é um desabafo, uma dor de alma, um grito vertido assim, a medo, mas com uma vontade enorme de mudar o mundo, ou apenas mudar o autor.
quinta-feira, 23 de junho de 2011
Espero descansar um pouco. Recostar – me, dormir, beber um copo, ler , reorganizar ideias e voltar ao mar.
Acabei as filmagens do Ultimo a sair, este programa da RTP1. Foi uma experiência inesperada na minha vida, monótona e previsível.
Não que tivesse trabalhado demasiado, mas apenas porque fui apanhado por uma infecção respiratória que me ia matando. Só não morri porque não quis.
No hospital não me queriam deixar sair porque estava a ser difícil debelar a infecção que me poderia levar à pneumonia que se anunciava. Não podia emperrar o trabalho de dezenas de jovens com quem estava empenhado, numa tarefa que nos parece ter sido interessante e válida.
Confesso que foi com muito sacrifício que fiz estas deslocações quase que diárias a Alcochete onde gravávamos sob intenso calor e à noite, no final, no exterior, um frio cortante provocava o que menos queríamos. As imagens mostram bem no meu rosto, o esforço que fiz em certos momentos. Mas valeu o sacrifício.
Nunca imaginei fazer as figuras que fizemos: ser filmado a urinar para uma parede e a tecer laudas à minha prostata, entrevistar 3 contentores do lixo, presumíveis familiares da Gorda, fazer um Karaoki mais desafinado que um carro eléctrico a descer da Graça, ou acorrentar – me na RTP, até que me dêem um programa.
Eu que sempre me ri de mim, para mim próprio, passei a rir em público, sem medo que o meu perfil se deslustre, ou o bom nome caia na lama. A TV, tal como os outros meios que conheço, são uma fantochada que importa e urge desmistificar se queremos um publico esclarecido e lúcido. Trabalhar para estúpidos não engrandece quem trabalha.
O mal dos nossos fazedores de opinião, políticos, jornalistas e comentadores é imaginar que o povo é uma massa de gente atrasada e incapaz de distinguir ironia, non sense, de aceitar o desafio da imaginação ou do surreal. Em parte têm razão e disso se aproveitam, mas não podemos continuar a fazer de bobos para que o povo se sinta feliz e não raciocine.
Ouvi muita gente na rua a manifestar – se ofendida pelo programa, e muita também a dar – nos os parabéns pelo arrojo, pelo humor e pela forma como caricaturamos ou criticamos as figuras vip, e os modelos nacionais. Chamar a uns, estúpidos e a outros inteligentes é uma maneira simplista de resolver o nosso défice de comunicação responsável pelo atraso em que nos encontramos.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário