segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

MAIS UM AMIGO PARA O ESGOTO




Hoje, em Nova Iorque deitaram as cinzas de um amigo meu no esgoto. Inacreditável. Só aceitável nesta bizarra sociedade, onde as aberrações, se tornam lugar comum.
Às vezes, tenho dificuldade em distinguir as palavras “amigo” e “conhecido”. É que, sou amigo de quase toda a gente e conheço muitas mais.
Há também gente de quem não gosto e conheço, mas estou longe ser amigo, sem no entanto ser inimigo. Serão pelo menos pessoas que ignoro, ou procuro ignorar.
Isto, vem ao caso de, aqui deixar, umas palavras sobre um incidente poli – chocante que absorveu a atenção de milhões de portugueses nos últimos dias.
O Carlos Castro, cronista social, que conheci nos anos 60 quando veio de Luanda para montar o seu espectáculo de travestti, foi, na semana passada, assassinado por um jovem modelo, num hotel desta cidade americana, local onde, dizia, gostar de morrer.
Apaixonara – se aos 65, por um rapaz de 21 anos que saíra de um desses concursos estupidificantes, tão férteis nas nossas TVs.
Presumo que ao tentar saltar para o cueca do jovem, se é que não saltara já anteriormente, este que não estava para aí virado, deu – lhe com um computador do totiço, furou – lhes os olhos, com um saca rolhas e arrancou – lhe os testículos.
O jovem que é de Cantanhede , localidade católica e conservadora, e tido por bom rapaz, sossegado e até apreciador de mulheres, terá acedido aos ímpetos do homossexual na mira de se tornar vedeta na moda. Vedeta tornou – se no pior sentido mas nunca mais voltará à passerelle.
O Carlos que eu vira em Beatriz Costa como Lavadeira de Caneças, ainda há poucos meses viajou comigo do Porto para Lisboa, onde ambos fôramos a um programa de TV, teve então uma conversa de reconciliação comigo; é que há mais de 20 anos elegera – me, nas suas crónicas verrinosas, como "o mais mal vestido do ano". Mesmo sabendo que não me sei vestir, ou que qualquer coisinha me fica mal, achei aquilo despudorado, e agravante por se passar numa sociedade em que se privilegia a aparência, em detrimento do espírito.
Fizemos as pazes. Voltamos cada qual para o seu canto; ele na moda e nas tricas e eu para o cada vez maior silêncio comunicacional.
Mas, comoveu – me a ironia da vida; eu continuo a vegetar e ele, ele, a Lavadeira de Caneças que procurou esconder sempre, n as suas cinzas, foram para onde, afinal, vivemos sempre; para o esgoto.

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A REFORMA AGRARIA



Temia que esta maneira algo tacanha e até provocadora que a classe dominante em Portugal revela para sairmos da crise nos levasse ao que se chama “implosão social”, o mesmo é dizer, “ porrada a torto e a direito”.

Mas sem quase se dar por isso as pessoas estão a ganhar consciência do logro em que caímos e de onde temos que nos afastar.
Há pequenos sinais de que seremos capazes de expurgar a classe mentecapta que embrutece sentidos e sensibilidades. Nesta Europa neo – liberal talvez consigamos ser pioneiros ou pelo menos inovadores.
O desemprego aumenta. A miséria e a fome também. Os alimentos estão caros e quem os comercializa quer ganhar como a lei da concorrência e do dinheiro impõe. As pescas foram abandonadas. As terras também. Há espaço nacional que merece a atenção de quem quer viver sem molestar, roubar ou apedrejar.
Acabo de ver na TV que em Cabeceira de Bastos foi criado um Banco de Terras. Terras que estão disponíveis para quem queira trabalha – las e delas tirar proventos. Já há leis locais e regulamentos para a sua prática. Ora isto, é uma nova Reforma Agrária: A Terra a quem a trabalha.
Aquilo que tanto assustou a social democracia e a direita nacional, nasce afinal com o acordo de toda a gente, seja qual for a sua posição politica. Foi a consciência a prevalecer sobre a alienação fabricada por uma comunicação comprometida, co -responsável pelo estado actual.
Mas será essa comunicação a ter que mostrar como “o dinheiro põe e o homem dispõe..
Estejamos atentos.
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domingo, 7 de novembro de 2010

