domingo, 27 de maio de 2012


PINGOS NEM SEMPRE DOCES

Uma pausa,  na outra escrita, para vir aqui debitar pequenas coisas que vão enchendo o saco da alma como o lixo que se debita no saco de plástico do supermercado e, sempre que vou a terra, lanço ao caixote.

Não menospreso, quem ler isto, se houver quem leia claro está. Reconheço que devemos estar fartos de literatices.

Estes pingos, nem sempre doces, afinal, são um breve testemunho de quem lançou ferro numa das cidades do litoral,  mais próximas da espiritualidade dos nossos antepassados. Talvez, para fugir às modernices tacanhas dos média que se esforçam por parecer evoluídos e actuais, não sabendo eles, que a vaidade bateu no fundo pela sua vacuidade e redundância e que hoje nasce uma outra forma de encarar a vida. E esta, será a que vai vingar, como a semente da figueira que se ergue num muro, ou entre penhascos. E dará figos que alguém comerá, bem dizendo a terra e o repetido milagre da vida.

terça-feira, 22 de maio de 2012

EUROPA QUE FUTURO


GORDURA MORBIDA
Sociologo Jaques Amaury - Universidade de Estrasburgo
"O que acontece é que a Alemanha e não só, quer virar o mapa socio - económico da Europa para continuar a engordar e para sua defesa vital e garantia dos seus cidadãos e da sua história.

O que está a fazer e forçar é apenas uma estratégia para salvar o seu futuro.

Como sabemos, na Europa rica  - Alemanha, Grã – Bretanha, Holanda, França Dinamarca, Suécia, Noruega, Bélgica e Suíça, está – se  a prever um fenómeno que poe em perigo, já daqui a 10 anos, o seu futuro.

Os ricos aproveitam – se da falta de democracia nos paises ditatoriais, Paises Arabes, em África e na China para abrir portas  à mão de obra barata para si, sobretudo em tarefas que os seus, não querem executar.

A população muçulmana, em algumas cidades, como Marselhas,  está a atingir dimensões tais que se admite, poder igual e suplantar, até a dos locais, dentro de pouco tempo. O numero de mesquitas aumenta mais  que as igrejas. As mesquitas enchem – se, as igrejas estão vazias.

A sharia, o código de leis do islamismo, exige uma luta constante, por qualquer meio aos muçulmanos até “dominarem o mundo” e acabarem com o cristianismo e outras religiões.

Os islâmicos reproduzem – se muito mais (cada muçulmano pode ter 4 mulheres), enquanto os  locais evitam por comodidade ter filhos, a população idosa está a aumentar enquanto o numero de jovens locais está a diminuir, crescendo as novas gerações de emigrantes, com boas condições sociais e “direitos, liberdades e garantias”. A vida é para o emigrante incomensuravelmente melhor que a que os governos corruptos e incapazes dos seus países permitem.

Tem sido muito conveniente a miséria de uns, para benefício de outros.

A capacidade organizativa dos emigrantes graças ao seu actual (novas gerações) nível cultural e acesso a novas tecnologias permitem – lhes elevar o seu tom reivindicativo, com incidências sociais, culturais e policiais, que se torna já incómodo e de mau presságio.

Os partidos locais de direita xenófobos,  crescem  porque prometem afastar o perigo que mora às portas e ao lado dos nacionais.

Mas os países ricos não poderão continuar a usufruir da sua qualidade de vida sem emigrantes que não controlem. Assim a única solução é criarem em Portugal, Grécia e Espanha as condições para que sejam estes a exportar a mão de obra domável e tranquilizadora.

Além disto, poderão, sem antagonismos, continuar a disfrutar dos campos, praias e belezas destes países que nada mais verão que o turismo e a emigração, para fugirem à miséria. 

