quarta-feira, 2 de abril de 2014

Para que conste

Anda por ai nos mails e outros sítios este post sobre o PANICO À BEIRA - MAR que juro não fui eu quem o fez ou encomendei.
Para que conste.


QUANDO VIVER CUSTA



( Aqui imagine dois telhados de duas casas velhas entre as quais, ao fundo, a quilómetros sobre os montes os picos brancos se misturam com as nuvens) 




Porra !!! Não tem sido fácil.


A fragilidade humana veio a correr gritar - me que não sou super-homem, e muito menos o gato das botas e que se não me ponho a pau vou desta para a melhor e que deixei de fazer tanta coisa que até nem era mau e que os outros estão se nas tintas para tanta canseira, etc.


 Nunca fui tantas vezes ao médico ou ao hospital. Estou a aprender matérias que só a vida, seja ela boa ou má,  nos dia - a - dia diferentes, pode ensinar,. Já sei o que é esperar, ser olhado com comiseração, ser amparado, a aguardar os resultados dos resultados, a merecer cuidado como se eu fora meu avô. Mesmo assim, por outro lado, apercebo - me da precaridade daquilo a que chamam viver e da fragilidade da gente que se acotovela em formigueiro sem saber para onde vai. Uma e outra, a vida e a gente, desenvolvem - se da forma mais desumanizada que é possível imaginar. O lince da Malcata ou as amêijoas, no defeso, são mais protegidos que o homem português nestes tempos de cegueira e verborreia.


 O destino ainda não me fez e espero que não me faça sofrer porque tenho visto gente humilde mas nobre e digna, essa sim, a sofrer de dores do corpo, de ansiedade e de solidão. É isto o que mais me entristece, me faz estrebuchar, falar e socar o tampo da mesa.


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 Imagine aqui a foto da entrada de um pequeno cemitério; um portão de ferro preto, com rendilhados curvos por entre os quais de vêm, próximas, as campas alinhadas, brancas e floridas com flores naturais e artificiais. Aqui e acolá uns dizeres esculpidos, como num cada vez mais longínquo grito de adeus, umas pequenas imagens e cruzes, muitas cruzes. 


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 Fui este fim de semana ao funeral de uma senhora quase centenária que eu mal conhecia. Estivera acamada durante décadas e lúcida até ao fim.
Lá viajei até Ourondo, localidade quase despida de gente, na serra Gardunha que acenava com cumes brancos da neve. Quando o enterro passou com duas filas de pessoas a despedirem - se, o sacristão com um amplificador de som, a pilhas ao ombro por onde se ouvia, em bom som, o Sr. padre que seguia sentado no carro funerário ao lado do motorista e  eu recolhia ao carro para guardar a maquina fotográfica com que registei as fotos que não consigo verter no sítio previsto, mas assinalado, fui abeirado por uma velhota de mais de oitenta e muitos anos, quase cega, de sorriso simpático como se fora nova e feliz. Haviam - lhe dito que eu estava ali e ela quis saber como eu passava, porque lhe constara... Falamos como dois bons amigos. Contei - lhe das minhas melhoras e ela dos outros tempos, de trabalho árduo, que passaram e que de nada valeram. Fala - me sem ódios, com candura misturada com mágoa e inteligência. Ajudara muita gente que já partiu ou agora passa ao lado sem a reconhecer. Fora escrava do trabalho. Hoje vive só, a precisar de cuidados e de um lar, mas o que recebe não lhe garante nada, nem para comer.


-Que posso fazer por si? Perguntei eu que sou incapaz de dar uma esmola ou fingir - me caridoso porque sinto vómitos quando me falam de caridade. (Lembro - me da canção infantil do Barata Moura "Vamos brincar à caridadezinha"...)


- Estou com um problema: com o glaucoma.- prossegue -  Não consigo ver as horas neste relógio que trago há vinte anos. Sei que nos Chineses em Lisboa há uns relógios de cabeceira que se vêm à noite. São baratos mas aqui, aqui - lamenta - ainda não há chineses.


-Mas precisa tanto de saber as horas? E à noite?


- Sim, à noite. Todas as noites fico a ver os dias a passar... - Faz uma expressão tranquila e interiorizada, como a descrever uma procissão silenciosa, que também imaginamos. 


