é um desabafo, uma dor de alma, um grito vertido assim, a medo, mas com uma vontade enorme de mudar o mundo, ou apenas mudar o autor.
sábado, 27 de abril de 2013
até quando?
quinta-feira, 25 de abril de 2013
post mortem
Afinal hoje é o meu nono dia, após ter ressuscitado.
Confesso que ainda sinto dificuldades no acertar ideias e aqui as debitar, São muitos os sedativos e tranquilizantes e dormir é o que mais me apetece.
Fui transferido para uma pequena enfermaria onde estou no meio de dois algarvios mais velhos que eu.
Quando lhes perguntei o que têm e eles entendem, dizem “tabaco”, depois, escarram ou iniciam a ladainha de tosses com catarros, raspadelas, repetições que ora parecem choros ou risos, motores incapazes de começarem a funcionar e outras modelações, numa aflitiva e macabra estereofonia que me entontece quase 24 hors por dia.
Esperava vir a ter tosse também, mas afinal parece que os náufragos contraem pneumonias porque transformam os pulmões em recipientes de água e merda. E a infecção não se fazia esperar. Já se assinalava quando me debitaram neste hospital.
Graças à pronta intervenção de todos, parece que passou ou está em vias disso, A esforços não se têm poupado diga – se em abono da verdade. Eu faço o que posso e que não é muito.
Ultrapassei as horas críticas dos pós – traumatizados, o que é outro bom sinal. O inchaço do crânio diminuiu e as dores também.O traumatismo occipital está agora num inchaço que tomou a cor escura e envolve o percoço.
Vou tentar vir aqui diariamente.
Nem sei bem para quê. Não foi para isto que fui salvo.
Entretanto quero agradecer aos amigos que me têm telefonado e a quem não atendi pelas razões expostas.
Espero que compreendam.
Mas, com lagrimas nos olhos vos digo que começo a sentir que talvez por eles, valerá a pena viver um pouco mais.
VIVO!!!!!!!!! (para que conste) 24 de Abril 2013
Não sei se ria se chore.
Hoje é o meu sexto dia de internamento no Hospital de Faro
onde dei entrada no dia 18 à tarde.
Estou no Serviço de Pneumologia, depois de ter caído
inconsciente, à agua, na Ria Formosa, de ter viajado no 115 a acelerar de Olhão
até aqui, de ter estado nas Urgências e nos Cuidados Especiais. Já me retiraram
alguns dos tubos que me têm ligado à vida. Ainda não estarei muito lúcido para
escrever, aliás, nunca estive… e quem é quem está verdadeiramente?
Um escorregadela, e o traumatismo craniano originaram a perda
de consciência, a queda ao mar, o ter - me transformado em quase cadáver,
porque ninguém viu a queda, nem o corpo que boiava a sorver o esgoto e aos
poucos escolhia o negro do fundo.
A sorte (?) é que alguém, “ boa fada” ouviu como que um
restolhar, o encher um garrafão, um bluereruer
estranho, que nem as tainhas, douradas ou polvos fazem por ali.
Até que o viu já
quando os pulmões estavam a transbordar de água, os olhos revirados e um
sorriso estúpido dava a entender que a morte está ali mesmo à esquina e à
espera. Com dificuldade, segundos antes de ser tarde, pescou o monstro marinho.
Monstro já sabia que era mas marinho passei a ser. Por isso
aqui estou com assinalável recuperação, um traumatismo occipital, uma
consequente pneumonia dupla e a ser invadido pela curiosidade de muita gente
que a sua boa fé, me quer salvar.
Não sei se fazem bem. Mas de qualquer modo e para já obrigado
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