O esquema está de tal modo lançado e habilmente orquestrado, que por exemplo, em Portugal até o seu primeiro ministro sugere à juventude que emigre, num gesto de uma crueldade, de falta de ambições e respeito pelo futuro de um país com 900 anos de passado. Esse conselho é revelador do que está por detrás do plano maquiavélico de Merkel apoiado pelos governantes portugueses, acompanhados pelos meios de comunicação que mais não fazem do que criar superficiais problemas individuais ou partidários e distrair a população, com folclores, num logro, como se Troika fosse uma sorte grande."

quarta-feira, 14 de março de 2012

china e portugal oioioioi




A China é um país comunista com mais de mil milhões de habitantes, que continua apregoar os méritos da sua Revolução de Mao. Portugal tem 12 milhões e apregoar a sua Revolução dos Cravos.
Porque é que a China, apesar de ser comunista se tornou, mesmo não acreditando, capitalista?
Vejamos: há pouco mais de 10 anos, os 50 mil dirigentes - representantes do P. Comunista Chinês, vendo que o país não atava nem desatava, resolveram esvaziar o Estado e privatizar as máquinas industrial, comercial e agrícola.
Como era um país de partido único, foi simples. Deram aos membros do partido que estavam à frente da unidades, o direito de passarem a ser proprietários das mesmas, sem despenderem um tostão e, a tornarem – se patrões de dezenas de milhões de empregados que até, aí seriam “funcionários públicos”. Umas empresas faliram, mas a maioria, graças às condições excepcionais, tornaram os seus proprietários e membros do partido a classe rica e ostentativa, a classe dominante. Os operários, esses aguentam, baixíssimos salários, a inclusão de trabalho infantil nas fábricas e campos agrícolas e “bico calado”, porque, segundo os lideres, “ direitos humanos só quando tudo estiver estabilizado. Agora, são precisos sacrifícios a bem de todos e sobretudo, da China”. E assim, um país que se assina Republica e “Comunista” torna – se, num golpe de mestre, no pais mais capitalista que é possível imaginar, a crescer em poderia militar e em ostentação, e investindo seja onde for, desde Africa, Europa e América muito especialmente em países emergentes e ditaduras recomendáveis, como Angola.
Ora, em Portugal, mais ou menos no mesmo tempo, a manobra tem semelhanças.
Vence as eleições “democraticamente” entre aspas, um partido que é declaradamente liberal, pró - iniciativa privada, pró – capitalismo , pró – privatização, pró – liberdade de entrada e saída de capitais, etc, e uma missão clara de esvaziar o Estado, na continuidade do que o anterior vencedor, dito “Socialista” mais tímido, anunciava.
Hoje, o poder político e o capital, estão nas mãos dos políticos que saem e entram no partido, conforme as conveniências. Entram para as grandes empresas para as armadilharem para as privatizações de que eles fazem parte e são por isso escandalosamente, compensados. Formam – se centenas de PPP onde encaixam os militantes partidários. Ocupam lugares estratégicos nos jornais, tvs, rádios e autarquias. Enquanto isto a população, embalada por uma comunicação social hábil e manipulável, sem entender a esparrela em que caiu, interroga - se como, tal como o chinesinho, muda de patrão e faz cada vez mais sacrifício, até comprometer o seu futuro e o dos filhos e netos, para “salvar Portugal”.
Curiosamente, os comunistas chineses que estrategicamente, sempre, antes e agora, foram e são vistos como uma ameaça à tal “democracia” que os portugueses defendem até à ultima gota, negoceiam e investem em países capitalistas, como Portugal onde a população, tem agora, alegremente, como principais patrões (EDP – EN- etc ) o próprio Partido Comunista Chines.
Isto acontece porque os dois processos têm muitas semelhanças, mas o futuro de uns e outros não será exactamente o que esperam, já que negócio sem moral e vida sem princípios, leva sempre a maus resultados.

quarta-feira, 7 de março de 2012

VAMOS À CHINA????






Pensava que ir à China era como ir à Caparica e comer uma caldeirada. Não é bem, até porque lá não há caldeiradas.
Fiz umas anotações que acho pertinentes.
Tempo – Fevereiro – Março – muito frio, mas não tanto que invalide meter o nariz onde nos apetecer, sobretudo se em Cascais houver sol.
Zona – Pequim. Historicamente, terra de origem de Mao, estação terminal do famoso comboio da longa viagem 751, a Cidade Proibida, a segunda cidade da China, uma vez e meia a população de Portugal, o pato à Pequim, etc, é das mais interessantes e depois, China é China onde quer que seja.
Viagem – via Amesterdão. Foi a segunda vez que aterrei no Schiphol, desta cidade holandesa. Dei umas voltas, entre voos e fiquei mal impressionado. Muitos imigrantes, um consumismo cansativo, preços elevados, desde o Mac Donald ao Cartier, obras em todos os cantos da cidade e muitos cuidados com os larápios que parecem estar em todo o lado disfarçados de paquistaneses, indianos, nigerianos, sul americanos, árabes ou mesmo holandeses.
Viajar na KLM é outra coisa; Um 747 desafia os céus com a tecnologia e comodidade que o meu avô jamais imaginara. A 10 mil metros de altura e a mais de mil Kms/hora, apesar de viajar no sentido inverso do globo, de dia vê a Alemanha, cheia de neve, o Baltico, a Finlândia, depois a incomensurável Rússia também coberta de neve , a Mongólia aparentemente deserta com os picos conhecidos e por último, depois de uma cordilheira de montes negros, como muralhas, a longa planície chinesa de Beijin onde a centenas de quilómetros começam a ver – se, com um rigor geométrico, impressionante, zonas industriais, agrícolas e habitacionais, como se tudo estivesse organizado num puzzle rigoroso traçado por uma interminável régua.
A disponibilidade áudio visual, a gentileza hospedeira, com o conhecido sorriso holandês amenizam as mais de 10 horas.
Aqui e acolá o cantarolar mandarim lembra que estamos a chegar à Ásia.

