Tive a honra, melhor o privilégio
porque apenas como jornalista estive no Carmo naquele dia, há 40 anos, em que
quando já não esperava, me nasceu na alma o sonho de ver Portugal ser outro,
mais livre, justo e feliz.
E digo apenas jornalista porque esforço
– me por dissociar a qualidade de jornalista da de cidadão, de militar ou
militante envolvido, politico ou simplesmente um curioso como era a maioria.
Mesmo assim a formalidade jornalística sucumbiu à avalanche de emoções.
Ao lado de Salgueiro Maia senti no
rosto os primeiros ventos de liberdade.
E confesso que essa emoção empurrou –
me dia a dia, até aqui. Mostrou – me que haverá sempre um caminho, por onde o
homem ou um povo que tropecem, poderão avançar. Ninguém os poderá parar.
Estamos longe. Fomos ludibriados.
Mudaram os sinais e os sentidos. Forças, interesses estranhos às ambições
justas de um país, foram subvertidas, manipuladas e agora estranguladas.
Tenho consciência absoluta do que se
fez, sei quem o fez e porque fez este desvio. Também sei que não tenho qualquer
hipótese de o dizer alto e a bom som.
Peço aos Deuses que me dêem
oportunidade de pelo menos um dia sentir de que, por todos aprendemos com os
nossos erros, nos tornamos senhores dos nossos destinos e então, poderemos avançar
de cabeça erguida no rumo, há 40 anos, prometido.
É tempo de consciência e de mudança.
Ela virá dentro em breve. Resta saber
como virá.
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