é um desabafo, uma dor de alma, um grito vertido assim, a medo, mas com uma vontade enorme de mudar o mundo, ou apenas mudar o autor.
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
RUMO AO SUL
sábado, 27 de abril de 2013
até quando?
quinta-feira, 25 de abril de 2013
post mortem
Afinal hoje é o meu nono dia, após ter ressuscitado.
Confesso que ainda sinto dificuldades no acertar ideias e aqui as debitar, São muitos os sedativos e tranquilizantes e dormir é o que mais me apetece.
Fui transferido para uma pequena enfermaria onde estou no meio de dois algarvios mais velhos que eu.
Quando lhes perguntei o que têm e eles entendem, dizem “tabaco”, depois, escarram ou iniciam a ladainha de tosses com catarros, raspadelas, repetições que ora parecem choros ou risos, motores incapazes de começarem a funcionar e outras modelações, numa aflitiva e macabra estereofonia que me entontece quase 24 hors por dia.
Esperava vir a ter tosse também, mas afinal parece que os náufragos contraem pneumonias porque transformam os pulmões em recipientes de água e merda. E a infecção não se fazia esperar. Já se assinalava quando me debitaram neste hospital.
Graças à pronta intervenção de todos, parece que passou ou está em vias disso, A esforços não se têm poupado diga – se em abono da verdade. Eu faço o que posso e que não é muito.
Ultrapassei as horas críticas dos pós – traumatizados, o que é outro bom sinal. O inchaço do crânio diminuiu e as dores também.O traumatismo occipital está agora num inchaço que tomou a cor escura e envolve o percoço.
Vou tentar vir aqui diariamente.
Nem sei bem para quê. Não foi para isto que fui salvo.
Entretanto quero agradecer aos amigos que me têm telefonado e a quem não atendi pelas razões expostas.
Espero que compreendam.
Mas, com lagrimas nos olhos vos digo que começo a sentir que talvez por eles, valerá a pena viver um pouco mais.
VIVO!!!!!!!!! (para que conste) 24 de Abril 2013
Não sei se ria se chore.
Hoje é o meu sexto dia de internamento no Hospital de Faro
onde dei entrada no dia 18 à tarde.
Estou no Serviço de Pneumologia, depois de ter caído
inconsciente, à agua, na Ria Formosa, de ter viajado no 115 a acelerar de Olhão
até aqui, de ter estado nas Urgências e nos Cuidados Especiais. Já me retiraram
alguns dos tubos que me têm ligado à vida. Ainda não estarei muito lúcido para
escrever, aliás, nunca estive… e quem é quem está verdadeiramente?
Um escorregadela, e o traumatismo craniano originaram a perda
de consciência, a queda ao mar, o ter - me transformado em quase cadáver,
porque ninguém viu a queda, nem o corpo que boiava a sorver o esgoto e aos
poucos escolhia o negro do fundo.
A sorte (?) é que alguém, “ boa fada” ouviu como que um
restolhar, o encher um garrafão, um bluereruer
estranho, que nem as tainhas, douradas ou polvos fazem por ali.
Até que o viu já
quando os pulmões estavam a transbordar de água, os olhos revirados e um
sorriso estúpido dava a entender que a morte está ali mesmo à esquina e à
espera. Com dificuldade, segundos antes de ser tarde, pescou o monstro marinho.
Monstro já sabia que era mas marinho passei a ser. Por isso
aqui estou com assinalável recuperação, um traumatismo occipital, uma
consequente pneumonia dupla e a ser invadido pela curiosidade de muita gente
que a sua boa fé, me quer salvar.
Não sei se fazem bem. Mas de qualquer modo e para já obrigado
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
QUE NATAL.....
Porque um
Natal assim
Foi o Natal
mais introspectivo da minha vida. Passei – o a olhar para trás, porque o presente é turvo e não vejo futuro.
Fui traído
nos sonhos de ver um Portugal mais justo e digno.
Estou
solidário com os pobres portugueses.
Nunca lhes
dei nem darei uma esmola mas sim o meu abraço e o meu grito.
terça-feira, 20 de novembro de 2012
Eu, cobarde, me confesso.
Confesso que me mantenho impávido e sereno enquanto milhões de
portugueses sofrem na pele o peso da cavalgante miséria que se aloja no olhar,
nas paredes de casa, no fundo da panela e no futuro dos filhos.
Confesso que assisto aos noticiários das TVs, com a consciência
de um inconsciente que lava as mãos do sofrimento de irmãos que se embebedam,
que choram, que roubam, que gritam, que se suicidam porque não tem com que
pagar a renda, os medicamentos, os livros das crianças o passe, o pão, e
perderam o trabalho.

Confesso que não vejo no horizonte gente capaz de bater o pé,
de gritar: basta!.
Confesso que me acobardo quando ainda me comovo com o hino
nacional, com um cravo vermelho, ou o
olhar de uma criança, mas deixo que o tempo dilua os sentimentos.
Confesso que deveria
usa – los para com eles inundar a assembleia e a consciência do pomposo PR do enfático
PM com seu séquito, dos ilustrérrimos Juízes, dos agitados deputados, dos seráficos cardeais e
bispos, de todo o cortejo de incapazes,
que não sabem que não pode haver nem
discursos de promessas, nem jantares, festas, futebóis e risos, enquanto um
português sofrer por sua causa.
Confesso também, sem cobardia alguma, que nunca votei, nem
votarei neles.
a vergonha de ser português
Acabei de beber uma aguardente de medronho que acartei da
Fuseta até à capital como quem trás Viagra para um pelotão de infantaria.
Os ventos do mar e os da terra têm sido matreiros para com o autor destas letras. Por isso, contra ventos e até marés, quando vierem se
vierem, regresso com a loucura de quem se verga mas não parte como fazem as
canas no matagal.
É a vergonha de ser português “hoje” que me salta aos dedos
para que marcharem no teclado.
Vou vomitar até aos bofes saírem pela boca e mijar no
pântano onde florescem os políticos que conheço.
Não lhes perdou o sofrimento que com sorriso macabro derramam sobre o povo a que
pertenço, feito de gente boa, dizem que calma, mas sobretudo crédula e
adormecida.
É tempo de acordar e enfrentar a insónia que nos alimenta.
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