E depois de rodearmos uma interminável cidade de arranha céus, que deixara para trás as fábricas e os campos, pousamos num dos maiores aeroportos do mundo onde os símbolos da flor de lótus de assinala desde as unidades pequenas às enormes, das várias companhias nacionais e internacionais da China.
Recomendações – viajar para este país sem algumas precauções é mergulhar num poço cheio de dúvidas.
Assim
1º saber com algum rigor o cambio do Yuan que varia da noite para o dia, conforme os americas sorriem ou o o sr Wen espirra. Deve levar dólares para comprar mais vultuosas.
2º - saber que os motoristas de praça são funcionários públicos e portanto…(desculpem os f.p.) quanto menos trabalharem melhor e exigir que trabalhem, mesmo se se recusarem, alegando por exemplo que não entendem. Para tanto, basta chamar a atenção dos muitos policiais que andam por todo o lado.

3º - pedir para alguém escrever em mandarim o local para onde pretende deslocar – se, já que ninguém fala inglês e os que falam não se entendem, nem entendem o que dizemos.
4º - Antes de entrar no táxi, mostre o nome em mandarim. Depois ele dirá quantos yuans. Você aceita ou não. Do aeroporto até ao hotel , junto à Cidade proibida, numa viagem de uma hora paguei 10 Euros.
5º Há táxis – motorizados com dois lugares. O preço é outro e não podem ir a todo o lugar. Há também o tradicional “riquexó”, a pedal para uma ou duas pessoas. Só dá para um ou dois quarteirões ou para andar nos bairros mais complicados, mas não recomendo, porque nem sempre neste serviço medieval, o largam no lugar combinado, nem é muito do nosso estilo ir atrás de alguém a bufar por todos os poros, mesmo sendo ele um chinês que não nos fez mal nenhum.
6º - Gorjeta – não é hábito ali dar – se gorjeta, essa vitamina fundamental, dinamizadora, na nossa sociedade. Às vezes, se insistirmos, eles até afinam, até porque os táxis e as refeições são baratíssimas.
7º Não discuta com um chinês. Vai ser um diálogo de mímica em que ninguém se vai entender e ficará tudo na mesma. Chamar a polícia é ainda mais complicado porque ali a Policia não dialoga; prende e depois logo se vê. E não dá para lhe explicar que teve a má ideia de votar no Passos Coelho porque nem sabem que existe um país chamado Portugal.
8º Apenas pode discutir com um chinês se ele for vendedor seja do que for. Começam por pedir um preço 3 vezes superior, depois descem até um terço ou menos.
Pergunta qual o preço e ele apresentam – lhe logo uma calculadora com dígitos grandes onde você escreve quanto oferece. Depois ele desce e você sobe, ante expressões de profunda discordância, surpresa ou até indignação, mas a opereta chega a ser emocionante se se tratar de um computador ou uma câmara vídeo que você pensa ser de origem e afinal é “ chinês”. A verdade é que faz tudo menos qualquer coisa e não tem garantia, nem você pensa lá voltar para protestar. Um amigo meu comprou um GPS por 20 Euros. Quando usou em Portugal os mapas apareceram legendados em chinês.
Adoro Arroz de pato. Diria que fui à china mais para ali comer o arroz de pato que às quartas feiras costumo comer aqui em Oeiras. Pois parece que ali ninguém conhece o arroz de pato. Há pato à Pequim, com uma miscelânea de acompanhamentos inimagináveis, mas como cá, não há.
A comida é agradável e baratíssima. Uma lauta refeição com bebidas e chás não ultrapassa os 6 euros. Excepção para um repasto em que mandei vir uma garrafa de vinho tinto chinês Changyu de origem na região e por sinal não era pior que o D. Ermelinda de Palmela que já está caro. O preço também não foi exagerado.
Para quem pensa vir à China aqui se recomenda que comece a praticar comer com pauzinhos. É que na maioria dos restaurantes não usam talheres e começar ali, com alguma fome é a vingança deles.
