Perguntei ao meu umbigo – Como estás pá? – Eu falo assim com ele -
-
Estou bem, cá vou, um pouco em baixo mas vou indo. Não
notas?-
-
Há que tempo
que não te via.-
Eu noto mas finjo que não o vejo.
Não lhe ligo. Ainda não é obstáculo à paisagem nem às relações sociais. E ele
continuou – E o que me dizes do 2015 que
se foi?
-
Para mim tudo bem. As coisas parece estarem a mudar.
Agora são mais a discutir e já se sabe; da discussão nasce a luz.
-
A luz ? A luz para quem vê, agora eu que tenho uma
venda quase o tempo todo...
-
Engoli em seco,
ele tinha razão mas continuei a falar – lhe com o queixo encostado ao peito ao
mesmo tempo que suspirei. Ele deu logo conta disso encolhendo – se não sei se de
vergonha se de arrepio. – Mas não somos
só nós - adiantei consciente que não tinha dito nada. É sempre assim. Até
agora nunca fomos a lado nenhum. Ia a
virar – lhe as costa e atirei - lhe.
- Já reparaste que os ricos
estão cada vez mais ricos e cada vez há mais pobres?
- Sim e sabes porquê? Porquê?
Não lhe dei resposta. Apertei
o cinto até o sentir incomodado e desliguei a luz.
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