apenas para a finalidade que me levara ali. No fundo, no fundo, sentia – me um intruso, com boas intensões.
Uns meses volvidos em que eu me imaginava em observação, ocorreu um incidente que colocou ponto final à minha acção maçónica.
Era um final de dia em que todos tínhamos trabalhado intensamente. Naquela redacção estávamos apenas; eu, a planificar o meu dia seguinte, o meu colega a terminar uma reportagem e uma secretária.
Toca o telefone. A secretária atende; “Sim, sim . (Pôs a mão no bocal) Alguém viu aqui uma cassette do Helder? Tem uma reportagem importante para amanhã que ele esqueceu sobre uma secretária.” O meu colega levantou a cabeça. Eu à distância, procurei, vi a cassete sob um monte de papeis. Apontei – a. Ela garantiu que a guardava na primeira prateleira de um armário ao fundo da sala, confirmou com o outro ao telefone.
No dia seguinte quando cheguei, havia um tumulto na redacção. O Helder agatanhava – se e a secretária chorava que nem uma Madalena. A cassette com o trabalho havia desaparecido.
Olhei fixamente para o meu colega que parecia distante. Desviou o olhar e continuou com o trabalho, não sem ter notado que eu sabia que só ele poderia ter feito tal patifaria.
Abeirei – me discretamente. Porquê? “Porquê? Porque ele é um inimigo a abater. Ele não é dos nossos. Ando há muito tempo com olho nele. Não perdoo.
Senti uma vertigem. Desci. Fui a um café. O mundo perdeu o Norte e eu perdi o rumo.
Nunca mais consegui falar - lhe. O avental, as luvas, a medalha e outros “recuerdos” jazem solenemente, no guarda fato, o mais, discretamente possível, numa gaveta, como se recomenda, entre as meias de inverno e as cuecas, na mais rigorosa obediência maçónica.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A VIDA É ISTO?


O pôr do sol hoje marca um fim triste de uma triste vida …

O Sr Paulo telefonara ontem à noite a avisar que as galinhas pretas têm que ser tiradas daquele galinheiro e têm que ir para o outro, mesmo para junto dos patos e que é preciso ver se os faisões já puseram mais ovos, para os colocar na “chichirica” que os vai chocar.
Quanto, saí de Cascais para vir para a Ria Formosa, pelas 8 da manhã, há 8 dias já o sr Paulo estava de volta da horta e dos animais. Arrastava – se com as dores. Cada vez está pior dizia e confimei. Cheguei ao pé dele, pediu – me para o ajudar a levantar – se. Perdera a força das pernas. Fizera hemodiálise durante a noite, mas com as dores não conseguia descansar, por isso, viera com o amigo, o outro Paulo para fazerem coisas na horta e nos animais. Fui fazer – lhe um cafezinho que bebeu lentamente, segurando a chávena com os cotos, pois a esclerose há muito que lhe torcera as mãos, os pés, os órgãos, mas não a alma. Assim, dizia ele, as dores passavam ao lado. “É isto que me mantem vivo”. E ante a minha admiração sincera adiantava “E a Nossa Senhora de Fátima que tanto me tem ajudado ainda vai fazer um milagre”.
Soube que nessa noite voltara ao hospital S. Francisco Xavier e ficara internado. Era de prever.
No outro dia ao fim do dia telefonei – lhe. Sentia – se com mais força, mas pouco melhor. Falou – me das couves que estavam lindas, das alfaces, dos coelhos que vinham do pinhal e invadiam a horta e das coelhas grávidas… logo que voltasse matava uma galinha das grandes para a Maria do Céu me fazer uma cabidela, coisa de que gosto mas que há muito não como porque lá em casa ninguém consegue matar um rato sequer. “E este Natal vamos comer das nossas couvinhas e vamos matar o peru e o porco…”
Foram as últimas palavras que ouvi deste homem de 34 anos que tanto sofrera e tanto lutara nos últimos tempos.
O João deu - me a notícia esta tarde. A mulher fora chamada ao Hospital. Telefonou depois à Sara que faz arranjos de flores porque está desempregada e pediu – lhe para que lhe fizesse uma coroa e que nos avisasse.
Não quero usar palavras para embrulhar sentimentos excepto para duas ou três conclusões.
1ªque aquele homem pai de 2 meninos lindos e criados com muito amor, ternura e educação, é preciso que se diga, já não teria casa dentro em breve. O senhorio iria manda – lo para a rua por não pagar a renda. Pedira à CM de Cascais que o ajudassem. Que não, que não havia casas para ninguém. E sabermos nós que há tantos homens, cheio de saúde a viver de subsídios e em casas sociais que passam as tardes a beber nas tascas enquanto ele tentou trabalhar até ao fim. Uma vergonha para os nossos corações solidários, como os nossos líderes de merda recomendam e se empenham em multiplicar, confundindo justiça com caridade.
2ª A única ajuda que este homem teve até ao fim foi de amigos; o outro Paulo que deixou de beber para lhe agradar, pelo Victor, o cabo - verdeano que sobe às árvores e acarta pedras como quem leva brinquedos e pelo Jorge, outro africano que está na Corsega a ganhar a vida e sempre que por aqui passa, oferece – se ao Paulo para o ajudar. Pobres e bem pobres como ele que o ajudavam nos trabalhos que conseguia. Trabalhavam sob as suas ordens e recebiam sem discutir o dinheiro se sobrasse. Obedeciam com respeito e uma profunda admiração. Incansáveis e admiráveis. Só os pobres se podem ajudar.
3ª – que ficaram uma mulher ainda muito jovem e dois meninos; uma menina de 4 anos e um rapaz de dois, que o Sr. Paulo levou no coração. Parece oportuno perguntarmos se vamos escorraçar estas crianças, como ignoramos este jovem pai exemplo de trabalho e de vontade de viver?