Uma amiga que fiz por lá, de olhos em bico, e que entrava em delírio quando me via os cabelos dos braços, tentou levar – me a comer cão, ao restaurante predilecto dela. Ante a minha recusa, lamentou porque o cão é para ser estimado e apreciado dizia; os grandes são para os grandes jantares e os pequenos para os pequenos - almoços. Contentou – se com um pato e uma sopa divinal de tofu que jamais esquecerei, mas ela, passou a chamar – me hairy monkey.
Nem tão pouco, parei na rua numa sucessão interminável de tendas, a provar escaravelhos fritos, aranhas, cobras, lagartos, vermes, minhocas, e um sem número de pitéus que me deram a volta ao estomago, até a imagem passar a recordação ténue de um pesadelo.
OS CHINESES – São mais que muitos.
TRANSITO
Deslocam – se sobretudo em bicicletas e muitas delas motorizadas a electricidade. Ninguém usa capacetes. Motos com motor de explosão, vi duas ou 3 entre milhares de eléctricas. Mulheres com crianças, casais de idosos, famílias inteiras pedalam ou aceleram sem barulho em intermináveis filas que não obedecem a quaisquer regras de trânsito.
A verdade é que não vi acidentes.
Os automobilistas usam com frequência o cláxon, mas se assim não fosse, não haveria bate chapas que chegasse.
À noite só os automóveis é que usam iluminação. Os ciclistas e motorizados esses aparecem do escuro com a graça de Deus e sorte de chinês.
COMERCIO – Não há empregados de comércio com mais de 30 anos. Só jovens, simpáticos, mas que não revelam qualquer saber sobre a matéria. Sorriem e digitam. A característica que parecem privilegiar, é a de não largar o cliente.
Se você para frente a uma sapataria num instante está descaço ou com um sapato de cada modelo.
Um amigo meu entrou numa loja de massagens aos pés. Descobriram – lhe, pela reflexologia, um problema de intoxicação que o levou a adquirir uma colecção de chás vindos dos Himalaias e apanhado apenas por mulheres, para 3 meses e meio, tempo do tratamento e a deixar ali o equivalente a quase 3 mil euros.,
Pela minha parte a Drª Jun Dong, uma chinesinha encantadora, que explicou eloquentemente as diferenças entre as medicinas ocidentais e orientais, apenas conseguiu vender – me um pacote de saquetas com açafrão, para imersão dos pés. Isto porque prometi, se me sentisse mal encomendar via mail um tratamento completo. A verdade é que, estou a melhorar, tanto mais que a ida aquele centro de massagens ocorreu depois de termos tentado subir uma parte considerável dos 5 mil quilómetros da muralha da china, local de facto impressionante de beleza, engenho e esforço humano.
Ainda falando de comércio, outra advertência – Sempre que entra numa casa de chás, de cristais, de arte, museu ou coisa assim tem que estar preparado par o lado comercial, isto é: a curiosidade não se esgota na simples visita. Adquirir objectos, recordações, documentos, curiosidades é o aspecto subjacente à visita. Os preços em principio são exagerados porque está na fábrica em presença dos artistas e fascinado pelo engenho desembolsa, o que por certo noutros locais encontraria muito mais barato.
Conto o caso não só das vezes em que assisti à maneira tradicional de servir o chá e como fui pressionado a adquirir o mesmo chá que com relativa frequência compro aqui na Casa da Guia de Cascais. Mas mais original foi no final da visita á Cidade Proibida. Proibida porque foi o local onde desde o século XIV viveram os imperadores até 1994 altura em que os japoneses invadiram a região e levaram – no para a Manchuria.
A obra de 72 hectares foi construída por mais de um milhão de operários durante 14 anos.
É de opulência de um endeusamento impressionante, desde o local onde dormia o imperador com as suas esposas, com as suas 360 concubinas e eunucos, os pavilhões palacetes, para os irmãos e mãe do imperador, e para os militares, numa fortaleza inexpugnável, feita até ao ínfimo pormenor no sentido de defender o intocável imperador. Foram durante mais de 4 séculos, até 1911, 24 os imperadores, 14 da dinastia Ming e 10 da dinastia Qing
