-Alô avô. Quero
perguntar – te : achas que já posso furar as orelhas?
-O quê? Furar
as orelhas?
-Sim, já fiz
7 anos. É para pôr uns brincos pequeninos.
A mim que até agora só tive filhos homens, de repente,
aparece-me uma menina com uma pergunta destas. Imaginei logo a minha querida neta
cheia de brincos e piercings nas orelhas, no nariz nas sobrancelhas, no umbigo,
nos calcanhares, com tatuagens nas mãos, nos braços, no pescoço, nas pernas e
no umbigo... Sustive a respiração e respondi – É preciso perguntar primeiro aos pais.
- Não. Eles
querem agora uma opinião tua. Foram eles que disseram.
De imediato reconheci que em matérias melindrosas
ninguém está apto a tomar iniciativas sem se debruçar conscientemente sobre a
matéria; perturbou – me como se fora um Presidente de um país cujo destino
estava nas suas mãos, um apresentador de telejornal a quem se encrava o
teleponto, a um padre aquém num dia santo faltam as hóstias, a um general que
em plena batalha perde o norte.
- Vou pensar no
assunto – Respondi à pequena que não desarma à primeira.
Levantei – me de madrugada e fui ao Google. Ensinava a
furar orelhas, a decora – las a desinflamar em caso de não sarar logo, etc.
Aguardei que fosse a hora e telefonei a um velho
amigo, culto, sábio e sensato que têm duas filhas já mulheres. Perguntei – lhe
e ele – Ora esta!!! Não sei se elas
alguma vez usaram brincos. Vou perguntar à mãe. Momentos depois – Estou , olhe , uma furou as orelhas e a
outra não.
Eu que saio à miúda não desisti – Bem, qual das duas é mais feliz?
- Vou
perguntar à mãe. Nova pausa- Olhe concluímos que são ambas felizes. Cada
uma à sua maneira.
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