Quando
se atinge os 50 anos e se olha para trás sentimos – nos velhos e quando
chegamos aos 70 e olhamos para trás sentimos – nos novos.
A
primeira vez que senti que já não era novo, foi há dias. Eu conto:
Fui
a um supermercado onde comprei três garrafas de um vinho tinto que procurara
insistentemente.
Quando
segurando as ditas preciosidades junto ao peito
me dirigia para o carro deparou – se – me uma jovem senhora (particularmente
interessante) que também se dirigia para o seu veículo e abraçava dois pacotes
de leite, meia dúzia de yogurtes e um volume de papel higiénico. Ia à minha
frente em natural dificuldade nos seus saltos altos, até que estaca tentando
segurar tudo com uma mão pois com a outra procurava as chaves do carro.
Como
um verdadeiro cavalheiro, cerimonioso e atento aos encantos alheios parei a
olhá – la pronto a ajudar. Ela sorriu e mal alcança as chaves deixa tombar o papel
higiénico. Lesto dei dois passos, ajoelhei como um pajem polido e afável, para
o apanhar, coisa que fiz graciosamente,
mas quando agarrado às garrafas estava a
atingir o papel fui obrigado a colocar o joelho no chão. Então tentei erguer –
me mas com as mãos ocupadas reconheci
que tenho faltado ao ginásio e os rins precisam pelo menos de wb40. Gingo para
a direita, para esquerda, empertigo – me e as garrafas pareciam que tinham
molas; voaram e esbardalharam – se no solo vertendo o almejado néctar. Ela
pousou as compras e veio ajudar a levantar, lamentando não poder lavar – me as
calças mas oferecendo – me um rolo para
o usar de imediato.
Agarrado
a ela levantei –me e limpei – me. Apanhei os cacos e de rolo na mão respondi ao
seu aceno enquanto ela se afastava mostrando a sua mágoa.
Sem comentários:
Enviar um comentário