domingo, 9 de outubro de 2011

morri e não sei


Estou no Shopping. Durante minutos deixei os olhos no livro A Rocha Branca de Fernando Campos . Conta a história romanceada de Safo de Lesbo , a grande poetisa lírica da literatura grega que, no século VII AC, com cerca de 50 anos se enamorou de Fao, um velho barqueiro de Mitilene que a deusa Afrodite transformou no mais belo jovem que alguma vez existiu.
Regressei da Antiguidade Clássica e vagueio agora pelos corpos que se movem. Uns para a frente, outros para cima ou para baixo, nenhum para trás.
Da escada rolante sai uma mulher que conheço e já não vejo há tempos. Loira, porte normal, desembaraçada, jeans, camisola azul sobre os ombros; a mulher do Cardoso, meu amigo de infância. Não trás o cão de pelo encaracolado como todas as tardes fazia, no jardim do Junqueiro, onde morei.
Olhou – me. Não sei o que viu. Continuou sem estugar o passo. Desaparecia para os lados do Mac Donald, quando me lembrei que ela já morreu. De certeza? Perguntei – me. Sim, pois até confortei o Cardoso, esse D. Juan de Carcavelos, que havia de sofrer tanto com a sua morte.
Mas, será que voltou? Provavelmente voltou por causa dele, ou, passou só para ver como isto está.
Será que todos os que vejo estão mortos? A expressão dos olhares é vazia, não existe, desprovida de vida, de luz, de vontade, de amor. Vão, vão para qualquer lado. Saberão para onde? Uns mexem os lábios como sempre fizeram na vida. Não os ouço. Um homem segura o telemóvel na orelha. Não fala. Ninguém o escuta. São autómatos, mortos vivos. Dois lóbis - homens comem gelados com colheres, sem sequer se olharem. Noutra mesa velhos vagueiam com o olhar. Vão ali um rapaz e uma rapariga. Esses olham – se, como sempre fizeram… não sabem que já morreram.
Sim. Será que eu também já morri e não sei ?

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

AS GAIVOTAS, SENHOR?



Deixei o Aries acalorado e vim a terra mergulhar num refresco.
Na margem, uma gaivota chamou – me a atenção; um bico enorme, descomunal, anormal, por, talvez, uma qualquer doença genética, ou, herança anatómica.
Uma deformação incómoda, como afinal em muitos homens e mulheres, diferentes, que por este mundo fora, lamentam e são alvo da atenção ou em muitos casos até repulsa.
Lembro – me de sempre ouvir dizer que “Se Deus o assinalou foi porque algo lhe encontrou”.
O castigo de Deus tem sempre aquele espaço injustificável que convém às religiões, mas que se lamenta e que o fazem injusto, incompreensível e até cruel.
Há qualquer coisa de errado em tudo isto, que nem os Deuses, a Natureza, ou, o mero acaso não justificam.
Que mandamento terá a gaivota infringido?

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

A FASE DA MACACADA


A FASE DA MACACADA

Se não há alguém que sacuda o sr. Passos Coelho, ele só acorda quando sentir o cheiro a esturro.
O mundo mudou e uns quantos ainda não viram.
Lá fora, até os ricos mais ricos acham que devem ser mais tributados. Américo Amorim o mais rico de Portugal, quando lhe pediram para analisar a atitude dos americanos Gates, Buffett, logo seguidos dos 16 mais ricos de França, que acham chegada a altura de serem mais tributados, respondeu, mostrando com impressionante ironia que estava em desacordo, dizendo que ele, era apenas um trabalhador. Pobre homem. Pode ser o mais rico do planeta, mas é mais pobre do que muitos pobres que conheço. Bom proveito lhe façam os milhões…
E é com medo destes senhores trabalhadores que, ao invés de outros países também capitalistas, os Sócrates e Coelhos portugueses nada fizeram ou fazem para uma mais justa divisão da riqueza e das oportunidades.
Não se tratam de negócios de esquerda ou direita. Trata – se de humanidade e consciência social.
Quem viveu antes do 25 de Abril e vive hoje, quando a fome e a injustiça social aumentam, vê que do Governo ao Presidente da Republica, crescerem os apelos à caridade social, ao crescimento, suportado pelo Estado, de instituições de beneficência privadas, na maioria, com índole de cruzada, sente amargurado que andamos para trás na história da evolução do homem.
Reentramos na fase da macacada.