 

terça-feira, 28 de janeiro de 2014

VAMOS NO BOM CAMINHO

ANO NOVO TUDO VELHO
Espero há mais de meio século. Chego agora à conclusão que por mais novo que o ano seja, não deixo de me sentir mais velho. Ainda, por cima, fiz anos no dia 1 de Janeiro que é coisa que gostaria de deixar de fazer… mas esta condenação biológico – astronómica não perdoa. Tive um fim de ano e um começo que não lembra a um autor de filmes de terror. Fui – me a baixo das canetas. Isso mesmo. Não escrevia uma linha e não me aguentava em pé. Resquícios do desastre com que 2013 me brindou.13, havia mesmo de me marcar e nasci num quarto nº 13. Mesmo que quisesse não podia deixar de ser supersticioso. Passei para um homeopata; Dr. Nuno Oliveira – Caparide; veredicto: questão imunológica que lixa o físico e o ânimo e a que se soma o pós – traumático e a dupla pneumonia por ter engolido meio Atlântico. Enfim, um desarranjo que se não me levar para o Cemitério da Guia, volto a cair ao mar. Fiz um tratamento de 9 dias com Vespa Crabro que é veneno de insecto mortífero asiático. Verdade é que, comecei a arribar e a acreditar no saber do jovem doutor. Depois via net, continuamos com as consultas. Parece que estamos no bom caminho. Agora passei para o Acidum Nitricum que, vim a saber, na secreta, que é com isto que se faz a nitro glicerina que participa na confecção de bombas. É este o meu caminho; vou explodir. Entretanto quero ver como é. Comecei por tentar voltar aqui (blogue) mas tinha perdido a chave. Depois arranjei outra mas quando ia a abrir o mail – base devia ser outro. Baralhei – me tanto no blogue que os serviços de espionagem americanos devem, ter andado às voltas com este descendente de Viriato agora a baralha – los. Sou assim…mas segundo o Dr. Nuno , vamos no bom caminho. E eu vou à boleia.

sábado, 16 de novembro de 2013

OLÁ ARTUR.

O Artur Portela escreveu - me. Verdade é que eu lhe devia uma palavra. Fez uma inteligente palestra sobre o jornalismo e a literatura no lançamento do Pânico à Beira Mar na Casa da Imprensa e foi dos poucos colegas de profissão a mostrarem agrado pelo meu atrevimento. Independência? Elevação espírito? Não apenas. Camaradagem, mas também respeito pelo trabalho dos outros. Estarei eternamente grato a este impar homem dos jornais e das letras.
Pergunta .- me apos lamentar ter o seu telefone avariado, como vou.
Aqui está a resposta que quero arquivar neste Diário de Bordo.




