quarta-feira, 20 de setembro de 2017

O MILAGRE DE OLHÃO


Era a despedida do Verão e um sol lindo, um mar doce, areias finas e turistas a evacuarem - se isto é, alguns a regressarem às suas terras e outros a ficarem nas casas vendidas à pressa por muitos algarvios. Mal pus o pé numa das ilhas paradisíacas da Ria Formosa uma picadela no braço esquerdo levou - me a uma dança moderna de contusão e dor. Pouco depois crescia um vermelhão e uma coceira intermináveis.
Um cidadão voluntário pôs - me uma pomada e a dor abrandou. O vermelho é que não. É perigoso dizia ele.
Regressei a terra. À noite voltou a doer e o inchaço pesava ao mesmo tempo que a mão respetiva entorpecia.
Mal clareou corri para o Centro de Saúde. Ninguém, exceto o pessoal, que me avisou  de que médico ali, só às 8 da noite e acenando com a cabeça, só daria 8 consultas... nem mais uma. Mandaram - me para outra cidade, Loulé.
Com o braço ao peito e palavrões na boca rumei a Loulé, passando por Faro. Mas alguém me lembrou que havia greve nos hospitais mas havia uma alternativa quase local- o hospital particular de Gambelas.
O GPS levou - sem sirene, em pouco tempo. Moderno e imponente, lindo e gentil, logo atendido. O médico, espanhol com olhar clinico, claro, breve e eficiente; toma esta caixa ( 150 comprimidos) de antibiótico,  esta de anti - histamínico e põe esta pomada. Franziu as sobrancelhas e "está bien?". Entregou - - me a receita. Curiosamente no ato, comecei a mexer a mão.
Pensei duas vezes antes de ir à farmácia e me aviar. Voltei ao Atlântico e com o braço de fora mergulhei. Os peixinhos olhavam-me admirados e as pessoas também.
 Sentei-me no bar, bebi um mujito bem gelado, com Rum de primeira. Coloquei os dois cotovelos na mesa onde segurava a cabeça e pensei, pensei como numa oração.
24 horas depois, sem qualquer dor, nem sacrifício, já posso com um justo sorriso, com a mão sofredora e o famoso dedo mal - criado fazer qualquer sinal de alívio ou agradecimento pelo milagre.


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quinta-feira, 20 de julho de 2017

UNS TÊM DIREITOS OUTROS ESMOLAS

Para indemnizarem, como numa esmola de 15 milhões,  as famílias vítimas de Pedrógão é necessária, a intervenção do publico e de privados com toda a burocracia fruto dos furtos habituais, mas quando um jogador de futebol qualquer, é  transferido por 50 milhões   ligeiros e limpinhos, é num ápice, um milagre.  Teremos de reconhecer que esta sociedade está doente e vai mal encaminhada.
Onde ficou a Santa Casa da Misericórdia com os seus milhões e os seus pecaminosos  jogos vícios só parecidos com os da droga ou do fumo?
Intolerável e imperdoável este exemplo, mas há milhares de  outros pelo País fora que passam à margem da lei e do conhecimento publico.
A população enferma de um estrabismo cultivado pelas classes políticas que adiam, protelam, escamoteiam esta indiferença nojenta,  reveladora de falta de consciência cívica e moral.
A dialética sobrepõe – se ao sentido e ao sentimento, à consciência e aos reais valores.
Meus senhores algo está mesmo mal.
Não sei se nos chegará um Presidente renascido das cinza, a brilhar de capacidades e vontades, um Governo atamancado por uma esquerda com o mérito de estar resolvida a resolver, uma Assembleia num campeonato de palavras cruzadas e intrigas novelescas, uma comunicação social ainda longe, a milhas da sua função prioritária.
Temos uma cultura coxa que resvala para o experimentalismo e o exibicionismo, quando o objecto e o objectivo são necessários e palpáveis.
Uma educação que privilegia o “melhor” entre aspas e não o mais válido, o mais honesto o mais participativo nos projetos e desafios colectivos e sociais.
As religiões vão do aguenta ou mata, num entorpecimento fatalista.
Os resultados hoje já são positivos? São apesar de uma oposição calcinada por séculos de mentiras e vícios, mas  mais grave ainda é os mundialmente venerados estandartes da UE, dos EU, da ONU, da NATO, do ISIS  das multinacionais dos multi - negócios terem  indiretamente de forma velada e capciosa  como denominador comum a veneração  pela moeda com que pesam os homens e os povos.