ESTOU A FICAR MARICAS


Devo estar a rebentar pelas costuras. Choro por tudo e por nada.
Chorei, há dias, ao ver o filme Hachiko: A Dog's Story. Conta a história de um cão, de temperamento rebelde, que se apaixona pelo seu dono ao ponto de, após este ter morrido, manter o hábito, como antes fazia, de até ao seu último dia o aguardar, pontualmente, junto á estação do comboio.
Chorei agora mesmo ao ver no You tube – Talent, uma exibição de, uma família inglesa, de 13 jovens ginastas – acrobatas, que dos 12 aos 22 anos, mostraram como trabalham individualmente e em equipa. Uma precisão e rigor que tornam tudo belo, e aparentemente fácil. Nós sabemos que não é mais que o resultado de muito trabalho e o desejo de construir uma obra, um espectáculo afinal.
Esta minha mariquice que se agrava com a idade, envergonha – me por um lado (os homens não choram) mas diz – me por outro que não estou apático, nem deixo a vida passar indelével por mim.
Penso que só assim devo viver.
É que, ao mesmo tempo, bate – me forte o coração e enrijecem – me os nervos de raiva, cada vez que tropeço na a crescente estupidez humana, na falta de respeito pelos que sofrem e na vaidade e alheamento da classe dominante.
Acabo de ler no jornal de domingo que a classe média em Portugal está a chegar à sopa dos pobres.
Não estou a ficar com uma depressão.
Estou mais consciente e aberto ao que a vida quiser de mim…
Para amar, gritar ou pôr uma bomba.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

A GRANDE MENTIRA

Armas silenciosas para guerras tranquilas - estratégias de programação da sociedade


O pensador americano Noam Chomsky, pessoa mal vista pelos midia de quase todo o mundo, é compreensivelmente, um dos que mais faz pensar e com isso, acordar multidões que se vão apercebendo como se estão a transformar em urbanoides desprovidos de vontade e de liberdade.
O NOSSO PORTUGAL pequeno e periférico, é um campo onde também as técnicas subtis dos meios políticos e económicos estão a produzir o resultado que uma minoria hábil pretende.
Assistimos à grande mentira, ao logro da sociedade dita moderna mas como se vê, assente em pântanos onde as ideias saudáveis não emergem.
Vale a pena meditarmos e discutirmos a questão.






1- A estratégia da diversão
Elemento primordial do controlo social, a estratégia da diversão consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e da mutações decididas pelas elites políticas e económicas, graças a um dilúvio contínuo de distracções e informações insignificantes.
"Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por assuntos sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar, voltado para a manjedoura com os outros animais".
2- Criar problemas, depois oferecer soluções
Este método também é denominado "problema-reacção-solução". Primeiro cria-se um problema, uma "situação" destinada a suscitar uma certa reacção do público, a fim de que seja ele próprio a exigir as medidas que se deseja fazê-lo aceitar. Exemplo: deixar desenvolver-se a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público passe a reivindicar leis securitárias em detrimento da liberdade. Ou ainda: criar uma crise económica para fazer como um mal necessário o recuo dos direitos sociais e desmantelamento dos serviços públicos.
3- A estratégia do esbatimento
Para fazer aceitar uma medida inaceitável, basta aplicá-la progressivamente, de forma gradual, ao longo de 10 anos. Desemprego maciço, precariedade, flexibilidade, deslocalizações, salários que já não asseguram um rendimento decente, tantas mudanças que teriam provocado uma revolução se houvessem sido aplicadas brutalmente.
4- A estratégia do diferimento
Outro modo de fazer aceitar uma decisão impopular é apresentá-la como "dolorosa mas necessária", obtendo o acordo do público no presente para uma aplicação no futuro. É sempre mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro porque a dor não será sofrida de repente. Segundo, porque o público tem sempre a tendência de esperar ingenuamente que "tudo irá melhor amanhã" e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Finalmente, porque isto dá tempo ao público para se habituar à ideia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegar o momento.
5- Dirigir-se ao público como se fossem crianças pequenas
A maior parte das publicidades destinadas ao grande público utilizam um discurso, argumentos, personagens e um tom particularmente infantilizadores, muitas vezes próximos do debilitante, como se o espectador fosse uma criança pequena ou um débil mental. Quanto mais se procura enganar o espectador, mais se adopta um tom infantilizante.
"Se se dirige a uma pessoa como ela tivesse 12 anos de idade, então, devido à sugestibilidade, ela terá, com uma certa probabilidade, uma resposta ou uma reacção tão destituída de sentido crítico como aquela de uma pessoa de 12 anos".
6- Apelar antes ao emocional do que à reflexão
Apelar ao emocional é uma técnica clássica para fazer curto-circuito à análise racional e, portanto, ao sentido crítico dos indivíduos. Além disso, a utilização do registo emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para ali implantar ideias, desejos, medos, pulsões ou comportamentos...
7- Manter o público na ignorância e no disparate
Actuar de modo a que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para o seu controle e a sua escravidão.
"A qualidade da educação dada às classes inferiores deve ser da espécie mais pobre, de tal modo que o fosso da ignorância que isola as classes inferiores das classes superiores seja e permaneça incompreensível pelas classes inferiores".
8- Encorajar o público a comprazer-se na mediocridade
Encorajar o público a considerar bom o facto de ser idiota, vulgar e inculto...
9- Substituir a revolta pela culpabilidade
Fazer crer ao indivíduo que ele é o único responsável pela sua infelicidade, devido à insuficiência da sua inteligência, das suas capacidades ou dos seus esforços. Assim, ao invés de se revoltar contra o sistema económico, o indivíduo desvaloriza-se e culpabiliza-se, criando um estado depressivo que tem como um dos efeitos a inibição da acção. E sem acção, não há revolução!...
10- Conhecer os indivíduos melhor do que eles se conhecem a si próprios
No decurso dos últimos 50 anos, os progressos fulgurantes da ciência cavaram um fosso crescente entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados pelas elites dirigentes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o "sistema" chegou a um conhecimento avançado do ser humano, tanto física como psicologicamente. O sistema chegou a conhecer melhor o indivíduo médio do que este se conhece a si próprio, permitindo deter um maior controlo e um maior poder sobre os indivíduos

domingo, 31 de outubro de 2010

A NOSSA LIBERDADE





Continuo a ler o livro proposto.
Durante os dias de ontem e hoje li vários jornais diários, ouvi rádio e vi Tv. Nem uma única vez vi ou ouvi referência alguma ao OS DONOS DE PORTUGAL:
Raramente vejo, mas hoje até aguardei a vinda de Marcelo e as suas escolhas literárias. Cá em casa apostamos sobre se ele iria ou não falar do livro.
Ganhei. Marcelo como sempre evitou o lhe é incomodo. Incomodo, a ele e ao seu grupo que tão habilmente maneja os trocadilhos com que vai fabricando o voto do ouvinte incauto.
É uma vergonha esta subserviência ao transformar um líder politico, personalidade altamente comprometida com o estado do nosso País, num fazedor de opinião, como se fosse independente.
Sem opososição lá vai vendendo a banha da cobra.
Seia caricatural até, se não fora trágico para um País algemado pela cruel falta de liberdade.

sábado, 30 de outubro de 2010

OS DONOS DE PORTUGAL




Vi ontem na Sic Not.,uma entrevista a Louça, sobre o livro OS DONOS DE PORTUGAL. Esclarecedora entrevista feita por Mário Crespo a que o líder bloquista respondeu com o rigor conhecido.
Comprei hoje mesmo o livro na FNAC e comecei a le – lo.
A obra, mostra como o nosso País é dominado por meia dúzia de famílias e estas, senhoras da Economia e das Finanças, são os patrões dos políticos e depois mostra a corrupção moral e material que advêm desta ligação doentia.
Esta é o suficiente, para o País estar no que está, ser o mais pobre da Europa e com a maior desigualdade entre pobres e ricos.
Assim, custa a ser português, digo eu, sobretudo se não embarcamos nos folclores conhecidos e onde procuram afogar – nos todos.
Devo esclarecer que esta matéria não me era virgem. O esquema de exploração de nosso povo é do conhecimento de muito boa gente, mas agora, ganha forma em papel e passa a ser resultado da análise fundamentada de investigadores honestos que sabem da matéria e se encorajam ao ponto de afrontar o maior cancro de Portugal.
Mas deixo – vos um desafio para reflexão:
1º - Esta entrevista é uma manifestação de liberdade.
Não. Foi transmitida apenas, até agora, que eu saiba e de forma meteórica, na SIC NOT, canal da TV CABO, portanto com reduzidíssima audiência. A relevância é quase nula.
2º - A venda do Livro é um desafio aos ali observados.
Poderá ser, mas estes sabem bem como calar os observadores.
Fui logo ao Continente onde o Livro não estava à venda… nem nas novidades. Vertemos se Belmiro aceita o seu retrato nas suas livrarias.
3º - O Prof. Marcelo na sua mais que promovida página na TVI vai citar o Livro?
Se o fizer em que termos o fará? Técnicas de camuflagem não lhe faltam.
4º - Pela importância e oportunidade da obra, veremos em que Liberdade vivemos.
É com estas análises que mediremos o poder de quem nos faz escravos e subordinados inconscientes.
Estejamos atentos às próximas horas.
Caro amigo, se souber quem divulga este livro comunique – nos, para que haja aqui um louvor e um agradecimento em nome de um Povo que vive propositadamente às escuras.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

MEU POVO SOLIDÁRIO

Entrei na grande superfície com o cabo HDMI na mão. Ia troca – lo porque tinha um evidente defeito e não servia para a função; fazer a ligação do TV ao vídeo.
No serviço Pós – venda, que não trocavam, nem devolviam os 38 euros que havia custado, porque já o adquirira há mais de 6 meses. Mas é um claro defeito de fabrico, respondi com ar de pedinte, a mostrar as barbas metálicas a sair do lugar como uma deficiência congénita. Que não. 6 Meses e nem mais um minuto!!!!.
Voltei desanimado, à esplanada ali ao lado, onde desabafei em voz alta com um amigo.
Noutra mesa um senhor, com ar de pessoa apressada, pousou o jornal a Bola, levantou a cabeça e atrevido, quase me chamou “artolas”. "Que fazer? Homem, quer ver? É um instantinho. Dê cá o cabo. Espere um instante."
Ainda estava na bica e já ele regressava, com um novo cabo em folha. Ora tome. E devolveu – me uma caixa com o reluzente e almejado artigo, para se pôr a andar como o Ronaldo depois de um grande golo.
Atónito, a segurar o novo cabo, corri para que me explicasse como convenceu a Pós – venda.
“Olhe lá meu amigo, para espertos, espertos e meio. Fui à prateleira dos cabos, procurei um igual. Fui á Caixa e paguei.
Vim cá fora tirei – o da caixa e substitui – o pelo estragado. Depois passei pela Pós – venda e fui devolver o cabo porque não estava em condições. Mostrei o recibo. Devolveram – me o dinheiro e pronto, aqui tem o que é seu.” E foi – se, sem eu sequer lhe dar a minha opinião, ou agradecer, numa saída gloriosa, como o feiticeiro de Óz ou um Robin dos Bosques, ou um desses grandes nomes que todos conhecemos de ver a sorrir para as câmaras.
“Onde é que eu andei estes anos todos? Sim?” perguntava – me enquanto me certificava de que a polícia não me perseguia. Se alguém me perguntar quem era o meu comparsa, diria simplesmente:
É um homem português, do povo, usa camisa e jeans, tem aí uns 50 anos e lê a Bola.