domingo, 21 de maio de 2017

A TRISTE DÚVIDA

Fim de tarde no Jardim do Arco do Cego.
A Casa da Moeda com a colaboração da Junta de Freguesia organizou a venda, apresentação  de livros e animação  infantil.
Muitos jovens da capa e batina por causa da Queima das Fitas e muitas imperiais de mão em mão por entre os universitários nos limites do razoável.
 No relvado, vários casais em claro namoro e um homem aí dos seus 40 anos, em calções debruçado sobre um corpo que cobria por completo. Deixava apenas visível uns longos cabelos pretos e uma pele morena. Parecia alheio ao resto do mundo do Arco do Cego.
Eu que gosto de conhecer os seres humanos como quem vai ao Jardim Zoológico aguardei como num desafio de futebol. Beijavam – se longa e ternamente com os corpos a entrelaçarem – se num ritual conhecido. Eu, já estava a desistir, quando de repente alguém acordou o microfone ligado a um amplificador da organização. O homem levantou bruscamente a cabeça. Era branco e com barbas.  Aguardei para ver a rapariga de cabelos longos e entrançados. Ergueu o meio corpo, compôs tranquilamente os cabelos desgrenhados e virou – se para o meu lado.  Abri os olhos quanto pude para ver o que via realmente, isto porque afinal a morena de cabelos longos era também barbuda. Era mesmo um bem constituído africano rasta de longas barbas, colares, afins e todo o resto que caracteriza um homem masculino.

Senti-me perdido como Ulisses e ali no Arco do Cego entreguei – me à triste duvida que me pungia.

quarta-feira, 17 de maio de 2017

PALAVROES


Avô porque é que há palavras que se chamam palavrões?
Olha, porque foram mal crias.
Então porque é que não foram bem criadas?
É aqui que eu esbarro ao tentar explicar a uma criança de 6 anos porque é que no mundo nem tudo foi criado da mesma forma.
Uns têm fome . Não é?
Sim e outros morrem por comer demais.
Mas aquele senhor que veio cá o Papa disse para fazermos caridade.
Pois mas devia era ter falado de jus - ti - ça.
Porquê?
Porque caridade é esmola e justiça é cada um ter o suficiente para viver sem ter que pedir esmola.
  Então porque é que ele não falou.?
Porque se houvesse justiça não eram precisas as religiões.
Tu ajoelhas -te?
 Não meu amor eu ando de cócoras.

De cócoras?
Sim mas só daqui a uns anos entenderas.

segunda-feira, 17 de abril de 2017

NEM PROFETA NEM ANJINHO










Quero felicitar os meus leitores apenas pelo facto extraordinário de vivermos paralelamente esta fase da vida da Humanidade.
Temos que nos olhar mutuamente,  frente a frente e quem sabe se não teremos, dentro em breve, que nos ajudar até talvez a suportar a mochila.
É que hoje neste início do século XXI estamos a ser rodeados pelos mais inesperados e impressionantes fenómenos sociais que em catadupa ilustram a nossa época. Uns que vêm à superfície e outros que tecnicamente se escondem do conhecimento das populações.
Chamo a atenção que ignoro se esses factos nos serão favoráveis ou até trágicos, individual ou colectivamente  mas sei que nos abrem as portas e os olhos para novas  paisagens, cenários inovadores e novos desafios da história.
Desde a subida das mais fenomenais figuras políticas depois de Hitler que são, entre outros em ascensão, os intrigantes Srs. Trump dos EU, Kim Yon da Coreia do Norte, Erdogan da Turquia,  obras concertadas da nova comunicação, imparável e inovadora e das inesperadas  formulas sócio políticas, até aos recentes ventos que abalam os relacionamentos internacionais por todo o mundo, até aos avanços impressionantes na tecnologia, na investigação científica particularmente no que se relaciona, por exemplo, com o conhecimento médico.
Diria que o que era para o ser humano um facto irrevogável deixou de o ser. Aquilo  que consideramos como emblema intocável a que chamamos Democracia já está a deixar de ser o que pensávamos; é Democracia mas em novos formatos adaptados à insaciável fome mercantilista do homem que passa da globalização para aquilo a que chamaremos “dominação”, como se o feudalismo ressuscitasse.  
O que mudava de 500 anos em 500 anos passou a 100, e agora é todos os dias que se nos deparam factos e conhecimentos que não nos permitem ficar alheios.
 À pressa estamos a renovar formulários, concepções que tidas como intocáveis, vacilam e caiem das estantes.
Estamos todos abismados com o que  ocorre; desde o pensador – filósofo ao físico de partículas, passando pelos opiniom makers , ou o simples jornalista. As horas próximas são exultantes, apaixonantes e até talvez assustadoras. Para muitos estão já a ser terríficas.
O homem não pode nem deve adormecer. Se não quiser passar a escravo declarado e assumido tem que se mobilizar para já intelectualmente para novos tempos novas vontades e caminhos jamais imaginados.
Estamos no primeiro século do terceiro milénio. Naufragamos no Mediterrâneo, escondemos – nos nas catacumbas ou passamos a primatas culturais e fieis espectadores?


-->

terça-feira, 4 de abril de 2017

A ESTUPIDEZ HUMANA


A estupidez humana vem à superfície como a porcaria num esgoto.
Qual o cidadão e de que país pode aceitar a evolução que a atualidade promete?
Ninguém esta tranquilo seja em que país for. Os políticos e os militares continuam a vomitar o palavreado que há milénios ouvimos, mas as soluções passam todas pela guerrilha e esta pelo terrorismo que prenuncia a guerra. Uma guerra onde os mais ricos países e os mais pobres se podem envolver, lado a lado ou frente a frente sem perspectivas de justiça e de paz.
Não é preciso ser pessimista ou vidente para admitir que uma 3ª guerra que pode ser mundial está aqui às portas.
Crescem, a capacidade de comunicação, a forma de criar o terror, que vai da explosão telecomandada, ao que se faz explodir ao envenenamento de águas para as populações, ao envenenamento bacteriológico e químico do ar, ao ódio pré – fabricado pelas religiões que se digladiam há milénios, sem caminharem para lado nenhum. Estão a crescer os números. Agora são às dezenas e centenas, não tardam os milhares e os milhões.
As possibilidades dos terroristas são incomensuráveis, mas os políticos continuam de olhos fechados com a cegueira da guerra que colateralmente lhes trará lucros como vimos em exemplos anteriores e os media vestem cada qual à sua maneira isto é à maneira e interesses de quem os alimenta.

-->
A globalização e a liberalização, sustentadas por pseudo democracias e populismos asfixiantes, abriram as portas, sem corrigirem os erros assassinos responsáveis pelas crises que se aproximam.