Escancarei
as portas do frigorífico. Ia buscar o yogurte liquido com que faço o granizado para
eu e ela nos banqueteamos ao fim das tardes quentes deste verão. A meu lado, ela
acompanhava – me para ajudar e dar
sugestões como sempre.
À frente do nariz uma meia dúzia de garrafas iguais jaziam de abertura virada
para o interior. Apenas uma já estaria aberta, mas saber qual, era tarefa chata que se repetia sempre que
granizavamos. Retirei uma, depois outra e outra e outra até que enfim encontrei
a que já aberta pelas sessões anteriores eu procurava.
- Ufa!!! São todas iguais . Nunca sei qual a
que está de serviço.
A
pequenita nos seus 6 anos olhava - me com ar crítico. Nem é preciso falar quando nos sentimos ofendidos.
No
meu olhar de resposta viu uma certa contrariedade não apenas pelo embaraço da
escolha mas também pelo ar zombeteiro da recém nascida.
Com um sorriso malandro
- Oh vô é tão fácil não te enganares. Faz
assim.
E
pegou na garrafa que eu extraíra e deitou – a no mesmo local, mas ao contrário,
isto é, com gargalo para fora.
Nem
voltei a olhar para ela. Fixado sobre as garrafas que deviam estar a divertir -
se comigo, interroguei – me sobre o que eu fiz de todo o tempo da vida que até hoje já
desperdicei.
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