Caro Artur OH! Yé!!!! Já tinha visto que o seu Tm pifara. Temos a net (por enquanto) Estava ansioso por falar consigo. Como um conquistador discreto de primeira apanha fui duas vezes, à mesma hora, ao cafezinho do Largo dos Passarinhos mas não o vi. Sei que não era tarde porque quem se estima sempre aparece. Obrigado Tenho lido os seus posts. Imperdoável, Portela disseca sobre cadáveres e vivos que deixam rastro e se pavoneiam nesta sociedade que distraídos construímos. Aprecio muito a sua prosa ou a sua acutilância a fugir ao bom senso oprimido. Pena é que não seja na hora do telejornal. Assim, é o barco contra a corrente. Mas que há - de chegar onde quer ir. Pena é que as metas cada hora que passa estejam mais próximas e o desejo de chegar é maior. Adivinho - o em si como em mim. Calafetamos a ansiedade nos blogues e similares. Para mim isto deve estar a originar uma patologia que ainda não vem na enciclopédia. Incomodativa com influência na respiração, locomoção, sono, impulsos nervosos e insuficiência cardíaca está a deixar - me. Sei que isto pode aumentar o fluxo lacrimal e então daqui à demência entre a classe erudita não tardará a ser diagnosticada senilidade. Feito ... se não me acalmo. Pânico - Estou francamente desiludido. A Chiado ainda não o fez chegar às livrarias. Já fui à Sic e à RTP 1 e Internacional mas quando me perguntam onde está à venda encolho os ombros ... só por encomenda. Encomenda sou eu... Mas o gozo que me (nos) dá como sabe é escrever. Somos os viciados como os miúdos por chupas - chupas. Entretêm - nos assim. Aproveitei a sua ideia de fazer uma "história" mais pequena do afogamento, o BOCA ABERTA. Escrevi 2/3 mesmo sem conseguir exactamente o que me sugeriu que é isolar - me de conjeturas, raciocínios paralelos ou deleites literários. Farei isso na revisão, porque não consigo ser geométrico e qb, como o Artur. Entretanto dei o texto que já tenho ao Henrique Gabriel pintor de quem gosto muito, ágil a interpretar as tonalidades do espírito e formas da alma, que já se pôs a rabiscar com entusiasmo. Logo que tenha a maqueta envia - la - ei a si para que faça o favor... A propósito, não o quero maçar, mas se no dia 30 (sábado) pelas 15 horas por ventura, sorte minha, e de quem lá andar for até ao SHOPPING CASCAIS - FNAC . quiser dar - me o prazer de o ver próximo do PÂNICO livra - me da decisão de eu fazer o Lançamento em solitário e sem paraquedas. Este lado da literatura é novo para mim e o mais doloroso. Do que se livrou o Camões... Fugi para o mar. Estou atracado em Olhão, na mais profunda solidão mas onde apesar de já qui ter morrido um dia o meu corpo e a minha alma ainda despertos, repousam juntos. Um abraço e obrigado por ter contactado. Luis

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

ACONCHEGAR A ALMA HUMANA


Voltei hoje ao Aries.
Terei de voltar a Lisboa no próximo de 30 para a apresentação na FNAC do Pânico à Beira – Mar cuja distribuição me está a desanimar.
Não esperava que um mês depois do lançamento ainda não houvesse livros nas livrarias. Dizem que dentro em breve vão chegar. Entretanto só por encomenda. Na rua muitas pessoas perguntam – me onde podem encontrar o livro. Não consigo explicar. Coisas do mundo dos negócios…que não têm nada a ver comigo.
Façamos uma breve conta corrente: entretanto fui ao programa da TVI - QUERIDA JÚLIA  como aqui assinalei e uma semana depois fui à RTP ao PORTUGAL NO CORAÇÃO   com o Jorge Gabriel e u a Joana Lopes que conheci nessa tarde. Prepararam – me algumas surpresas (Cantei o tenho dois amores e mostraram um apanhado que me fizeram há décadas quando eu fazia na Rádio Comercial o programa Manhã…manhã e me roubaram o 2 CVs) Não esperava isto. Foi divertido e falamos muito do livro.
Mas voltemos à Ria Formosa.
Vim de autocarro toda a viagem a falar com uma senhora de Tavira ou que mora em Tavira e se chama Corina. A viagem decorrer num relâmpago e gostei muito de a conhecer. Reconheço que ando muito calado e afastado das pessoas.
Cheguei a Olhão ao fim da tarde. Não tive coragem para ir almoçar ou jantar e então entrei num pequeno supermercado para comprar bebidas, fruta e yogurtes porque o  frigorifico do barco estava vazio. Uma velhota olhava – me por detrás da fruta, até que ganhou coragem e me perguntou:
- Já lhe disseram que é muito parecido com um senhor da TV?
- Já sim, mas ele tem cara de parvo. – Disse eu para a desafiar.
- Não. Já o conheço há muitos anos. Não é nada parvo. Até diz coisas bonitas.
- Às vezes. Eu não gosto dele.
- Eu gosto. Ele é mais alto que o senhor e agora também usa barbas. Iguaizinhas. Raio. Não é ele?  
 Afinal ainda tenho uma admiradora.
O Aries a ordens do director Dr. Glória foi conduzido pelo meu amigo Sérgio, até um outro lugar porque procedem a obras no Quebra – mar. Agora estou rodeado de outras embarcações de todos os tipos. Está – se bem. Aqui abraço – me, escuto – me e vivo dias que me escapam como areia pelos dedos das mãos, mas longe da hipocrisia, da mentida e do tumulto do mundo lá fora.
Faço pausa momentânea no Flaubert no Madame Bovary (1856) para pôr a escrita em dia. Estou decididamente a regressar a uma outra época; século XIX.escrevo o libreto enquanto ela segue o enredo frase por frase e pensamentos imprecisos lhe acodem e se dispersam num ápice com as rajadas da musica.
Aqui regresso ao blogue. Aqui debito o que recordarei mais tarde. Escrevo ao som do meu inseparável Triplo Concerto de Beethovem em C maior opus 56 para violino, cello e piano.(1804) É pela Sinfónica de Londres com Stern e o YoYo Ma .
Soberbo o diálogo entre os dois. Eles os dois e eu, claro. Entre nós os três. E também quem mais queira, sem ódios, nem preconceitos, apreciar o mais simples e mais profundo que há para ACONCHEGAR A ALMA HUMANA.
 
