quarta-feira, 15 de junho de 2011

A RUI TAVARES DO BE

Caro senhor Rui Tavares
Os meus cumprimentos.
Sou leitor assíduo das suas crónicas.
Verifico que, toca, agora, numa questão fundamental para a sociedade portuguesa: a clarificação urgente e necessária dos significados de “direita” e “esquerda”.
À afirmação estratégica, vulgar e conveniente de que “já não se usa” há que retorquir “pois que se volte a usar”.
Fomos levados durante décadas de salazarismo, a um anti - comunismo, ou até anti – socialismo, primários, com o objectivo de nos serem vedados ideais que nos orientem para ideais humanistas e sociais, incómodos às elites dominantes.
Isto, ainda ocorre hoje com evidente eficácia. Com truques de dialéctica, de simulação, de prestidigitação, na Comunicação Social, de selecção, de uma forma sub-reptícia, mas perceptível, a quem ali trabalhou durante muito tempo, pois, a “esquerda “ tem de ser o lado mau, caricato, e anacrónico da democracia.
É a questão determinante entre nós. Jó assim se justifica que em vésperas de naufrágio, ainda se vota em quem o originou. Maneira aberrante de se assistir a um funeral. Para esta população, mais grave que isto, só um governo de esquerda. E não sabe porquê.

Há pessoas que votariam à esquerda, mas se lhe perguntarem porque não o fizeram, respondem simplesmente: “porque não”.
Esta ignorância atávica, semeada paulatinamente pelas nossas TVs, rádios e jornais, é o único garante da continuidade desta elite económica e política, detentora da palavra e do recado dos donos dos órgãos de comunicação e do seu séquito fiel que só assim subsiste.
Diz – me – à que há pluralismo nos média. Não há.
Repare; nas trinta e tantas páginas do jornal onde Rui Tavares publica, não mais que uma dá assomos de liberdade de expressão. Entre 20 ou 30 fazedores de opinião, só 1 ou 2 são de “esquerda”, perdido na amálgama de afirmações e insinuações que logo ali desmontam e montam a seu belo prazer.
A colocação de uma notícia no telejornal, os planos registados e os transmitidos, a apresentação e pós apresentação dessa notícia, a fotografia, a linguagem e a oportunidade, adulteram qualquer hipótese de comunicação honesta e pluralista.
É por aqui, que os partidos de esquerda, numa “campanha”, verdadeiramente nacional, como serviço publico, cruzada ou movimento de salvação, (porque não?), têm que começar.
Só assim lograremos uma população livre dos anti - corpos ardilosamente disseminados e cimentados no entender geral.

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