Depois de uma visita onde se viam visitantes especialmente chineses vindos da Manchuria, do Tibet, de Kan e da Mongólia, que nos olhavam com curiosidade porque alguns nunca haviam visto um europeu, a guia esclarecidíssima e muito profissional introduziu – nos numa dependência onde um senhor escrevia em caracteres chineses. Fomos apresentados: aquele senhor era, nem mais nem menos, um sobrinho do último imperador Puyi. Professor de caligrafia na faculdade de Pequin, desloca – se ali duas vezes por semana. Segundo a guia eu tivera muita sorte por encontrar o familiar do imperador, em pessoa, que poderia escrever, por exemplo, o meu nome em mandarim e ainda; que grande sorte…. por o ter visto e cumprimentado.
Escusado será dizer que não lavei a mão durante três dias.
HOMENS E MULHERES
São simpáticos e simples de forma geral. Confesso que olhei mais para elas, mas reconheço que todos são magros ou melhor, não gordos. Estatura semelhante à dos portugueses. Comem pouco, muitos vegetais e bebem constantemente chá. Aliás, cerveja e vinho são raridades.
Elas, são particularmente graciosas, diria mesmo elegantes na maioria nos seus trajes negros, calças e blusas ou simples casacos.
Nota – se no entanto que as novas gerações começam a ser impressionadas por novos estilos. Elas, com saias das quais saem folhos rendilhados , flores na cabeça e já uma profusão de telemóveis, vendo – se ipodes e ipeds, com os indispensáveis auriculares, que por estar frio estão sob orelhas de pons- pons que lhes dão um ar original.
Há um aspecto porém que me intrigou.
Numa noite entrei num Mac Donald`s que estava aberto toda a noite. Bebia a minha coca-cola para variar quando á minha frente uma chinesinha passa a usar freneticamente uma escova de que molhava num copo de onde bebia e depois tranquilamente, cuspia num outro.
Num restaurante, perto da praça Tianamem, uma jovem acompanhada por duas outras pára de chupar o esparguete e como se isso fosse natural, inicia com a unha do dedo mindinho da mão direita uma pesquisa desalmada de macacos no nariz, acção que culminou com o uso do guardanapo com que continuou o repasto.
Ora esta falta de modos ou como diria um ocidental, de educação é o reflexo de um país que cresce diariamente, a um ritmo inimaginável até há pouco. Não há ali a noção de pobreza mas sente – se que há gente pobre e gente muito rica. Não há pedintes, mas há lojas das mais caras marcas do mundo que chocam qualquer desprevenido.
Um telemóvel de marfim com incrustações de marfim, numa figura de dragão porque entramos no ano do dragão, custava a módica quantia de 17.500 euros. São muitos os carros de marcas alemãs de elevado preço, ao lado das mesmas marcas, já fabricadas na China.
Diz – se uma republica comunista, mas abre – se declaradamente à iniciativa privada num casamento difícil de digerir e sobretudo de comer com pauzinhos.
Altamente preparada do ponto de vista militar, sem dar nas vistas, excepto na enormidade e luxo das infindáveis avenidas (Pequin) com os mais arrojados arranha – céus a perderem – se nos horizontes, esconde um pais controlado, que ainda apela, como num folclore permanente, mas anacrónico, à imagem e mensagem de Mao. Mas, se atentarmos, descobrimos que não é tranquila a vida naquele país de 1. 400 milhões de seres que ao saírem da miséria, anseiam por se parecerem prósperos e ricos. Não virão a ser todos e muitos, continuarão a magicar em silêncio, insatisfeitos à espera de Mao.
A ajuda e o exemplo do ocidente não são o melhor para o tigre que eu diria o dragão aprender, agora que parece ter acordado.
O futuro próximo o dirá.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