 


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

PÂNICO + PÂNICO - QUE COMUNICAÇÃO?



O livro foi lançado no passado dia 18, portanto há 21 dias.

Creio que já aqui referi que a Comunicação Social não compareceu, na Casa da Imprensa, excepto o Jorge Trabulo Marques para o seu Odisseias dos Mares um site na Net onde ele navega sobre temas náuticos (e não só). Fez um bom trabalho e aqui lho agradeço.
Também agradeço aos que estiveram presentes sabedores que ali não estava um candidato a Prémio Nobel  nem tão pouco a um cargo público ou sem ser público. E ainda agradeço a Artur Portela personalidade de obra feita e palavra segura.  Jornalista e escritor atento, acutilante e sabedor. 

A ausência de 99.99% da comunicação convocada mostra bem como não é fácil aceitar as verdades. São minhas é certo essas verdades mas até por isso penso, mereceriam um pouco de atenção. Posso não ser pesonna grata, mas durante mais de 4 décadas calcorreei os caminhos sinuosos, perigosos e às vezes escuros da informação no nosso país. Ignorarem isso, ignoram o respeito que o público e a nossa profissão lhes deveriam merecer.

Um homem que passou a vida a falar e quando, enfim, acha que pode dizer uma palavra válida, apagam as luzes, fecham microfones e fazem orelhas moucas. É esta a nossa comunicação.

Estou triste.

Mas nem tudo é mau. Fui na passada 6ª feira à QUERIDA JÚLIA, programa da SIC. Não duvido da simpatia das equipas e da Júlia Pinheiro que me acarinharam, mostraram interesse pelo meu trabalho e pelo livro. Foi interessante, útil e digna a entrevista e o nosso contributo.

Amanhã vou ao PORTUGAL NO CORAÇÃO na RTP, com o Jorge Gabriel e salvo erro com Marta Leite de Castro.  Vou com cautela. Não quero falar da Comunicação. Terei de me calar. Não quero que me odeiem mais.

A Chiado não perdoaria.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

A auto - critica é como a dor de dentes ; nem sempre passa só com uma aspirina


Na passada 6ª feira foi o lançamento em Lisboa do meu livro PÂNICO À BEIRA – MAR . Decorreu na Casa da Imprensa ali ao Chiado, Praça Luís de Camões.

Curiosamente 6 meses depois, exactamente depois do meu afogamento na Ria Formosa que me levou umas semanas para o Hospital de faro. Ainda respiro mal, verifiquei quando arrepiado, observei a coincidência das duas datas. 

A Editora Chiado tratou de tudo. Inclusive distribuiu a informação pela Comunicação Social que por hábito aparece a estas coisas.

Eu avisei todos os amigos e nada mais. Penso que não compete ao autor andar a pedir favorzinhos mesmo que durante 40 anos tivesse ouvido milhares de artistas e escritores que faziam pela vida tal como eu.

Assim, pelas 18 horas fui o primeiro a entrar para o salão nobre da CI – salão com o busto de Artur Portela (Pai). Curiosamente sem que tivesse havido intensão minha;  o orador era nem mais que o filho; o ilustre jornalista e escritor Artur Portela (filho), que não tardaria a chegar.