Assim os não ricos jamais terão direitos mas sim esmolas.

terça-feira, 20 de junho de 2017

AFINAL NÃO HÁ GUERRA




Apesar de tudo acreditamos que uma 3ª guerra mundial estará fora dos prognósticos, pelo menos tão cedo.
É que parece irracional a ideia de ver americanos e chineses e muito menos alemães entrarem pelo país a dentro aos tiros e a exigirem a nossa rendição.
Tiros já não se usam, foram substituídos por “ações”
financeiras e a verdade é que rendidos já nós estamos.
Se não veja – se; para que é que as guerras se fazem e para que? Para dominar o território a ocupar que deverá ter um valor geológico, comercial ou estratégico. Ora Portugal tem tudo isso, mas se repararmos, já está ocupado. Sim ocupa quem manda. Aqui a eletricidade é dos chineses, do Partido Comunista Chinês, e se eles se chateiam deixam – nos às escuras de um dia para o outro, os combustíveis de angolanos que nos poem a andar a pé logo que queiram, a nossa aviação comercial agora é de brasileiros enquanto os aeroportos são de franceses, a banca é toda dos espanhóis. Espanhóis, mexicanos e franceses detêm Metros, Carris e Transportes colectivos de Lisboa e Porto.
A onda de privatização de Hospitais abre portas aos chineses e muitos negócios paralelos multiplicam – se desde a discreta aldeia até ao Terreiro do Paço. E até as Comunicações, jornais, tvs e rádios são dominados por capitais, brasileiros, angolanos, espanhóis e franceses, que conforme os interesses e esquemas sinuosos formam deformam e transformam a comunicação e a informação  do cidadão português.
Quem diria que sem darmos por isso de repente acordávamos vendidos, vendidos, explorados e condenados por outros países, aquém devemos obediência. Sim, países porque os capitais com que nos compraram são acima de tudo de quem domina, dos exploradores que em muitos casos são ou têm apoios diretos dos respectivos estados, capitais que chegam a ser capitais oficiais, nacionais.
Isto nunca nos passou pela cabeça ao longo de 900 anos de história, mas hábil e sorrateiramente nos últimos 40 anos os negócios foram – se fazendo secre – tamentena maioria das vezes, enquanto nós, empobrecendo claramente.
O que há a fazer agora que fomos vendidos, ou melhor, comprados?
Pelo menos e para já agora, antes de ficarmos às escuras, abrir os olhos que é o que António Costa, iluminado, teve que fazer ao ter que ouvir o Bloco o PC..
Honra lhes seja feita a bem do futuro deste povo distraído e apesar de tudo, sempre em festa.
  


COM BRINCOS NÃO SE BRINCA





-Alô avô. Quero perguntar – te : achas que já posso furar as orelhas?
-O quê? Furar as orelhas?
-Sim, já fiz 7 anos. É para pôr uns brincos pequeninos.
A mim que até agora só tive filhos homens, de repente, aparece-me uma menina com uma pergunta destas. Imaginei logo a minha querida neta cheia de brincos e piercings nas orelhas, no nariz nas sobrancelhas, no umbigo, nos calcanhares, com tatuagens nas mãos, nos braços, no pescoço, nas pernas e no umbigo... Sustive a respiração e respondi – É preciso perguntar primeiro aos pais.
- Não. Eles querem agora uma opinião tua. Foram eles que disseram.
De imediato reconheci que em matérias melindrosas ninguém está apto a tomar iniciativas sem se debruçar conscientemente sobre a matéria; perturbou – me como se fora um Presidente de um país cujo destino estava nas suas mãos, um apresentador de telejornal a quem se encrava o teleponto, a um padre aquém num dia santo faltam as hóstias, a um general que em plena batalha perde o norte.
- Vou pensar no assunto – Respondi à pequena que não desarma à primeira.
Levantei – me de madrugada e fui ao Google. Ensinava a furar orelhas, a decora – las a desinflamar em caso de não sarar logo, etc.
Aguardei que fosse a hora e telefonei a um velho amigo, culto, sábio e sensato que têm duas filhas já mulheres. Perguntei – lhe e ele – Ora esta!!! Não sei se elas alguma vez usaram brincos. Vou perguntar à mãe. Momentos depois – Estou , olhe , uma furou as orelhas e a outra não.
Eu que saio à miúda não desisti – Bem, qual das duas é mais feliz?
- Vou perguntar à mãe. Nova pausa- Olhe concluímos que são ambas felizes. Cada uma à sua maneira.