LAGRIMAS DE ESPERMA



É um crime de lesa história, é o avançar com uma fraude, para esconder outra e outras. Uma mentira não apagar outra e fica tudo resolvido. Não, os povos têm alma. E memória.
Sentimos que vivemos em transe à espera da libertação.
O que estão a fazer ao povo português não se faz. Alguém já paga caro por isto; o sofrimento, a miséria, o suicídio, a prostituição, a violência, aumentam a olhos vistos.
Vivemos num bordel de champagne e pobreza, de luxo e doença.
No rosto dos portugueses lê – se o duro sentimento de nostalgia ditado pelo dia – a dia cada vez mais decadente e doloroso.
Os políticos obrigam – nos a prostituir – nos, como se isto fosse o castigo e a solução moral para a vida que temos levado.
Ensinaram – nos coisas bonitas em que acreditávamos e agora oferecem – nos os risos pré - fabricados do Relvas, os punhos de Passos, o ar patético de Seguro, o expressão numérica de Cavaco e a trágico – cómica de Jerónimo e Louça, marionetas, senhoras do seu papel.
Não. Não sabemos o que faremos daqui a 10, a 20 anos, amanhã sequer. Nem sabemos se nos encontraremos.
O mais provável é, neste bordel, virmos, como num filme de terror a chorar lágrimas de esperma.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

ATÉ QUANDO???


Escrever para si próprio é falar para o espelho.
São cada vez mais os portugueses que não conseguem publicar o que escrevem.
Assim, escrever será um acto narcísico? Talvez não.
É sim um acto de desespero e de alarme.
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Qualquer cidadão português consciente, tem a noção exacta que está a ser ultrapassado por uma máquina avassaladora que desenvolve um conto do vigário com dimensão nacional. O homem comum sente - se, cada dia que passa, mais impotente, ante o cerco hábil que lhe teceram.
Não queria eu cair na linguagem corrente em que se diz que o que hoje se faz em Portugal é criminoso, uma nojeira, uma traição, uma estratégia de gente (políticos e investidores) sem escrúpulos, nem dignidade, etc, mas, honestamente, não poderei andar longe desta convicção.
Temos vindo a observar impávidos, a estratégia que a finança internacional ou seja, os investidores desse estranho mercado, sem rosto, que a todos domina e corrompe, através dos seus mandatários na política nacional, pondo em prática, uma estratégia que esvazia por completo a bolsa dos pobres e transforma em pobres os que até aqui viviam na mediania.
De forma trágica e até ridícula o sr Passos Coelho diz com o dedo em riste que os portugueses viviam acima das suas possibilidades, mas esconde que o país que governa é na EU aquele que tem mais desnível entre ridos e pobres. Essa verdade que tudo explica é ignorada por um político que se limita agora a pagar, diz, o que devemos. Mas devemos quem?
A milhões de cidadãos não foi dado nada mais do que foi estabelecido e acordado, como fruto de décadas de trabalho. Se entregaram dinheiros vindos do exterior ele foi para bancos e empresários que não deixaram AINDA, de viver á tripa forra com a bênção de Paços Coelho.
A população até aceitaria o desafio se quem apela ao seu esforço desse mostras de honestidade ou boas intensões, mas, tal não acontece; o 1º ministro desdiz em absoluto o que, antes das eleições que lhe deram a vitória, jurou, nunca fazer; não aumentar impostos, não vender o património, não beneficiar clientelas etc. O que vemos é exactamente o contrário: os impostos asfixiam, a venda do património é o seu grande negócio, as clientelas estão bem definidas e defendidas.
Acaba de nomear António Borges para dirigir a Comissão que vai vender, em saldo, o que resta deste país que herdamos do Afonso Henriques e do Salazar. Esta figura mandatária do FMI, afia os dentes aos maiores negócios, jamais vistos por estas paragens. Foi escolhido à medida do comerciante mor e de interesses inconfessáveis.
Se tudo isto não é um caso de polícia…
Não nos enganam.
Aparentemente, há hoje, como que uma abertura na informação, ao observarem – se abordagens, criticas que vão desde a falta de tacto do próprio PR, ao caso do vagabundo que roubou num Pingo Doce, um pedaço de polvo congelado e um shampoo, mas não nos iludamos; isto é fumo para os olhos, enquanto se procede ao avanço sistemático na venda de património, na consolidação das PP e na estratégia do real empobrecimento da população.
Sugerem à juventude a ida para o estrangeiro porque sabem, como querem, transformar o país. Não nos admira que construam uma ponte, em cada capital de distrito, para quem se quiser suicidar.
A verdade continua escondida… até quando?

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

MAÇOM ? EU?