Dois elementos da Casa da Imprensa e um senhor amável, italiano, da Chiado. Este dispusera uma dúzia de livros sobre uma mesa, na qual eu deveria assinar autógrafos. Era o que esperava. Odeio estes rituais, mas reconheço que no contrato está escrito que deverei participar em todas as promoções editoriais. Do mal o menos. Foi ali que consegui tomar o peso da obra pela primeira vez, senti- la, cheira – la, sobraça – la, senti – la como minha. Gostei do primeiro olhar; sóbria, séria, na contracapa uma foto minha e uma biografia resumida. Não gostei da foto. Estou gordo e concordemos que sou mais bonito. Mas paciência, não se pode ter tudo….

Fiquei assustado. Ninguém.

Portela acalmava – me; sabe como são os portugueses, sempre atrasados, pode ser que ainda venham.

!8.30hs – umas dez pessoas a contar comigo e com os familiares que arrastei.

Seria uma derrota e de mau augúrio, pensei.

Já me curvava com desculpas ao Portela quando à porta do salão nobre, surge um casal tímido. Um minuto depois, outro, depois mais 3 pessoas, depois um solitário, em seguida timidamente uma miúda e um senhor, o pai,(era a Vera de Sousa a revisora do livro a quem devo muito), depois umas caras conhecidas e sorridentes. Às 19 hs estava a casa composta com umas 3 dezenas de pessoas. Começamos logo antes que debandassem.

Chegara também entretanto a Mariza Menezes, uma simpática jovem, em representação da Editora. Trazia uma caixa multibanco. Pelo que me deduzi, seria para vender os livros expostos ao lado do jovem italiano, que dava ao condomínio uma nova configuração. A verdade é que cada pessoa que entrava levantara pelo menos um livro e não pensaria paga – lo. Era mais um dilema para mim, quando a Mariza deu por aberta a sessão.

Jorge Trabulo Marques de câmara de filmar e fotografar em punho sacudia – se, rastejava, empertigava – se em acção acrobática, à frente da plateia que balouçava a cabeça para espreitar os oradores.

Bem fez a minha neta Nono de 4 anos que ante tal destempero se levantou do colo da Drª Isabel e empertigar se foi sentar numa cadeira que no estrado mais parecia um trono e que, havia sito retirada de junto da mesa da cerimónia por ser demasiado ostensiva.

Portela deu uma autêntica lição sobre as proximidades do jornalista e do escritor, não se esquecendo de citar a exemplo do autor presente, outros como Eça de Queiroz e Hemingway. Só quem não conhece o criador do famoso Jornal Novo e da Funda é que podia acreditar na razoabilidade do exemplo. Ainda fiquei a pensar se ele lera o livro, mas afinal ele citara – me passagens dispersas que provavam que o lera e com interesse. Isso bastaria para mim.

Depois falou o autor. Penso que me perdi, mas disseram que não. Falei sobretudo do tema dominante; a comunicação de massas e o domínio do poder económico sobre elas. Não falei da intriga, dos amores, dos perigos que o romance sobrevoa.

Vieram as perguntas. A curiosidade repetia – se.

Uma grande salva de palmas, filas frente a mim para os autógrafos e frente à Mariza que metia os cartões no tele - multibanco.

Comecei a respirar melhor.

Depois de muitos sorrisos e parabéns, apenas um pequeno grupo foi comigo para os copos na Gruta do Chiado, ali ao lado. Fausto, Henriette e Saskia, Victor e Isabel e nós família, onde não faltaria a Nono que fez o seu primeiro jantar fora de casa e adormeceria antes dos brindes.

Ainda tentei via telefone repescar uns quantos amigos, mas já se haviam feito à estrada porque a noite prometia temporal e que não se fez esperar, mas a todos devo um dos momentos mais simpáticos da minha vida. Só amigos e alguns curiosos a ficarem amigos, diálogos úteis e sinceros em esclarecimentos interessantes e interessados, pouco habituais e olhares francos e ansiosos que jamais esquecerei.

Obrigado a todos foi o que disse e nem todos terão ouvido.

PS. Nem um único órgão de comunicação social esteve presente. Já o esperava; a auto crítica é como a dor de dentes; nem sempre  passa só com uma aspirina.