quarta-feira, 8 de maio de 2019

NAS NOSSAS VIDAS




Se neste tempo nos tivesse nascido um cabelo por dia, estaríamos hoje com farta cabeleira, mas quer a vida, que ela se branqueie, dando – nos em compensação uma mais atenta hipótese de reflexão e solenidade.
E aqui, no Boletim, na Cruz Vermelha, sempre de portas abertas, nestas paredes com amplas janelas abertas para o horizonte futuro e para os outros, fomos diariamente amealhando, aprendendo o que nos resta de mais valioso; o saber viver sorrindo.  
Assim, aqui deixo o que hoje mesmo, recebi de um autor desconhecido. É o recado de Aniversário, uma regra para ser e fazer os outros felizes;
Cinco factos inegáveis da vida:
1. Não ensine seus filhos a serem ricos. Eduque-os para serem felizes. Então, quando crescerem, saberão o valor das coisas e não o preço.
2. Melhores palavras premiadas em Londres ... "Coma sua comida como os seus medicamentos. Caso contrário, você terá que comer medicamentos como sua comida."
3. Há uma grande diferença entre um ser humano e ser humano. Poucos realmente entendem isso.
4. Você é amado quando você nasce. Você será amado quando morrer. No meio, você terá que gerenciar!

Seis melhores médicos do mundo:
1. Luz Solar
2. Descanso
3. Exercício
4. Dieta
5. Auto-Confiança e
6. Amigos
Mantenha-os em todas as fases da vida e você desfrutará de uma vida saudável.
Se você quer apenas andar rápido, ande sozinho. Mas se você quiser caminhar longe, ande junto!
Como diz a 6ª Regra do Budismo; 
“A pessoa mais rica não é a que tem mais, mas  a que precisa menos”! 
É a que sabe viver com o que tem!
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segunda-feira, 6 de maio de 2019

O MEU ALGORITMO



Espreitei para o quarto delas. A mais velha, deitada sobre a cama não despregava do IPad onde passava a “ A mafiosa” uma canção brasileira num destes ritmos modernos que até eu conheço só de ouvido e gestos de sinaleiro.
A outra, a Laurinha, de 6 anos deitava no berço uma das suas bonecas, a loirinha que ao que parece, estava com febre.
Entrei de mansinho. Sobre a mesinha de trabalho um caderno aberto com números em atropelo que a terão desafiado, mas ela desistira.
- Qual é o problema? Perguntei autoritário subindo os decibéis.
- Avô não tenho problema nenhum – respondeu com ar de quem pede desculpa e nervosa – Só no algoritmo. Ensinas – me?
Abri muito os olhos, enchi o peito. A forma tão em voga hoje, responsável pelo avanço científico, tecnológico universal que entra no automatismo, na robótica, nas comunicações, nos computadores, na medicina, na web – -O algoritmo que faz o mundo avançar? Olhei- a fixamente e – Já venho. - Desatei a correr e fui ao meu computador.
Algoritmos – É uma sequência feita de instruções bem definidas e não ambíguas para a resolução de um problema como: com a tua mão substituíres uma lâmpada defeituosa por uma nova. Li 5 vezes.
 Voltei à menina que já tratava de outra boneca-
 -Bem temos que estudar, mas...
-..mas avô eu só quero saber, saber o teu.
- O meu?
- Sim o teu al - go - rit - mo.
Tremi dos pés à cabeça e decidi – Eu sou? Eu tenho um? Tenho que ir já, já ao médico.


sexta-feira, 8 de março de 2019

A VETUSTA IDADE

+VERMELHA 20190303




Não sei como interpretar isto, mas não resisto mesmo que me chamem, e vão chamar “machista”. Acabei de receber de um amigo uma sucessão de fotos de automóveis antigos, daqueles que hoje raramente se vêm e quando se descobrem derretemos – nos em recordações. Ele eram o Renault “Joaninha”,  os Citroen 2 CVs, e a linda Arrastadeira, o Diane, os Fiat 500 e o 600 Topolinos, o Renault Gordini e o Volvo Marreco, e o DS 21 todo dinâmico  e o NSU TT e, isto para já não falar no Isetta, esse que abria a porta pela frente. Lembram – se?  Tão engraçadinhos...
Enfim, automóveis que, desde miúdo, me habituei a ver com a curiosidade surpreendente da descoberta de uma linha, um estilo, um andamento, uma cor, um ruído, uma obra digna, original e merecedora de carinho, de um sorriso e hoje de alguma saudade porque estou indeciso entre um elétrico ou uma trottinette.
Pois é, não resisto até, de comparar esse encantamento à sucessão de, por exemplo, de miúdas, como, qualquer homem do meu século poderá faze – lo.  Relembrar-nos com quem demos uma voltinha e guardamos depois, num cantinho discreto da memória.
E agora pergunto: e elas não terão também saudades destes carros e de outros, até de motas lindas?
Só que, curiosamente, com todo o respeito; a única diferença que me parece entre elas e eles é que eles, os carros antigos que me viram nascer, também têm saudades minhas

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

A SORTE E A TRADIÇÃO



Desde que me lembro a entrada no novo ano era o momento mais empolgante para a minha família; eu nascia no dia 1 de Janeiro, uma irmã gémea, claro, e o meu filho mais velho. Era o momento de maior tradição e religiosidade. Havíamos que entrar no ano com o pé-direito no chão e o esquerdo no ar, (nada a ver com a política) e ingerir as 12 passas conforme as badaladas e a taça na mão, para brindar.
Sempre, sempre assim foi, mesmo a trabalhar em espectáculos, programas de TV, no mar ou em terra, rodeado de familiares e amigos.
Mas este ano pela primeira vez, cansado de barulhos, senhor de mim próprio, não saí de casa. Seria um Réveillon intimo, reflexivo e retemperador de uma vida agitada. O IPhone ficara no carro. 
Ainda faltava muito. Liguei a TV. E sem dar por isso, adormeci como uma criança sem fraldas nem compromissos, no meio do nada, nem do ninguém. Já voava no espaço quando fui abruptamente acordado pelos estrondos de foguetes sobre os pinheiros que os novos vizinhos chineses, americanos, brasileiros e alguns portugueses, porque ainda os há, a estoiravam nas copas. A Tv gritava -numa euforia, em off, viva o Ano Novo viva. Senti - me vazio e só. 
Mas, impulsionado pela tradição, corri à cozinha, tirei o espumante do congelador, que abri agitado, já gritavam 12, 11, agarrei numa mão cheia de passas e saquei a taça de cristal,  6, 5 e corri para a euforia. Tentei travar só com o direito, (sem política). Tropecei num sofá, esbardalhei - me espalhando espumante, 3, 2, De cócoras e de joelhos engoli, num segundo, as passas sobreviventes, o espumante bebi-o pelo gargalo enquanto a taça me olhava sobre a carpete. Devo ter dito um palavrão que nem eu próprio ouvi, pir causa dos foguetes que apontavam a casa e as arvores estarrecidas. 
Recordei meus Pais, as pessoas que amo e amei, creio que todas como num álbum super - sónico. Como as amei...
E agora o que é que vai acontecer? Pensei algo preocupado. Pelos vistos tenho que me portar melhor desta vez.
Aguardemos o próximo episódio, conclui, enchendo o peito e a coxear, porque só a vida é que sabe. E num instante voltou a calma. O céu lindo parecia sorrir. Eu também.
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