APRENDIZ DE MAÇOM
Quando agora, a Maçonaria vem à ribalta, numa luta acesa de poderes no meu pobre país, também, tenho uma história breve, mas que me parece interessante para contar:
Decorria o ano de 1998. A RTP apostava nas emissões directas da Expo onde tinha instalado um estúdio na caravela D. Fernando e Glória.
Daí, diariamente emitia reportagens, entrevistas, notícias sobre o evento que tinha dimensão mundial.
Eu, depois de ter sentido os primeiros sintomas de afastamento das lides profissionais, acedi com bom grado, à possibilidade de fazer um trabalho interessante e atractivo.
O momento era conturbado. 24 anos depois da Revolução de Abril era mais que evidente o avanço dominador do poder económico sobre o político e a Comunicação Social era o instrumento onde mais me apercebia da manobra, paulatinamente engenhada, para o tão almejado objectivo das forças mais conservadoras do País.
A informação não era livre. Os meios, entravam num beco sem saída.
As forças de esquerda, como sempre mais empenhadas em se digladiarem do que em estudarem e defenderem os seus pontos comuns e com eles enfrentarem as direitas, hábeis em alimentarem o medo atávico da população ao comunismo e por arrasto, ao socialismo.
Os de direita com perfeita aquiescência do PS, faziam a sua jogada reptícia, nomeando administradores, directores, chefes de redacção, jornalistas e um elenco de fazedores de opinião, “prêt à porter”, que perfilhassem os mesmos objectivos. Ao mesmo tempo, elaboravam listas de “personas non gratas” e de colaboradores mais domesticáveis.
Isolado no meio, procurei uma ajuda junto de colegas que me entendessem. Por sugestão de Fialho Gouveia, acedi, ir a uma reunião do PS, partido que em princípio me garantia a abertura necessária, já que fora no seu reinado, na RTP, que eu entrara pela mão do memorável Edmundo Pedro, que logo, pouco depois, cairia em desgraça. Fui à reunião no Teatro Vasco Santana na Ex Feira Popular.
Caras conhecidas entravam para uma sala quase cheia. De braços abertos, o anfitrião mal me viu, manifestou ruidosamente, regozijo pela minha chegada. Era ele nem mais nem menos que Igrejas Caeiro um democrata que anos antes me afastara da Ex. Emissora Nacional depois RDP, após uma queixa que fizera, na sua qualidade de director, por, alegadamente, ter abusado da Liberdade de Imprensa, contra o então P.R. Ramalho Enes.
A minha alma tropeçou logo que tão grande alegria me abriu os braços, quando dois anos depois de Abril, os mesmos braços, me tentaram sufocar, atirando – me para o desemprego e para a eminência de ter que emigrar.
Curiosamente, acrescento aqui que, fora Igrejas Caeiro, do PS, quem, assim, me obrigaria a pensar em partir para a Venezuela e que quando já no aeroporto, comprava os bilhetes, numa, ao mesmo tempo, chegada de Mário Soares, Edmundo Pedro também do PS, me quis conhecer e me convidou a ingressar na RTP.
Não acreditei nessa possibilidade, mas adiei a partida.
O certo é que já andava numa roda-viva em reportagens na RTP – Telejornal quando, após ter sido absolvido na primeira instância pelo Tribunal da Boa Hora, e até louvado pelo Juiz pela “exemplar peça radiofónica no programa DOMINGO FANTÁSTICO” fui condenado na Relação, a 6 meses da cadeia, pelo mesmo “abuso”.
A verdade é que não esperava que o sr Igrejas tivesse recorrido e porque não queria tornar – me alvo na imprensa, por ser o primeiro jornalista a ser condenado, depois do 25 de Abril, preferi calar – me e aceitar o castigo que não merecia.
Por isso, mal me afastei do abraço de recepção no Vasco Santana, clamei que tinha deixado o carro mal estacionado e que teria de ir num instante, resolver a questão. Claro que não voltei e durante anos me perguntaram porque desapareci dali, em dois tempos.
Mas voltemos à Maçonaria:
Estava na caravela D. Fernando e trabalhava com um colega e posso dize – lo, um amigo por quem nutria alguma admiração. Esforçado, perspicaz, astuto tinha boas qualidades de jornalista capaz de furar paredes e muralhas. Já nos dávamos bem há vários anos e não poucas vezes falavamos da asfixia crescente que se avolumava na informação.
