segunda-feira, 6 de maio de 2019

O MEU ALGORITMO



Espreitei para o quarto delas. A mais velha, deitada sobre a cama não despregava do IPad onde passava a “ A mafiosa” uma canção brasileira num destes ritmos modernos que até eu conheço só de ouvido e gestos de sinaleiro.
A outra, a Laurinha, de 6 anos deitava no berço uma das suas bonecas, a loirinha que ao que parece, estava com febre.
Entrei de mansinho. Sobre a mesinha de trabalho um caderno aberto com números em atropelo que a terão desafiado, mas ela desistira.
- Qual é o problema? Perguntei autoritário subindo os decibéis.
- Avô não tenho problema nenhum – respondeu com ar de quem pede desculpa e nervosa – Só no algoritmo. Ensinas – me?
Abri muito os olhos, enchi o peito. A forma tão em voga hoje, responsável pelo avanço científico, tecnológico universal que entra no automatismo, na robótica, nas comunicações, nos computadores, na medicina, na web – -O algoritmo que faz o mundo avançar? Olhei- a fixamente e – Já venho. - Desatei a correr e fui ao meu computador.
Algoritmos – É uma sequência feita de instruções bem definidas e não ambíguas para a resolução de um problema como: com a tua mão substituíres uma lâmpada defeituosa por uma nova. Li 5 vezes.
 Voltei à menina que já tratava de outra boneca-
 -Bem temos que estudar, mas...
-..mas avô eu só quero saber, saber o teu.
- O meu?
- Sim o teu al - go - rit - mo.
Tremi dos pés à cabeça e decidi – Eu sou? Eu tenho um? Tenho que ir já, já ao médico.


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