-Ainda aí estás ou fugiste? Disse eu,
para adiantar, meio divertido e outro meio preocupado –
-Estou sempre no mesmo sítio. Tu é que não.
O
meu umbigo tinha razão. Eu é que nem sempre me encontro por tão distraído andar
neste turbilhão de emoções, promessas, sonhos e decepções.
-Ao que vens? Lança ele desconfiado como
sentinela guardadora nem sei de quê.
-Já sabes que lamentavelmente te procuro ou
encontro por acaso quando preciso ou penso que preciso.
-Ainda bem. Então o que soubeste que tanto te
preocupa?
Senti
vergonha. Se pudesse ,como se fosse um menino tímido e complexado, teria
apagado o que disse. De qualquer modo pensei agita – lo ou sacudi – lo para ver
a sua reação. Abreviei – Olha , segundo
recentes estudos fidedignos.
Ouvi
um – Sim!!! Carregado de ironia, mas
continuei – Estudos dignos de confiança
dizem que 99% da população mundial é pobre e que 1%, só 1% detém toda a
riqueza.
- Sim?
-E que as 66 famílias mais ricas detêm mais
de metade dessa riqueza.
-E tu onde te situas.?
Fiquei
surpreendido com a pergunta, , diga – se de passagem, afinal lógica e até
oportuna.
Tentei
defender – me.- Eu? – Como se fosse o
culpado desta proporcionalidade.
- Sim tu. O que fizeste para mudar isto?
- Eu?
- Sim tu, ou não vives , não comes, não
falas , não gritas neste mundo que pisas?
Num
relâmpago senti que não existo. De nada sirvo. Pensei para mim baixinho – Se calhar nem existo mesmo. E
exclamei num desabafo talvez
aterrorizado : - ---Meu Deus.
-Teu Deus? Teu Deus’ – Pausa - E Deus, Deus existe?
Respirei
fundo até sentir os pulmões empurrarem o coração ou sei lá, o que tenho dentro.
Fico
sempre assim que falo com ele.
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