Na passada 6ª feira foi o lançamento em Lisboa do meu livro
PÂNICO À BEIRA – MAR . Decorreu na Casa da Imprensa ali ao Chiado, Praça Luís
de Camões.
Curiosamente 6 meses depois, exactamente depois do meu
afogamento na Ria Formosa que me levou umas semanas para o Hospital de faro.
Ainda respiro mal, verifiquei quando arrepiado, observei a coincidência das
duas datas.
A Editora Chiado tratou de tudo. Inclusive distribuiu a
informação pela Comunicação Social que por hábito aparece a estas coisas.
Eu avisei todos os amigos e nada mais. Penso que não compete
ao autor andar a pedir favorzinhos mesmo que durante 40 anos tivesse ouvido
milhares de artistas e escritores que faziam pela vida tal como eu.
Assim, pelas 18 horas fui o primeiro a entrar para o salão
nobre da CI – salão com o busto de Artur Portela (Pai). Curiosamente sem que
tivesse havido intensão minha; o orador
era nem mais que o filho; o ilustre jornalista e escritor Artur Portela
(filho), que não tardaria a chegar.
Dois elementos da Casa da Imprensa e um senhor amável,
italiano, da Chiado. Este dispusera uma dúzia de livros sobre uma mesa, na qual
eu deveria assinar autógrafos. Era o que esperava. Odeio estes rituais, mas
reconheço que no contrato está escrito que deverei participar em todas as
promoções editoriais. Do mal o menos. Foi ali que consegui tomar o peso da obra
pela primeira vez, senti- la, cheira – la, sobraça – la, senti – la como minha.
Gostei do primeiro olhar; sóbria, séria, na contracapa uma foto minha e uma
biografia resumida. Não gostei da foto. Estou gordo e concordemos que sou mais
bonito. Mas paciência, não se pode ter tudo….
Fiquei assustado. Ninguém.
Portela acalmava – me; sabe como são os portugueses, sempre
atrasados, pode ser que ainda venham.
!8.30hs – umas dez pessoas a contar comigo e com os familiares
que arrastei.
Seria uma derrota e de mau augúrio, pensei.
Já me curvava com desculpas ao Portela quando à porta do salão
nobre, surge um casal tímido. Um minuto depois, outro, depois mais 3 pessoas,
depois um solitário, em seguida timidamente uma miúda e um senhor, o pai,(era a
Vera de Sousa a revisora do livro a quem devo muito), depois umas caras
conhecidas e sorridentes. Às 19 hs estava a casa composta com umas 3 dezenas de
pessoas. Começamos logo antes que debandassem.
Chegara também entretanto a Mariza Menezes, uma simpática
jovem, em representação da Editora. Trazia uma caixa multibanco. Pelo que me deduzi,
seria para vender os livros expostos ao lado do jovem italiano, que dava ao
condomínio uma nova configuração. A verdade é que cada pessoa que entrava
levantara pelo menos um livro e não pensaria paga – lo. Era mais um dilema para
mim, quando a Mariza deu por aberta a sessão.
Jorge Trabulo Marques de câmara de filmar e fotografar em
punho sacudia – se, rastejava, empertigava – se em acção acrobática, à frente
da plateia que balouçava a cabeça para espreitar os oradores.
Bem fez a minha neta Nono de 4 anos que ante tal destempero
se levantou do colo da Drª Isabel e empertigar se foi sentar numa cadeira que no
estrado mais parecia um trono e que, havia sito retirada de junto da mesa da
cerimónia por ser demasiado ostensiva.
Portela deu uma autêntica lição sobre as proximidades do
jornalista e do escritor, não se esquecendo de citar a exemplo do autor presente,
outros como Eça de Queiroz e Hemingway. Só quem não conhece o criador do famoso
Jornal Novo e da Funda é que podia acreditar na razoabilidade do exemplo. Ainda
fiquei a pensar se ele lera o livro, mas afinal ele citara – me passagens
dispersas que provavam que o lera e com interesse. Isso bastaria para mim.
Depois falou o autor. Penso que me perdi, mas disseram que
não. Falei sobretudo do tema dominante; a comunicação de massas e o domínio do
poder económico sobre elas. Não falei da intriga, dos amores, dos perigos que o
romance sobrevoa.
Vieram as perguntas. A curiosidade repetia – se.
Uma grande salva de palmas, filas frente a mim para os
autógrafos e frente à Mariza que metia os cartões no tele - multibanco.
Comecei a respirar melhor.
Depois de muitos sorrisos e parabéns, apenas um pequeno
grupo foi comigo para os copos na Gruta do Chiado, ali ao lado. Fausto,
Henriette e Saskia, Victor e Isabel e nós família, onde não faltaria a Nono que
fez o seu primeiro jantar fora de casa e adormeceria antes dos brindes.
Ainda tentei via telefone repescar uns quantos amigos, mas
já se haviam feito à estrada porque a noite prometia temporal e que não se fez
esperar, mas a todos devo um dos momentos mais simpáticos da minha vida. Só
amigos e alguns curiosos a ficarem amigos, diálogos úteis e sinceros em
esclarecimentos interessantes e interessados, pouco habituais e olhares francos
e ansiosos que jamais esquecerei.
Obrigado a todos foi o que disse e nem todos terão ouvido.
PS. Nem um único órgão de comunicação social esteve
presente. Já o esperava; a auto crítica é
como a dor de dentes; nem sempre passa só com uma aspirina.
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