Um dia, pediu – me que conhecesse alguém, importante, que gostaria de me falar sobre a questão que nos preocupava.
Lá fomos, no dia e hora marcados, a um andar debruçado sobre Lisboa, no Príncipe Real, onde um senhor, simpático, muito atento, a imanar integridade e inteligência, que mais tarde vim a saber ser Fernando Teixeira, o Fundador da Loja Maçónica, Casa do Sino, a sós, me ouviu durante mais de duas horas, sobre tudo o que para ele eram dúvidas importantes da vida e da minha profissão.
Voltamos ao trabalho. O meu colega rejubilava. Eu tinha caído nas graças…
Entretanto Carlos Pinto Coelho numa aproximação simpática, como só ele era capaz, auscultou – me sobre a eventualidade de entrar para a Maçonaria. Para mim, confesso, era como entrar para o Benfica ou o Porto. O que eu queria era que a informação mudasse o mundo e que em Portugal houvesse conhecimento e sensibilidade suficientes, para alterarmos a corrente trágica que se aproximava, sob o perigo de perdermos tudo o que havíamos conquistado, ou que julgávamos ter conquistado. Um aperto de mão muito especial do Carlos como quando se despedia do “Acontece”.
Nas vésperas de um sábado. Um telefonema do meu colega “Sábado vem com duas horas de antecedência. Vem de fato preto, gravata preta e prepara – te para dares um passo im - portante”.
Já desconfiava. Mas a curiosidade não me tolhia. Como é que seria? Quem seria? Que Objectivos? Era puro jornalismo. Farejava situações, rituais, segredos, acções que me mostrassem outras faces dos homens.
Já lá estava dentro do carro quando cheguei ao Parque das Nações. Arrancamos a acelerar para Cascais. Fui ouvindo os seus conselhos e recomendações.
Passamos ao lado da Estação, ao lado do Mercado e paramos onde nos foi possível num largo junto à vivenda 21 que parecia sem ninguém. Era a Casa do Sino da Grande Loja Regular de Portugal. Tocou à campainha. Alguém abriu. Entramos. Saudados por alguém vestido de negro entramos para uma sala onde outros nos olhavam com algum espanto. Retribui ao descobrir colegas, até repórteres do desporto, vereadores da CM Cascais, gente que me habituara a ver aqui e acolá.
Afastado do grupo fui levado para um outro local onde começou todo o ritual de iniciação que descreverei noutra altura.
Importa dizer que, primeiro com apenas muita curiosidade, depois, mercê do peso do cenário, do ritual, das palavras e da tensão criada acabei por jurar com convicção às ordens imanadas, mas, subliminarmente emergia na minha consciência, sempre a minha convicção de que o faria apenas para a finalidade que me levara ali. No fundo, no fundo, sentia – me um intruso, com boas intensões.
Uns meses volvidos em que eu me imaginava em observação, ocorreu um incidente que colocou ponto final à minha acção maçónica.
Era um final de dia em que todos tínhamos trabalhado intensamente. Naquela redacção estávamos apenas; eu, a planificar o meu dia seguinte, o meu colega a terminar uma reportagem e uma secretária.
Toca o telefone. A secretária atende; “Sim, sim . (Pôs a mão no bocal) Alguém viu aqui uma cassette do Helder? Tem uma reportagem importante para amanhã que ele esqueceu sobre uma secretária.” O meu colega levantou a cabeça. Eu à distância, procurei, vi a cassete sob um monte de papeis. Apontei – a. Ela garantiu que a guardava na primeira prateleira de um armário ao fundo da sala, confirmou com o outro ao telefone.
No dia seguinte quando cheguei, havia um tumulto na redacção. O Helder agatanhava – se e a secretária chorava que nem uma Madalena. A cassette com o trabalho havia desaparecido.
Olhei fixamente para o meu colega que parecia distante. Desviou o olhar e continuou com o trabalho, não sem ter notado que eu sabia que só ele poderia ter feito tal patifaria.
Abeirei – me discretamente. Porquê? “Porquê? Porque ele é um inimigo a abater. Ele não é dos nossos. Ando há muito tempo com olho nele. Não perdoo.
Senti uma vertigem. Desci. Fui a um café. O mundo perdeu o Norte e eu perdi o rumo.
Nunca mais consegui falar - lhe. O avental, as luvas, a medalha e outros “recuerdos” jazem solenemente, no guarda fato, o mais, discretamente possível, numa gaveta, como se recomenda, entre as meias de inverno e as cuecas, na mais rigorosa obediência maçónica.