domingo, 6 de julho de 2014

NO CHARCO

Regresso à Ria Formosa, à geometria de Olhão, à vida simples de simplesmente eu reduzido a batráquio, a apanhador de bivalves a leitor compulsivo a escrevedor frustrado (todo o escritor é frustrado porque se o não fosse não voltava a escrever, escrevia o que tinha a dizer e pronto, como afinal o leitor também o é; insaciável), a cliente da Padaria do Povo.
Mas daqui coloco os óculos sem graduação a não ser a minha e vejo o azul do céu e do mar e qual milagre, experimento uma visão mais clara da vida deste País que não sai do charco onde se meteu e a vergonha inunda – me como as marés mais cheias. Vejo – me nu, como sou, sem poses, nem rodriguinhos, nem salamaleques, num quadro de Davinci entre anjos e demónios.

Adormeço com medo de acordar.

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