Regresso à Ria Formosa, à geometria
de Olhão, à vida simples de simplesmente eu reduzido a batráquio, a apanhador
de bivalves a leitor compulsivo a escrevedor frustrado (todo o escritor é frustrado
porque se o não fosse não voltava a escrever, escrevia o que tinha a dizer e
pronto, como afinal o leitor também o é; insaciável), a cliente da Padaria do
Povo.
Mas daqui coloco os óculos sem
graduação a não ser a minha e vejo o azul do céu e do mar e qual milagre,
experimento uma visão mais clara da vida deste País que não sai do charco onde
se meteu e a vergonha inunda – me como as marés mais cheias. Vejo – me nu, como
sou, sem poses, nem rodriguinhos, nem salamaleques, num quadro de Davinci entre
anjos e demónios.
Adormeço com medo de acordar.
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